quarta-feira, 12 de julho de 2006

Neste dia, em . . .

1942 – Belenenses vence a Taça de Portugal pela primeira vez

Desde 1933, quando tinha sido Campeão de Portugal pela terceira vez e se elevara à posição do mais poderoso e mais bem sucedido clube de futebol do nosso país, que o Belenenses buscava voltar a ganhar uma grande competição. Foram nove anos em que vários grandes jogadores acabaram a sua carreira, enquanto emergia uma nova vaga de talentos; nove anos de grandes investimentos nas Salésias; nove anos em que, por várias vezes, os títulos se nos escaparam por uma unha negra.

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Foi assim no Campeonato de Portugal de 1935/36, que perdemos na final; foi assim no Campeonato Nacional de 1936/37, em que fomos Vice-Campeões, a um escasso ponto do primeiro; foi assim nas Taças de Portugal de 1939/40 e 1940/41, em que estivemos presentes nas finais mas não vencemos; foi assim, ainda (hoje pode parecer pouco relevante mas, na altura, era uma competição de primeiríssima importância), no Campeonato de Lisboa de 1938/39, em que fomos Vice-Campeões, a um ponto do Sporting, com que, aliás, nem sequer perdemos (3-2 nas Salésias e 2-2 no Lumiar).

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Adivinhava-se, pois, um novo troféu. E, enfim, o Belenenses conquistou-o nesta Taça de Portugal de 1942. Constituiria, aliás, o primeiro de uma série importante entre 1942 e 1946.

O percurso para a final começou de forma brilhante: o Belenenses venceu o F.C. Porto por 5-1. De resto, nessa época, os portistas passaram muito mal connosco: para o Campeonato também perderam, por 7-3 nas Salésias e por 3-2 na Constituição. Ou seja, 15-6, em três jogos e três vitórias do Belenenses. De resto, no Campeonato Nacional, em que foi terceiro classificado, o Belenenses não poupou os seus maiores rivais: Nas Salésias ganhou 4-0 ao Benfica e 3-1 ao Sporting e, fora, ainda venceu o Sporting por 4-1.

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Nos Quartos de Final, empatámos 1-1 com o Olhanense. Houve, assim, necessidade de um jogo de desempate, que o Belenenses ganhou por 3-0.

Depois, nas meias-finais, vencemos os Unidos de Lisboa. por 5-0. Pode parecer um adversário fácil mas a verdade é que tinha sido sétimo classificado no Campeonato da Primeira Divisão. Enquanto isso, clubes como o Boavista ou o Braga andavam nas divisões secundárias.

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O nosso adversário, na final, seria o Vitória de Guimarães que, no jogo anterior, superara o Sporting.

No livro "Vinte Anos de Football em Torneios da Federaçăo 1922-1941", de Ricardo Ornelas – que nos foi facultado pelo excelente amigo Álvaro Antunes – fazia-se a antevisão do jogo.

Reproduzem-se em imagem as considerações tecidas em duas páginas. Nelas, destaca-se a maneira como o Belenenses era referido – “baluarte do football português” – e o facto de se considerar conjuntamente a Taça de Portugal e o anterior Campeonato de Portugal, sendo apenas questão de mudança de nome.

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De resto, os primeiros troféus da Taça de Portugal, incluindo este de 1942, têm a inscrição de “Campeonato de Portugal”. Independentemente da nossa opinião, já antes manifestada de que até 1933/34, inclusive, os vencedores do Campeonato de Portugal deveriam ser adicionados aos vencedores do Campeonato Nacional – pois aquelas competições eram a forma de apurar o melhor do nosso país -, o facto é que isto confirma que é uma completa indecência ignorar-se nas contagens os Campeonatos de Portugal.

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O Belenenses apresentou-se no Lumiar com uma massiva falange de apoio que, no final, celebraria entusiasticamente o triunfo, e com o seguinte Onze:
Salvador; Simões e Feliciano; Amaro, Gomes e Serafim; Quaresma, Elói, Gilberto, José Pedro e Franklin.

Dominando o jogo, e com golos de Artur Quaresma e Gilberto, o Belenenses ganhou por 2-0 e conquistou o troféu.

Assim, ao fim de quatro edições da Taça de Portugal, Académica, Belenenses, Benfica e Sporting repartiam entre si os troféus. O F.C.Porto só em 1956 conquistaria a sua primeira vitória. Entretanto, no que toca a presenças na Final, o Belenenses levava a palma, com três, seguido do Benfica com duas, e de Sporting, Vitória de Guimarães e Académica com uma.

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Note-se que o nosso treinador era Rodolfo Faroleiro. Juntava assim esta Taça de Portugal aos títulos que, como jogador, tinha conquistado ao serviço do Belenenses: três Campeonatos de Portugal e quatro Campeonatos de Lisboa. É mais um nome a letras de ouro na história do Belenenses.

O Presidente da Direcção, como podemos ver na imagem do Jornal «Os Sports» de 15 de Julho de 1942, era Salvador do Carmo.