sexta-feira, 28 de julho de 2006

Neste dia, em . . .

1923 – Nasce Marcelino Marques (antigo Presidente)

Joaquim Dias Marcelino Marques, Coronel, foi Presidente do Belenenses no biénio de 1975 e 1976, sucedendo a Baptista da Silva. Foi um período de grande mudança no País, iniciada com a Revolução de 25 de Abril de 1974. Inevitavelmente essas mudanças reflectiram-se também no Belenenses.


Photobucket - Video and Image Hosting

Marcelino Marques esteve ligado ao próprio Movimento das Forças Armadas, albergando, em sua casa, reuniões do próprio movimento, mais especificamente da sua Comissão Coordenadora, meses antes da revolução sair à rua. Anteriormente, estivera ligado ao movimento das Caldas e sofrera represálias por isso. Em 1975 foi Administrador do Diário de Notícias e comandou a Escola Prática de Administração Militar. Ao referir estes factos não se procura tomar partido nas questões sociais e política da época, apenas situar a figura de Marcelino Marques nesse contexto da sociedade portuguesa e do Belenenses em particular. Serve também o objectivo de demonstrar que no Belenenses coexistem e devem coexistir pessoas, associados e adeptos de todos os quadrantes políticos e credos religiosos. O Artigo Nº2 dos Estatutos do Clube de Futebol «Os Belenenses» assim o determina, da mesma forma que veda, em nome do Clube, manifestações da mesma natureza. É e sempre foi, um Clube Democrático. Pelo menos no que respeita à letra dos seus Estatutos.

Como referimos, o mandato de Marcelino Marques coincidiu com um período bastante agitado no País. Ficaram bem vincadas (e sempre disso fez questão Marcelino Marques) a sua oposição à dependência do Clube de «mecenas». Defendia a auto-sustentabilidade do Clube e a dependência, sim, de todos os sócios. Que estes, no seu todo, deviam ser responsáveis e com eles devia o Clube poder contar nos seus momentos difíceis. Sábias palavras – acrescente-se – e perfeitamente actuais.

Em entrevista concedida ao jornal «Mundo Desportivo» em 21 de Março de 1975, afirmava:
... Ora, uma das formas do Belenenses ser democrata, quanto a mim, é ser de toda a gente. Portanto, o Belenenses não pode daqui para o futuro apoiar-se no Sr. A ou no Sr. B; tem antes que se apoiar em todos os seus sócios e simpatizantes. Quando tal acontecer, o Clube está efectivamente na via da democracia e de certeza que então irá conhecer muito melhores tempos pois as pessoas sentem muito mais as obrigações dos seus dirigentes e estão até muito mais atentos à fórmula como esses dirigentes estragam, ou utilizam os dinheiros que toda a gente dá.”. Era bom que assim fosse. Um desígnio por realizar, ainda hoje, mais de 30 anos depois.

Apenas seis anos após a Junta Directiva que recuperou o Clube no período de 1967 a 1969 em termos financeiros e associativos (de 7.932 para 16.919 sócios) o Clube caíra de novo para cerca de 12.000 sócios e acumulava um prejuízo próximo dos 30.000 contos. Esta direcção foi impotente para deter o acumular de prejuízos e, apesar de uma melhoria no segundo ano de mandato, o passivo cifrava-se em cerca de 38.000 contos. Como referência tenha-se que no final de 1970 o mesmo passivo se cifrava nos 7.200 contos.

No campo desportivo estes foram os acontecimentos mais relevantes ocorridos na Presidência de Marcelino Marques:

1975
Vencedor da Taça Intertoto (Série IX), em Futebol. Semifinalista da Taça de Portugal, em Futebol. Vice-Campeão de Lisboa de Juvenis, em Futebol. Vice-Campeão de Lisboa de Iniciados, em Lisboa. Vitória no Torneio de Santander (adversários: Honved e Racing de Santander). Campeão Nacional de Ténis, por Equipas. Campeão de Lisboa de Andebol Feminino. Campeão Nacional de Juvenis, em Râguebi. Campeão de Lisboa de Juniores, em Ténis de Mesa. João Sequeira presente no Campeonatos Mundial de Xadrez, em Juniores. Início das Obras do Pavilhão Gimnodesportivo (actualmente, Pavilhão Acácio Rosa).

1976
Terceiro lugar no Campeonato Nacional de Futebol. Invicto nos jogos em Casa do Campeonato Nacional de Futebol. Segundo lugar na Série da Taça Internacional (Intertoto) de Futebol. Campeão Nacional de Andebol. Vencedor da Taça de Portugal em Andebol Feminino. Estreia na Taça das Taças, em Andebol Feminino (primeiro Clube português em competições europeias femininas). Vencedor da Taça de Portugal, em Râguebi. Campeão de Lisboa de Juniores, em Basquetebol. Campeão Nacional de Iniciados de Atletismo, em Equipas Masculinas.



1951 – Belenenses ganha Campeonato Nacional de Atletismo, em Equipas Femininas, pela quinta vez (e quarta consecutiva)

Pois é. Nestes tempos, a que hoje nos referimos, o Belenenses tinha uma pista de Atletismo. Na verdade, a actual, no Restelo, é melhor. Sem ironias. Mas, infelizmente, não temos atletas de nível para a trilhar (em treinos, porque quanto a competições, pura e simplesmente não funciona). Não há ninguém ao nível do que, naquele tempo, representavam Joaquim Branco e Rui Ramos, Georgete Duarte e Francelina Moita.

Em termos colectivos, o Belenenses deu cartas no Sector Feminino nas décadas de 40 e 50. Como já referimos, entre 1944 e 1958, o Belenenses foi 10 vezes Campeão Nacional e 13 vezes Campeão de Lisboa.

Sempre liderada por Georgete Duarte, a nossa Equipa Sénior Feminina conquistava, nesta data, o seu quinto Campeonato Nacional e quarto consecutivo. Os outros Campeonatos foram conquistados em 1944, 1948, 1949, 1950, 1952 (ou seja, sexto título consecutivo), 1955, 1956, 1957 e 1958.

Neste mesmo ano, o Belenenses foi também Campeão de Lisboa em Equipas Femininas.
E além disso, foi Campeão Nacional de Juniores de Atletismo, em Equipas Masculinas; Campeão de Lisboa de Corta Mato, em Equipas Seniores Masculinos; Campeão de Portugal de Corta Mato, em Equipas Seniores Masculinos; Campeão de Portugal de Corta Mato, em Equipas Seniores Femininas; Campeão de Portugal de Corta Mato, em Equipas Juniores Masculinos. Na mesma altura, Joaquim Branco detinha oito Recordes Nacionais.



1966 – José Pereira presente na vitória sobre a URSS no jogo de apuramento do terceiro classificado do Campeonato do Mundo

Nesta data, ao vencer por 2-1 a União Soviética, Portugal assegurou aquela que continua a ser a sua melhor classificação de sempre no Campeonato do Mundo de Futebol: o terceiro lugar.

Vicente continuava lesionado, não podendo, pois, dar o seu contributo à equipa, como nos quatro primeiros jogos.

Em contrapartida, José Pereira manteve a titularidade.

Portugal adiantou-se no marcador aos 13 minutos, sofreu o empate a um minuto do intervalo e concretizou o 2-1 final aos 88 minutos.

Os jogadores do Belenenses, José Pereira (cinco encontros no total de seis) e Vicente (quatro jogos), deram assim um contributo assinalável para a bela campanha dos “Magriços” (ver quadro publicado no jornal “Record” de 11 de Julho de 2006).

Note-se que o treinador era Otto Glória, que, ao serviço do Belenenses, ganhou a Taça de Portugal e a Taça de Honra de 1960 (ele que era o treinador do Benfica no, para nós, trágico Campeonato de 1954/55; também treinou o Sporting e, finalmente, o F.C.Porto); que o Coordenador-Geral das Selecções era um ilustre belenenses, José Gomes da Silva; e que, como médico e massagista, lá estavam o Dr. Silva Rocha e João Silva.


Photobucket - Video and Image Hosting