sexta-feira, 9 de setembro de 2005

ORGULHOSAMENTE ... NÓS

(previne-se o leitor de que o texto que se segue é um texto faccioso)

Tem isto a ver com o recorrente tema das “alianças” e “proximidades” entre o nosso Clube e as duas conhecidas colectividades primodivisionárias da cidade de Lisboa, mais uma vez trazido à baila pela noticiada iniciativa de um nosso ex-presidente para um “almoço”.

Convém esclarecer alguns pontos prévios.

As pessoas, incluindo os nossos sócios, são livres de almoçar com quem quiserem.

Sou uma pessoa educada. Bom proveito.


Por outro lado, em bom rigor, trata-se de uma questão imensamente LATERAL aos interesses do nosso clube.

Eu nem devia falar dela.

Só falo, porque estas coisas são prejudiciais exactamente pela mensagem de lateralidade que passam para a nossa massa adepta, mais uma causa da sua deserção, da sua desmotivação, da sua incompreensão por um clube que enveredou por coisas que não lhe dizem nada.

Estranho clube este, cujos dirigentes só gostam de “lateralizar”, só gostam de aparecer “ao lado” dos outros em alianças difusas e insípidas recreações de aberrantes BSB’s e não “à frente” das coisas concretas do seu clube. Para estas já não têm perfil mediático, quem sabe se por o quererem poupar, precisamente para as primeiras.

Por outro lado, caso venha a haver uma candidatura do nosso consócio Sequeira Nunes à presidência da Liga, essa é uma candidatura do próprio. Não é uma candidatura do Clube.

Vou-me dispensar de explicar porque é que o Clube não ganha nada, mas nada de nada, ou pelo menos, nada que lhe interesse, com essa candidatura.

Grande parte da nossa queda reside na desfocagem de perfil de alguns dos nossos dirigentes mais recentes.

O Belém é um clube de futebol e não uma agência de mediadores de conflitos ou um serviço de acompanhantes ou de cicerones.

O Belém nasceu para ser “ponta de lança” (“todo ele é ponta de lança” - oiça-se na letra do hino “Das Salésias ao Restelo”) e não para ser árbitro, bandeirinha ou o "quarto"... mas árbitro.

Devemos ser um clube respeitado e bem relacionado. Somos gente educada e vamos continuar a sê-lo. Mas não podemos andar obcecados com o culto de uma imagem sonsa e cortês.

Na parte que toca às duas referidas colectividades, o modelo de relação a seguir deve ser exactamente igual ao das outras, isto é, GANHAR-LHES!!.

Somos pastéis, não somos semi-lagartos, nem semi-lampiões, nem tão pouco semi-andrades.

À hora dos “derbies da nação”, nós vamos ao cinema.

Todas as nossas costelas são azuis.

Somos azuis por dentro e por fora, sem riscas e sem animais ao peito.

Se o Belém for um barril de cerveja, os seus adeptos deverão ser uma imperial.

Infelizmente, décadas de confusão em cabeças que deviam andar limpas, levaram ao surgimento entre nós de uma série de “panachês”.

O Restelo paga o preço inerente.

Por isso, o nosso clube precisa imenso de renovar a sua fé.

Precisa de se agarrar ao que resta dela.

Não somos extremistas, nem eremitas.

Vivemos numa sociedade futebolística, convivemos nela, não somos seres aberrantes, nem extra-terrestres.

Por isso, aceitamos que o “orgulhosamente sós” pode ter muitas conotações negativas e ser mal interpretado.

Mas, sem quaisquer concessões, dúvidas ou hesitações, sem sequer pensar muito e seguindo o mais natural dos nossos instintos, devemos andar sempre, mas sempre,
“ORGULHOSAMENTE, NÓS”!
É isso que nos tem faltado!