quarta-feira, 7 de setembro de 2005

As "vendas antecipadas"

A notícia que abaixo se reproduz vem publicada no Record online.

A temática e o estilo não são novos. Desde há muito que somos objecto deste tipo de notícias vagas, não concretizadas, não suportadas por declarações dos nossos dirigentes.

Tal como já escrevi anteriormente, a nossa SAD devia falar. O universo de pastéis que lê jornais não lê os desmentidos da nossa SAD. Limita-se a olhar para a sucessão de notícias deste género e, se bem que não veja a sua concretização, também não as vê serem repudiadas. Se são boatos com intuitos contrários aos interesses do clube, a verdade é que passam impunes. Alguém na SAD saberá porquê.

E isso faz com que a interrogação sobre a sua veracidade persista, mesmo conhecendo os antecedentes.
Assim, com as reservas inerentes ao facto de isto poder ser um dos habituais “nadas” jornalísticos, mais que não seja para memória futura, gostaria de tecer alguns comentários.

Começando pelo fim – o assunto Amaral – é caso para dizer que a pachorra já escasseia.
É tempo de dizer BASTA!
Há várias coisas aviltantes nesta forma de noticiar, a começar pela lógica de que os lagartos têm uma espécie de poder de nos “requisitar” jogadores e nós o “dever” de aceder à venda, a acabar na afirmação humilhante do “pelo menos!!!…. até Dezembro”. Coisa nojenta!
Estas coisas diminuem a moral do clube. Contribuem para o subalternizar à condição de “entreposto” de jogadores, de “trampolim” para “saltos”.
A SAD não se manifesta.
Se estamos na luta pela construção de uma equipa sólida, com personalidade e com mística, é preciso repudiar “à nascença” este tipo de afirmações, única forma de “blindar” a consistência psicológica da equipa e de elevar a moral do clube, nisso incluindo jogadores e adeptos.

Quanto à “venda percentual de passes”, a notícia é, nalguns pontos, relativamente esclarecedora quanto ao real efeito deste tipo de “negócios”.
Trata-se, tão somente, de “antecipar receitas”.
Logicamente, quem disponibiliza as receitas antecipadas faz disso negócio e, como tal, faz-se pagar. E faz-se pagar muito bem. Inerentemente, quem a eles recorre, perde. E não perde pouco. Infelizmente, este não é um negócio que gere riqueza para ambas as partes. Ao clube, só gera liquidez. E essa liquidez paga-se com juros mais à frente no tempo.
Como no meta-insolvente mercado Luso se usa e abusa deste tipo de negócios, mormente os 3 “únicos”, para quem o ilusionismo financeiro é uma necessidade premente e permanente, a pasquinagem e os entendidos de finanças futebolísticas cá do burgo trabalharam arduamente na construção de uma imagem "suavizada" destas coisas, disfarçando o que têm de ruinoso com recurso a pomposas metáforas como “gestão moderna”, “racionalização de activos” e outras balelas e tangas do género.
Ora, na realidade, estes negócios estão desenhados para, e são feitos por, quem está “à rasca”.
Clubes “à rasca” são os alvos ideais para vender , mas por menos, parte, ou a totalidade, daquilo que têm.
No final, perdem imenso com isso.
Perdem porque as “avaliações” com base nas quais se fixam os montantes dos “encaixes” antecipados são feitas, logicamente, por baixo, única forma de garantir as margens aos fundos de investimento.
Perdem, também, porque a entrada neste tipo de negócios é acompanhada da entrega aos fundos de investimento de uma série de prorrogativas sobre o futuro do jogador, passando o clube a poder ser pressionado, chateado, enredado, para vender, mesmo contra sua vontade, os jogadores objecto destes negócios.
Os FIs e congéneres têm que rentabilizar os seus investimentos. É para isso que existem.
Só que, no mais das vezes, a sua forma de rentabilizar não é, ao contrário do que parece, compatível com as estratégias desportivas e financeiras dos clubes.
No fundo, os clubes que recorrem a este tipo de “encaixes” perdem a mais privilegiada de todas as posições de “vendedor” – a de poder vender como, quando, a quem e por quanto se quiser!

Fonte: Record online (edição desta 2ª feira)

VENDA PERCENTUAL DE ALGUNS PASSES
SAD azul pondera encaixe financeiro
A SAD do Belenenses, à semelhança de outras como as do FC Porto, Sporting e Boavista, poderá vender, em breve, parte de alguns passes dos jogadores, por forma a encaixar alguns milhões de euros. Esta hipótese está a ser estudada pelos responsáveis da SAD azul, que em breve farão uma consulta de mercado, por forma a saberem quais os fundos de investimento que poderão valorizar mais os passes que serão colocados “à venda”. Refira-se que esta é, por um lado, uma forma de a SAD poder antecipar receitas – no último exercício a SAD deu cerca de 500 mil euros de prejuízo – sem delapidar património, pois continuará a deter a maioria no passe dos jogadores. Desconhecem-se ainda os nomes dos futebolistas que poderão ser envolvidos nesta operação, mas é certo que serão jogadores jovens (Rolando e Ruben Amorim), com margem de progressão e vínculo de longo prazo ao clube. Venda de jogadores
Outra forma de a SAD poder gerar receitas extraordinárias seria optar pela venda de um jogador. Horas antes do fecho do mercado, o nome de Amaral chegou a ser equacionado pelo Sporting, caso os leões vendessem Rogério. No entanto, a SAD de Alvalade não avançou com nenhuma proposta e o brasileiro, cuja cláusula de rescisão está fixada em dois milhões de euros, continua, pelo menos até Dezembro, em Belém.
Autor: CARLA PEREIRA Data: Segunda-Feira, 5 de Setembro de 2005 01:12:00