quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Belém, Editora ...

Os actuais Corpos Sociais do Clube de Futebol “Os Belenenses” estão em funções (ainda que não na sua totalidade) desde Maio passado, pelo que, sem terem necessariamente de cair em desgraça, e antes que tal venha a acontecer, é muito boa altura para saírem do estado de graça.

Quer esta expressão significar que, a par do cumprimento de promessas eleitorais, assunto que virá aqui a ser tratado em próximas intervenções, é mais do que tempo de todos nós belenenses, órgãos sociais incluídos, começarmos a fazer algo de concreto na vigência deste mandato.

Um dos assuntos que tem sido mais discutido nos meios afectos ao Clube da Cruz de Cristo, e infelizmente muito descurado no mandato anterior, é a imagem do Clube. A palavra “imagem” encerra uma diversidade de facetas, das quais quero hoje destacar a imagem gráfica, em particular a imagem escrita. Neste aspecto, como em muitos outros, nada melhor que ser o Clube a gerir a sua própria imagem e, tratando-se de imagem escrita, a solução poderá ser a criação de uma Editora própria do Clube.

Não tenho conhecimento da existência de editoras próprias em outros clubes pelo que, se de facto tal corresponder à verdade, será uma iniciativa pioneira que, também por essa razão, ajudará a promover a imagem do CFB. Seja como for, pioneira ou não, a criação de uma editora do Belenenses poderá ser de vital importância para o futuro do Clube.

Quando falo de uma Editora, estou a referir-me não a uma empresa gráfica (que poderá ser uma entidade externa à qual se contrate uma prestação de serviços em condições vantajosas), mas a uma verdadeira Editora que decida, gira e coordene tudo o que o Clube, em matéria escrita, produza quer para uso interno, quer, sobretudo, para divulgação externa.

E o que é que a Editora poderá produzir ? Em minha opinião, tudo. Tudo o que se relacione com escrita e imagem gráfica. Não pretendo, nem posso, de forma alguma, ser exaustivo. O corpo editorial saberá, melhor que ninguém, programar as suas actividades. Qualquer um de nós poderá, contudo, sem precisar de recorrer a uma imaginação prodigiosa, avançar exemplos, como aliás tem sido já feito por alguns belenenses em intervenções em vários contextos. Pode referir-se a edição de relatórios internos, de folhetos de divulgação das actividades do Clube, de informação sobre as modalidades desportivas, de apresentação do Clube no país e no estrangeiro. A Editora deverá ser também a responsável, de uma forma personalizada, de “produtos” que já existem no Clube e que são mantidos pela carolice, esforço e dedicação, muitas vezes incógnitos, de sócios que dedicam muito do seu tempo e paixão a essas tarefas, como é o caso da Agenda e do Jornal do Belenenses. Há ainda a possibilidade de edição de livros, escritos por sócios ou adeptos, sobre temas relevantes para o Clube. Surgiu há tempos uma ideia de ser editado um livro infantil, que desse a conhecer às crianças a história e a grandeza do CFB. A própria blogosfera tem produzido textos de qualidade que, agrupados em temas e devidamente revistos e actualizados, poderiam ser alvo de iniciativa editorial. Enfim, apenas alguns exemplos de actividades, entre as muitas que a Editora poderá levar a cabo.

Pois é, mas são precisos meios. É claro que sim. Para se executar esta tarefa, como qualquer outra, são precisos meios. Mas nesta área, como em várias outras, felizmente, o CFB dispõe desses meios, pelo menos dos humanos. Há, no nosso Clube, sócios de inquestionável dedicação, com larga experiência profissional na área editorial e profundo conhecimento do meio que, estou certo, aceitarão meter ombros a esta tarefa. Assim o Clube saiba não desperdiçar o seu contributo.

E custos? Claro que também os há. Não sou economista nem gestor, humilde soldado das ciências exactas, pelo que não serei a pessoa ideal para falar sobre o assunto, muitos menos na tão apregoada “auto-sustentabilidade” que agora parece ser questão incontornável em qualquer coisa que custe dinheiro. Contudo, parece-me que alguns custos poderão pagar-se a si próprios, como o facto de ser o próprio Clube a editar produtos que, de qualquer modo lhe custariam dinheiro, como os folhetos informativos, ou ainda suportes financeiros de publicidade a incluir em alguns artigos. Há a considerar também os lucros de venda (que tal abrir uma pequena secção de livraria na Loja Azul?) de livros e outras obras editadas pelo Clube.

No entanto, a meu ver, o retorno não é só o imediato. Talvez mesmo o mais importante, para que não tem vistas curtas, seja o que vem a médio e longo prazo, o que resulta de um investimento sério no futuro. Como quantificar em dinheiro o resultado que um bom livro para crianças possa ter em termos de futuros sócios e adeptos do Clube? Quanto poderemos ganhar com uma ideia, que já ouvi a outros sócios, que é um verdadeiro “Jornal do Belenenses” de qualidade, disponível nas bancas, nos quiosques, à esquina de cada rua?

Ficam as perguntas. As respostas, o futuro as dará. O futuro existirá sempre; pode é não ser aquele que nós desejamos. E se não prepararmos hoje o futuro que queremos, então ele não existirá de certeza. Vale a pena pensar nisto, não acham?
Saudações azuis.