terça-feira, 11 de outubro de 2005

Um Programa e uma Carta

Em fins de Janeiro e princípio de Fevereiro deste ano, antes do último eleitoral do nosso clube, e culminando uma longa digressão (cerca de 200 páginas e 400 mil caracteres) pelo passado e presente do clube, apresentei um conjunto de propostas para o Futuro do clube nos próximos anos. Farei oportunamente algo de semelhante para o Futuro a médio-longo prazo.
Aquilo que fiz, no texto “Olhando o Futuro”, é um programa de acção integral. É aquilo que, infelizmente, nunca vi ninguém apresentar em eleições no Belenenses (se alguém contestar esta afirmação, mostre documentos para fundamentar a sua posição). Realmente, nunca vi apresentar-se um programa eleitoral e um projecto, tal como os concebo. Um programa e um projecto não é um conjunto de intenções nem um auto-elogio (“somos competentes, determinados, ambiciosos, responsáveis, etc....”); é, sim, a definição e a explicação clara dos objectivos a atingir com a indicação do como e quando lá chegar. Repito: isso nunca foi feito, nomeadamente em eleições; e é isso que tentei fazer.
Certamente, passados 8 ou 9 meses, algumas coisas alteraria ou acrescentaria. Como alguém disse, só os burros não mudam... (mas até esses mudam!). Outras coisas, a esta distâncias, poderão parecer desnecessárias; mas, na altura, não eram. Dou como exemplo o recurso a empréstimos a jogadores de outros clubes portugueses. Hoje, toda a gente é contra, toda a gente se felicita pela saída de Lourenço e Rodolfo Lima, toda a gente considera os empréstimos uma infecção ou um mal cancerígeno; porém, durante meses, o cenário foi bem diferente. Em plena euforia, dizia-se que eles iam aumentar as nossas assistências; que eram a dupla maravilha; que estava a SAD de parabéns, etc, etc; e eu, quase sozinho na minha tese, fui acusado de demagogo, megalómano, maníaco, autista, partidário do orgulhosamente sós, paranóico, demente, incendiário – não estou a inventar um único termo - e outras coisas piores. É muito difícil ter razão antes de tempo...
Também haverá uma ou outra coisa que, entretanto, já foi implementada. Tanto melhor; mas aos que disserem que se trata de ideias banais, lembro a velha história do ovo de Colombo.
Desde já declaro que, por me recusar mexer na lama onde várias pessoas gostam de discutir, não responderei a críticas, quer as ache fundadas e interessantes, quer as ache sintomáticas de incompreensão do quero dizer, quer as ache banais ou até provocatórias. Espero, no entanto, uma atitude predominante de não comentário: os que me acusam de só saber falar do passado, remeteram-se ao silêncio sempre que apresentei e fundamentei propostas para o futuro. Esse seu silêncio é um direito incontestável; mas gostava que também apresentassem uma proposta completa. Espero o silêncio com forma de provocação; mas sei que em muitos, que também se recusam a comentar porque não estão para ser depois enxovalhados e ver tudo banalizado, estas propostas encontram eco. A propósito, reproduzo parte de um dos vários e-mails de solidariedade que temos recebido:

"Muitas vezes interroguei-me onde iria o amigo encontrar forças para durante tanto tempo, aguentar tanta palermice, tanta banalidade... A sua
persistência só foi possível pela grande paixão que tem pelo Belenenses.
Pelo velho Belenenses, não por aquilo que a pouco e pouco se vai
transformando o Clube que um dia Artur José Pereira e outros amantes de
Belém e do Futebol criaram para se bater de igual para igual com Benfica e
Sporting. (...) conseguem verbalizar aquilo muitos de nós
temos dentro do peito a sufocar-nos e não conseguimos deitar cá para fora.
Espero um dia poder olhar para o passado glorioso do nosso querido
Belenenses, sem que me escorram lágrimas de tristeza ao constatar o estado a
que ele chegou. Mas cada vez acredito menos que esse dia alguma vez chegue".


Aproveito para agradecer publicamente as palavras muito amáveis e elogiosas que alguns dos actuais dirigentes na altura me dirigiram.
Não ignoro que a leitura do texto será algo aborrecida para alguns, por se tratar de um texto muito longo. Esses, poderão sempre ler apenas a Carta Aberta ao Engº Cabral Ferreira, cujop link se encontra mais para o final do artigo de hoje. Nela, de uma forma mais sucinta e literariamente cuidada, expressei, alguns meses depois, uma síntese das mesmas ideias fundamentais.
Também aí, alteraria hoje algumas coisas; no entanto, apresento o texto tal e qual o escrevi então.

Olhando o Futuro

Concluída a longa digressão (muito mais longa do que inicialmente imagináramos...) pelo passado do Belenenses, vamos agora olhar para o futuro. Fá-lo-emos sob a forma do arrolamento de algumas ideias que consideramos fundamentais relativamente a toda a actividade e maneira de estar do clube.
Estas “propostas” têm naturalmente em conta o estado actual do Belenenses, que, em traços muito largos, podemos caracterizar do seguinte modo:
· Razoável saúde em termos financeiros.
· Bom património em termos de instalações, apesar da relativa antiguidade do nosso belo estádio e da quase sobreocupação do Pavilhão.
· Boa presença em várias modalidades extra-futebol mas sem concentração numa vitória que traga projecção. Sem desprimor, por exemplo, para o Campeonato Nacional de Râguebi do ano passado ou para feitos notáveis, até em termos internacionais, no Triatlo, a última conquista a ter alguma verdadeira repercussão foi a do Campeonato Nacional de Andebol, já lá vão 11 anos.
· Objectivos e prestações medíocres ou, no máximo, sofríveis, no Futebol.
· Acentuado adormecimento da Alma do clube e projecção cada vez mais diminuta, embora mantendo o estatuto de clube “simpático”.
Assim, os nosso objectivos passam por:

“RESPEITAR O PASSADO, CONSTRUIR O FUTURO”
“RESSURGIR”
“POR UM BELENENSES FORTE, ALEGRE E POPULAR”

Para tanto, entendemos que, entre outras, é preciso fazer as seguintes opções:
· Aumentar a duração dos mandatos da Direcção para 3 anos, de molde a que haja o tempo necessário para implementar uma política consistente. Por outro lado, a fim de se prepararem atempadamente as novas épocas desportivas, os mandatos devem terminar a 15 de Abril, e as eleições devem ser realizadas, no máximo, até 15 de Março.
· Diminuir o número de Vice Presidentes, com vista a aumentar a sua responsabilização e prestígio, bem como a garantir uma política coerente para o clube. Assim, propõe-se a existência de 6 Vice Presidências: Administrativa; Financeira; Património; Comercial; Imagem e Projecção; Desportiva (modalidades extra-futebol).
· A até agora inexistente Vice Presidência de Imagem e Projecção visa colmatar uma lacuna: a de uma política coerente e sistemática que permita transmitir uma imagem correcta, forte, respeitada e apelativa do clube, tanto directamente para as pessoas em geral, como para a comunicação social, e que permita torná-lo mais popular, atraindo novos adeptos. Cabe-lhe estudar a imagem que o clube deve projectar de si, e factores de diferenciação e identidade clubísticas que se tornem chamativos. Consideramos isto fundamental: um clube só capta e fideliza adeptos se tiver algo de estimulante que o caracterize e diferencie. Sem essa clara definição, dificilmente andaremos para a frente.
Esta Vice Presidência deverá englobar seis Departamentos:
1. O de Comunicação Social, que estudará e executará as melhores formas de lidar com jornais, rádio e televisão, de molde a facultar (e até, eventualmente, a criar) factos que sejam objecto de cobertura noticiosa (fonte de projecção do clube) e a disponibilizar a informação correcta e verdadeira, e que responderá e esclarecerá todas as deturpações, inverdades, desrespeitos ou omissões que os media tenham para com o Belenenses. (Exemplo: quando Jacinto João morreu, um jornal desportivo afirmou que ele e Matateu foram os únicos jogadores que não pertenceram aos “grandes”. Face a isso, dever-se-ia escrever ao jornal em causa, manifestando o respeito pela morte de Jacinto João e pelo grande jogador que foi mas lembrar que o Belenenses é um grande, facto historicamente não discutido durante décadas; que, nesse sentido, os grandes jogadores que o representaram pertenceram a um clube “grande”; que se lamenta que, aceitando o critério do jornal, se tenham esquecido jogadores como Pepe, Augusto Silva, Amaro, Vicente e as Torres de Belém, todos jogadores de enorme classe e popularidade).
2. O de Juventude, que estudará e executará políticas de captação de jovens, criando-lhe um ambiente atraente, acolhedor e fomentador de entusiasmo, e assegurará o relacionamento com as claques, apoiando-as, contribuindo para o seu crescimento, e para uma actuação forte e dinâmica mas balizada dentro de limites de civismo e correcção.
3. O de Expansão, que estudará e executará políticas que atraiam novos adeptos e entusiasmem os já existentes a acompanhar mais habitual e intensamente o clube, revitalizando a mística belenense, nomeadamente através de anúncios (na comunicação social ou em cartazes publicitários), de correspondência, de visitas - sobretudo de escolas mas também de outras instituições - às instalações do clube (estádio, piscinas, pavilhão, sala de troféus) e de iniciativas em que fique patente a grandeza apelativa do clube.
4. O Audiovisual, que coordenará a edição do jornal do clube, e facilitará a criação e a divulgação de livros, filmes ou discos em que a história e a alma do Belenenses estejam presentes. O jornal deve ser melhorado, tanto na apresentação quanto no conteúdo, não se limitando a entrevistas e notícias frias e dispersas: precisa de adquirir mais coerência como um todo e de transmitir alma e calor. Isso não depende dos redactores, que têm desempenhado bem a sua função, mas, sim, de quem dirige o jornal. Deve-se, por outro lado, criar condições para que ele esteja à venda nas bancas.
5. O de História e Arquivo, que assegurará a recolha, conservação e perpetuação de todos os factos relativos à vida do Belenenses, divulgando-os e apresentando-os de formas apelativas aos sócios, aos adeptos, à comunicação social e à população em geral.
6. O da Relação com os Sócios, que procurará incentivar, dinamizar e aproveitar a sua participação no clube e manter uma informação regular e atempada.

Esta Vice-Presidência deverá ainda incutir nos jogadores e treinadores que nos representem a forma como se pretende que falem do clube; fazer-lhes compreender que é ofensivo para o Belenenses estarem a falar nos assim chamados “três grandes” (visto que nós queremos retomar a tradição de ser um clube grande) e no desejo de chegar a um deles (embora sendo livres de tomar as opções que entenderem para a sua carreira; mas podem só declarar que têm ambição, e que essa ambição não tem limites). Mais ainda: no início de cada época, sobretudo para os recém-contratados, deve-se resumir o peso da história do Belenenses (por exemplo, mostrando e sublinhando o resumo do extraordinário palmarés que está no início da Agenda) e o significado de envergar aquela camisola, que é gloriosa e que foi honrada com sangue, suor e lágrimas.
· A também até agora inexistente Vice Presidência Desportiva coordenará e acompanhará todas as modalidades extra-futebolísticas, definindo e hierarquizando prioridades face aos meios existentes, de molde a potenciar as possibilidades de sucesso nas áreas que mais possam contribuir para o prestígio e popularidade do clube, nomeadamente:
1. Conquista de competições europeias (v.g., Hóquei em Patins) ou, pelo menos, participações com verdadeiro impacto.
2. Conquista de títulos nacionais que tenham maior repercussão pública.
3. Participação de atletas nossos em Campeonatos Mundiais e Europeus e, sobretudo, em Jogos Olímpicos, em condições que lhes permitam obter posições de destaque.

Para a prossecução destes fins, deve pedir aos responsáveis de todas as modalidades as pretensões e objectivos para a nova época, e reunir regularmente com eles para aferir do cumprimento (ou não) dos seus objectivos, das suas necessidades e das causas de eventuais insucessos. Nenhuma modalidade poderá “estar à solta”. Note-se que esta Vice-Presidência não visa substituir-se ao trabalho dos directores e seccionistas de cada modalidade mas, sim, coordenar a sua acção e torná-la coerente com os objectivos definidos pelo clube como um todo.
·
· Reactivar o Hóquei em Patins. Nela deve haver a aposta suficiente para podermos conquistar uma Taça europeia, só por isso se justificando a sua reactivação. (Em alternativa ao Hóquei em Patins, estudar a hipótese de criação de uma poderosa Equipa de Corta Mato, para o mesmo fim). A conquista de uma Taça Europeia deve ser um objectivo estratégico do clube. Repare-se que, no caso do Hóquei em Patins, isso só implicaria um investimento muito relevante na 3ª época, quando chegássemos à 1ª divisão; e de grande monta na época seguinte, para garantir a aludida conquista de uma Taça Europeia. Nestas 2 épocas, teria, evidentemente, que se reduzir o investimento em alguma ou algumas das outras modalidades de pavilhão e alta competição: Andebol, Basquetebol e Futsal. Atingido o objectivo pretendido, essas 4 modalidades voltariam a estar em igualdade de circunstâncias em termos de se escolher a(s) que justificaria(m), doravante, uma maior aposta. Esta, deverá ter em conta que um título (da Divisão principal, claro), tem maior repercussão do que três 4ºs lugares.
A aposta no Hóquei em Patins para conquistar uma prova europeia assenta no facto de ser uma modalidade de grande implantação em Portugal e em que aquele objectivo, por isso mesmo, se afigura, muito mais fácil de alcançar.
A elevada taxa de ocupação do Pavilhão, se necessário for, ultrapassar-se-à através do recurso a outro espaços, alugados, para treinos – não forçosamente do Hóquei em Patins mas, sim, da modalidade e/ou escalão em que provocar menos contratempos. Em termos de jogos, o nosso Pavilhão ainda permite mais utilizações.
· Explorar a já aventada hipótese de regresso à actividade do Ciclismo. MAS somente se, em especial na Volta a Portugal, for possível obter resultados que não transmitam do clube uma imagem de debilidade (o que depende das parcerias que se conseguirem obter). É preciso verificar compatibilidade deste regresso com o objectivo estabelecido no ítem anterior.
· Rever e suprir faltas no elenco de sócios de mérito.
· Realizar campanhas de recuperação de antigos sócios, podendo incluir a redução drástica do quantitativo de quotas a pagar e, se possível, a manutenção do número de sócio. Devem idealmente ser feitas quando o Belenenses estiver “em alta” e com um texto expressivo e “inspirador”.
· Elaborar um questionário junto dos sócios por forma a conhecer melhor os gostos e motivações de cada um e o que os aproxima e afasta do clube, e adequar a oferta de produtos e serviços conforme a procura.
· Redefinir o conceito de sócio, assegurando-lhe maiores vantagens e premiando positivamente os mais assíduos e participativos. Tentar fazer uma elencagem de profissionais que sejam sócios do clube e que, a troco do aumento de clientela, propiciem descontos aos restantes associados.
· Incluir no jornal do Belenenses, em todos os números, um destacável com uma proposta de sócio que pode ser enviada para os competentes serviços do clube. A proposta deve ser o mais simples possível, só com os elementos identificativos absolutamente indispensáveis. Nos cafés das zonas onde o Belenenses tem mais implantação – Belém, Ajuda, Alcântara, Algés - deveria haver exemplares do jornal do clube, oferecidos.
· Dar prioridade máxima às acções tendentes ao aumento das assistências no Estádio do Restelo. Todas as medidas possíveis devem ser tomadas nesse sentido, incluindo:
1. Política de preços coerente e consentânea com o poder de compra dos portugueses e tendo sempre presente o princípio de que é melhor obter a mesma receita com mais espectadores e bilhetes mais baratos do que o contrário. Diferenciar os preços das bancadas superior e inferior do lado Nascente (antigas Central e Lateral), e tentar que os sectores mais perto do relvado estejam mais compostos (transmitem mais calor; e aparecem em fotografias de jornais e imagens de TV. Público atrai público, desertificação atrai desertificação...).
2. Publicar alguns anúncios na Comunicação social.
3. Oferecer aos espectadores adereços que dêem alegria e colorido ao espectáculo: bandeiras, cachecóis. Instruir speaker para criar um ambiente coerente com as tradições do Belenenses (o grito é “Belém! Belém! Belém!” e não “Beléeeeeeem”).
4. Acabar com a necessidade de adquirir bilhetes de quota suplementar, aumentando, em contrapartida, as quotas em cerca de 5%.
5.Oferecer 2 convites por época para jogos de futebol a praticantes de todas as modalidades do clube; oferecer, a quem comprove a assistência a 80% dos jogos de cada Campeonato, em alternativa, a gravação em vídeo de 2 jogos ou um semestre de quotas pagas a novo sócio que se proponha (e que não tenha deixado de ser sócio nos 5 anos precedentes), assim premiando positivamente quem assiste aos jogos, incentivando a equipa com a sua presença.
· Recuperar a gestão da Loja Azul para o clube e promover a sua ampliação, dinamização e publicitação. Averiguar a possibilidade de abertura de espaços na Superior e na Central.
· Aumentar o número de bares disponíveis em dias de jogos de Futebol nas bancadas dos sócios. Os actuais são manifestamente insufuicientes.
· Reforço sustentado da equipa de futebol, mantendo a espinha dorsal ano após ano, colmatando as posições mais carenciadas e, por fim, procurando jogadores que possam transmitir um “toque de qualidade extra”. Por norma, não mudar mais do que 3 / 4, no máximo 5 jogadores por ano, visto que as equipas verdadeiramente competitivas se edificam com coerência e de forma continuada.
· Nas actuais circunstâncias, dar prioridade a treinadores estrangeiros, se possível contratados ainda antes do fim da época anterior (para melhor ficarem a conhecer as características do futebol português), que não venham com os “tiques” de subserviência e menoridade face a SLB, FCP e SCP.
· Pôr fim à política de recorrer a jogadores emprestados por outros clubes portugueses, nomeadamente por Benfica, Porto e Sporting, desde logo por negar a identidade do Belenenses. Em contrapartida, estabelecer protocolos com clubes estrangeiros, designadamente espanhóis e brasileiros. Se não for possível restabelecer imediatamente parcerias com clubes com a dimensão, por exemplo, de um Real Madrid (como existiu no passado), fazê-lo, para já, com outros de média dimensão.
· Apresentação dos objectivos, nos próximos anos, da seguinte forma: “Reconhecemos que há clubes com meios muito superiores aos nossos mas não renunciamos à partida a nenhuma vitória nem à conquista de nenhum troféu. Vamos sempre lutar pelos melhores resultados possíveis, com realismo mas também com ambição e garra. O Belenenses deve olhar para cima. É um dos 5 clubes que já foram Campeões Nacionais. É o 4º clube com melhor palmarés nas competições nacionais. A posição que mais vezes obtivemos foi o 3º lugar. O que se tem passado nos últimos anos deve-se a uma anomalia conjectural, que vamos deixar para trás, voltando aos lugares tradicionais do Belenenses. Aos nossos representantes exigir-se-á uma atitude maximamente profissional e competitiva, justamente porque terão todo o apoio e todas as condições, e porque os belenenses, desse modo, lhes prestarão o calor da sua presença e do seu incentivo”.
Participação na Taça Intertoto na próxima época.
· Criação, e verdadeira dinamização, de um Gabinete de Prospecção, não só a nível dos escalões secundários nacionais, mas também a nível internacional, nos mercados que tenham jogadores ao alcance da capacidade financeira do Belenenses e/ou em que sócios ou antigos praticantes do Belenenses (Salustiniano Lopes, Di Pace, Gonzalez, Mladenov...), directa ou indirectamente, se possam mover: Brasil, Argentina, Paraguai, Bulgária, Angola, Moçambique... Esse Gabinete deverá ser coordenado pelo Director-Técnico e dirigido por um profissional do Clube a 100%. Deve ser dada particular atenção aos jogos de selecções de sub-21 de países em que jogadores possam ser contratados a preços acessíveis.
· Orientar e programar as contratações de modo a que o Belenenses volte a estar representado na Selecção Nacional de Futebol (implicando o ponderar das posições em que tal possa mais facilmente acontecer. Por exemplo, se, na Selecção, um dos postos de defesa lateral não estiver mais ou menos cativo, tentar contratar jogadores, para essa posição, com potencial para serem convocados para representarem a equipa nacional).
· A ser necessário vender jogadores, evitar fazê-lo para clubes portugueses, tentando, sim, transferi-los para clubes estrangeiros, inclusive diligenciando activamente para os tornar conhecidos.
· O Director-Geral deve ser uma pessoa que esteja completamente dentros dos meandros do futebol, com bastante garra e competência e que idealmente seja belenense. O Presidente da SAD deve constituir o garante do seguimento, pela SAD, dos valores, ideais e da estratégia definida pela direcção do Clube – e deve estar sempre presente com uma atitude de exigência e de evocação da identidade e dos objectivos do clube.
· Utilizar “Velhas Glórias” (Vicente, Artur Quaresma, Alfredo Quaresma, Filgueira, Tuck, futuramente Marco Aurélio) como motivo de mobilização e transmissão da mística azul, fazendo parte das equipas técnicas do futebol jovem ou somente em acções de formação e ensinamento da história azul e do seu passado no clube. Aproveitar bem a figura de Vicente como representante de excelência e de glória no Belenenses.
· Fazer um anúncio muito amplo e sedutor de torneios de captação para o futebol jovem, 3 vezes ao ano (Fevereiro, Maio, Julho).
· Incentivar as modalidades a terem um site próprio, como já acontece com o Basquetebol.
· Equidistância face aos outros clubes grandes e política sagaz de consonância com clubes de dimensão média (v.g.. V.Guimarães, Sp. Braga, V. Setúbal...) contra os privilégios de que alguns clubes beneficiam. Estudar a viabilidade de colaborar no surgimento de um jornal que capitalizasse a não atenção dada pelos outros jornais desportivos a todos os clubes menos 3 e às modalidades extra-futebol. Estabelecer parcerias com rádios.
· Comemorar condignamente o ano de 2006, em que passam 85 anos do 1º jogo internacional do Belenenses; 80 anos da conquista do 1º Campeonato de Lisboa; 80 anos da obtenção dos terrenos das Salésias; 75 anos da morte de Pepe; 60 anos da conquista do Campeonato Nacional; 55 anos do ingresso de Matateu no Belenenses; 50 anos da inauguração do Restelo; 45 anos da estreia nas competições europeias; 40 anos do fim da actividade futebolística de Vicente, entre várias outras efemérides, com:
1. Homenagem aos Campeões sobrevivos de 1946.
2. Publicação de livro sobre o Campeonato de 1946.
3. Publicação de livro “Das Salésias ao Restelo”, com a história dos parques desportivos do Belenenses.
4. Realização de jogo com equipa de prestígio: idealmente o Real Madrid ou o Barcelona, em alternativa o Sevilha, nosso 1º adversário em jogos internacionais, em que haja
Uma ampla divulgação de forma a garantir uma grande assistência para um programa em que, antes do jogo, haveria a projecção de filme (a realizar) sobre o passado o presente e o futuro do Belenenses, feito de modo impressivo, tocante e que, ao interagir com o público, permita a criação de um ambiente de grande entusiasmo. O filme seria posteriomente vendido em DVD e VHS.
· Adquirir terrenos em locais com preços acessíveis (e não, portanto, no Restelo) onde se possam construir projectos imobiliários que sejam geradores de receitas complementares às do Bingo e ás do projecto imobiliário do Restelo.
· Abertura de espaços para lojas na Bancada Nascente, de cujo arrendamento resultem receitas para o clube.
· Colocação no Estádio do Restelo de algo (iluminação projectada com o símbolo do clube) que o permita ser visto de longe e ser uma referência “azul” para a zona da grande Lisboa.
· Tentar, no possível, dotar as instalações do Restelo de elementos e características presentes nos novos estádios.
· Diligenciar para que os empregados do clube estejam imbuídos do necessário e correcto espírito e o transmitam dignamente em todos os contactos públicos.


CARTA ABERTA AO ENGº CABRAL FERREIRA
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