quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Original... É Ser do Belenenses!

Como pode o Belenenses captar novos adeptos, particularmente entre a juventude, sem ser por transmissão familiar?

Esta é uma questão essencial. Como soluções, esqueçamos, por absurdas, as ideias dos imigrantes de Leste ou dos que praticam Basquetebol ou Atletismo no clube e, sendo do Benfica ou do Sporting, acabam por se tornar do Belenenses.

Por essa via, não captaremos, na melhor das hipóteses, mais do que uma dúzia de adeptos.

Como já disse, mas julgo que sem ter sido entendido, é necessário criar uma imagem claramente distintiva e identificadora do clube, que naturalmente atrairá quem se afiniza com ela. A despreocupação com a definição desse carácter identificador, é uma falha de décadas, com as consequências tremendas que estão à vista.

Particularmente para a juventude, entendo que deve ser posta a tónica na originalidade, na diferença na ousadia.

Deve explicar-se e projectar isto com toda a força: é original ser do Benfica? Não, absolutamente nada. Quase metade da população é. Ser do Benfica é ir atrás do rebanho, algo muito pouco original para um jovem. E do Sporting? Na verdade, também não prima pela originalidade: primeiro porque em grande medida é a outra face do nacional-benfiquismo, depois porque 20% (ou mais) dos portugueses e 30% (ou mais) dos lisboetas são dos “verde-brancos”.

E ser do Porto? Escolha muito pouco original, ainda que normal, para quem vive no Porto. Escolha banal para quem, vivendo noutras zonas, se fez portista porque, nas últimas décadas é o que mais tem ganho! Onde está a originalidade, a rebeldia, o inconformismo dos seus jovens seguidores por essa razão?

Também é compreensível que quem nasceu ou vive em Guimarães ou Setúbal seja dos vitórias locais, o mesmo acontecendo com o Braga, o União de Leiria, o Penafiel e por aí fora. Mas não tem nada de original. Como se sabe, parte desses adeptos têm outros clubes como seu primeiro clube (em Guimarães, é pouco assim, registe-se, a título de elogio).

Ser do Belenenses é original, porque não significa nenhum destes seguidismos. Significa ser de um clube que é uma longa resistência contra muitas condições adversas. Significa ser de um clube que não se conformou (hoje conforma-se infelizmente; mas esta nova estratégia tem que ir colada a um novo inconformismo) em ficar na sombra. Significa ser de um clube que, com muitos menos meios, apoios e favores, teve a coragem e o valor de se impor. Significa ser de um clube que é diferente das naturais e pouco originais escolhas lisboetas – Benfica e Sporting – ou nacionais – os dois referidos mais o F.C.Porto -, e que, ao mesmo tempo, sem apitos dourados, nem gigantescos apoios governamentais e autárquicos, conseguiu ter expressão nacional e ser grande: o único que o fez além dos três referidos.. Significa ser de um clube que tem a beleza de lutar contra a adversidade e a injustiça para recuperar a grandeza perdida (ou antes, que terá a beleza de voltar a lutar).

“Ser do Benfica, do Sporting, do Porto? É pá, não leve a mal mas isso é muito pouco original! Não me diga que não tem a coragem de ser diferente?! Ai tem? Então, venha para o Belenenses!”.

É isto que era preciso fazer, dizer e propalar, desde logo na comunicação social!