quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Antevisão: Desportivo das Aves - BELENENSES

Esperamos que haja “Taça”

”Taça é Taça”.
Uma expressão que se vulgarizou é a de “tomba-gigantes”, epíteto atribuido a todos aqueles que militando em escalões que não o principal, eliminam da competição outros com capacidades superiores e favoritismo no campo teórico. Mas a qualidade não se mede apenas pelo escalão em que uma equipa milita, especialmente nas linhas marginais.

A Taça é uma competição potencialmente niveladora de orçamentos e de expectativas. Tudo se joga em 90 ou 120, ou mesmo em 120 + “pontapés da marca de Grande Penalidade” (vulgo Penalties).
Tudo fica decidido no dia em que se disputa o único jogo.
Por isso mesmo, fazer prognósticos nesta competição é irreal. Podemo-nos valer de estatísticas de diferenciais de potencial económico (na maioria das vezes apenas de capacidade de endividamento ou de subsidiação pelo município local), mas todo se resume a um jogo.

Por isso, felizmente para nós que é Taça. Porque estando invertida a pirâmide de valores em empenho, há sempre a hipótese de que a equipa mais fraca saia vencedora, neste caso temo que seja a nossa. Penso que dificilmente alguém terá dúvidas que a “equipa” actual do Belenenses tem sido mais fraca que alguma que milite nos lugares de topo da II Liga ou Liga de Honra. Exagero? Catastrofismo? Não creio.
Ponhamos a mão na consciência.

Assim, o que podemos esperar deste jogo? É fácil encontrar factores contra. Jogar fora, num terreno de mais reduzidas dimensões, com uma equipa “da terra”, comportando uma lotação declarada de 12.500 pessoas.
No campo das desculpas oficiais e costumeiras, o terreno pode estar inclinado a nosso desfavor, o vento também (não inclinado, a soprar). O adversário pode correr mais que nós. Vamos agarrar-nos a que “minutos que fizemos muito bons” desta vez? E todo o resto de um rol que de tão costumeiro já não apanha quase ninguém desprevenido.

A nosso favor, joga apenas a certeza que esta não é (este ano) para nós uma competição menor e que nela devemos investir em esforço e vontade de vencer. Ou deveriamos. Pelo menos uma vez.
Ao contrário, por exemplo, do que sucedeu o ano passado em que falhamos a passagem às meias-finais, temos a obrigação de jogar para vencer.
Senhores profissionais do Belenenses, lembram-se do que isso é?
Vençam mesmo que convencer fique para depois. Talvez seja esta a última e remota hipótese de almejar um lugar europeu.

Quem é que eu estou a querer enganar? Falemos a vossa língua: ataquem a hipótese de darem o “salto”, em Dezembro ou no final da época, de irem para um dos “3 Únicos”! Façam qualquer coisa. Qualquer coisa para o que vos pagam. Bem e a horas, coisa rara. Nada a que dêem valor. Estranho mundo novo este em que a vontade é inversamente proporcional à qualidade do empregador no seu predicado raro de bom pagador!
Ou será que já está tudo acordado com “esses” e a vossa atitude é fundada na mais profunda indiferença pelos fiéis 600 (nos quais me incluo) que estiveram na passada 6ª Feira no Restelo frente ao Rio Ave?
Não me refiro a todos os profissionais do Belenenses. Obviamente que não! Porque vi alguns, profissionais, a correr e a honrar a camisola. Não tantos como gostaria ou que me deixasse descansado. Esses que não se incluem, certamente não levarão a mal a generalização e aceitarão a crítica enquanto membros de uma equipa. Não? Paciência. Isto chegou a um ponto em que me estou bem nas tintas.

Apesar de toda a justificada descrença o meu desejo é imutável. Quero muito que no final deste jogo, dê lá por onde der, nos fiquem a faltar 4 vitórias para estar no Jamor e 5 para festejar de novo a conquista da Taça. E que eu esteja redondamente enganado. Pelo menos durante estes 90 minutos que o esteja. 90 de cada vez.

Porquê? Porque tenho a esperança que quando for finalmente reposta a escala de valores, assente em competência, presença assídua e capacidade de trabalho no nosso futebol, ainda sobre algo onde nos possamos agarrar para salvar uma época ou o próprio futebol do Clube.

Pelo sim pelo não... acendemos já umas velas.

Haja coração.
Haja Belém!