É fácil fazer a estatística dos encontros entre as equipas do Belenenses e da Naval 1º de Maio, no principal campeonato português:
Jogos: 0, Vitórias: 0, Empates: 0, Derrotas: 0, Golos Marc.: 0 , Golos Sofr.: 0
Assim, mesmo ao mais desatento leitor não escapará a evidência de que nunca nos defrontámos no principal escalão. Aliás o mesmo é extensivo à Taça de Portugal.
Apenas estão registados encontros entre estas duas equipas na época de 1998/99, encontrando-se então para disputar a Liga de Honra ou II Liga. Vitória caseira e derrota forasteira pelos mesmos números: 1-0.
Dificilmente as estatísticas influenciarão o resultado e regra geral cinjem-se a um mero resumo do repositório de resultados existente. Neste caso o desnível é zero. Absolutamente.
É caso para dizer que a história começa aqui.
Belenenses: Jogadores Convocados
Guarda-Redes: Marco Aurélio e Pedro Alves.
Defesas: Amaral, Pelé, Rolando, Vasco Faísca, Sousa.
Médios: Rui Ferreira, Djurdjevic, Sandro, Ricardo Araújo, Ruben Amorim, Pinheiro e José Pedro.
Avançados: Fábio Januário, Paulo Sérgio, Ahamada, Romeu e Meyong.
Ficaram de fora da convocatória: Silas (por lesão), Gaspar (por castigo) e Carlos Alves e Marco Pinto por opção técnica.
Equipa provável: Marco Aurélio; Amaral, Pelé, Rolando, Vasco Faísca; Sandro; Pinheiro, Djurdjevic; José Pedro; Paulo Sérgio e Meyong. Em 4-1-2-1-2 (4-4-2).
Arbitragem: Nomeações
No que respeita à arbitragem regista-se a nomeação dos seguintes responsáveis:
Árbitro: Augusto Duarte
Árbitros Assistentes: Nuno Manso e António Martins
Observador: Amilcar Ventura
Delegados: Anacleto Santos, Mário Vieira e Moisés Silva.
A totalidade da equipa de arbitragem pertence à Associação de Futebol de Braga.
Como curiosidade referimos que Augusto Duarte foi o árbitro do jogo Beira-Mar – Belenenses (3-3) na época passada.
Antevisão da Partida
É impossível falar deste jogo que se aproxima sem afirmar que este jogo me enche de dúvidas e receios. Só um completo “louco” (fora do circulo restrito da equipa e dirigentes mais próximos, que conheçam o actual estado anímico da mesma) se pode encontrar totalmente confiante num bom resultado após o desaire caseiro da última jornada. Mais pela forma que o mesmo ocorreu.
E é exactamente ao nível anímico que se centra a grande questão, para mim, quanto a este jogo. Será ou não a equipa capaz de demonstrar uma atitude competitiva e uma estabilidade emocional e, porque não, um querer e uma Alma, que se coadunem com a ambição que todos temos e que os responsáveis da constituição do Plantel confessaram na declaração formal de objectivos para esta época?
Há ou não interesses alheios aos do Belenenses a pairar sobre a equipa (jogadores, pressões externas, etc.)? Perguntar não ofende.
O que faz jogadores, habituais esteios da equipa, parecerem alheados, fugidíos e incapazes. Que mal se apanham com a bola chutam para onde estão virados para se livrar da dita-cuja?
Será que por outro lado vamos ver de novo a mesma equipa frágil mentalmente, incapaz (também) de reacção física, e mergulhadas em absoluto e cruel desleixo competitivo?
Aqui reside o búsilis. Os dias que distam à triste noite do nosso descontentamento (e revolta), dezasseis, não chegaram para me tirar este receio do espírito.
Aquilo que então se passou foi algo que vinha receando. Referi isso na antevisão desse jogo, embora com especial ênfase na arbitragem (receios confirmados na verificação de manipulação habilidosa de certos momentos de jogo) mas também com chamada de atenção quanto à postura competitiva da equipa do Estrela da Amadora. Mas disso não nos podemos queixar. Era o que faltava. Somos nós que temos de mandar no jogo a jogar em casa, controlando ou dominando, seja contra quem for.
Foi mais uma de muitas situações da minha vida em que adoraria ter errado flagrantemente nos meus medos.
Um empate já teria sido MUITO MAU. O que se passou conseguiu ainda ser pior. O Belenenses nesta época e na passada já virou alguns resultados. Por vezes, começando por ter sorte (Vit. Guimarães e o penalty caido do céu), outros por pura demonstração de capacidade futebolística e força anímica. Recusa em perder.
Esta derrota deixou marcas muito profundas para o futuro próximo e essencialmente abalou de modo profundo a confiança da massa apoiante do Clube. Diga o clero, os beatos ou o próprio pai-nosso o que quiser, quem joga são os jogadores e quem treina é o treinador.
Estava a equipa e o Clube na tentativa de autocredibilizar a imagem do futebol do Belenenses perante sócios e apoiantes em geral, reconstruindo uma crença de constância e aplicação inteligente da força na luta, que é a tentativa de nos chegarmos ao topo e permite-se uma coisa assim. Perder é um resultado normal no futebol. É um de três possíveis. O que não é possível é admitir semelhante desnorte, verdadeiro desmazelo, incúria.
Por tudo isto, este jogo que se aproxima (para mim) é um jogo de tudo ou nada. Na esperança ténue (muito ténue) de reconduzir os espíritos dos Belenenses, massacrados por anos e anos de desilusões ou violentos sobressaltos, ao caminho da esperança de redescobrir uma equipa de raça e determinação e acima de tudo auto-confiante. De forma a apagar este “percalço”.
O próximo passo está com os jogadores, equipa técnica e dirigentes. Cá estaremos não para julgar mas para sentir. Sentir se após este jogo podemos voltar a acreditar e a catalogar a 6ª jornada como uma catástrofe completamente aberrante e irrepetível na forma.
Mas atenção: a Naval 1º de Maio apresenta aquilo a que venho reconhecendo ao longo dos anos como a pica extra de iniciado (ou recém-regressado). Muito soltos e sem responsabilidades. Com valores assentes no trabalho e no esforço, sem mínima capacidade ou vontade de fotogenia. Para mim destacam-se duas figuras maiores na Naval. Um deles Fajardo, nosso ex-jogador, produto das escolas do Belenenses que como muitos outros se foi. O outro, Bruno Fogaça, um possante e goleador ponta de lança, no sentido clássico do termo. Os passes do primeiro e a luta que o segundo dá, serão ou poderão ser, fortes dores de cabeça para a nossa equipa. Embora segundo noticias recentes se preveja que a Naval venha a estar desfalcada no ataque.
Escusado será dizer que nós, editores do BelenensesSempre, já um pouco habituados a que nos leiam “beira da estrada” quando escrevemos a “estrada da Beira”, gostaríamos de reafirmar (se bem que tal seria escusado se o espaço em que nos colocamos não fosse o que é) que desejamos ardentemente que venha a tal vitória.
E eu, pessoalmente acrescento: Vitória suada! Porquê? Especialmente se esta for muito sofrida e cheia de duro trabalho por parte de todos os envolvidos. Porque se for fácil ou pelo menos aparentemente fácil (como em Penafiel, independentemente do indiscutível mérito que tivemos), os jogadores acreditarão que o talento basta e não se esforçarão noutra futura ocasião e, assim, teremos mais Estrelas da Amadora à nossa espera. Ou seja, equipas de valor individual inferior. Equipas, como colectivo, que sejam teoricamente inferiores, mas no campo, onde “elas” contam, tipicamente superiores, porque correm, porque suam, porque lutam, porque se recusam a aceitar uma superioridade teórica e financeira. Aquilo que tantas vezes vemos outros tentarem e conseguirem e que nós raramente sequer tentamos contra equipas com proporcional desnível relativamente a nós (refiro-me aos “agachanços” contra os “3 únicos”, obviamente). E assim não há bom trabalho de pré-época que resista, não há discurso que resista. Porque assim que começa o campeonato começa o que interessa são os pontos e o trabalho e capacidades que nos permitem amealhá-los.
A confiança desfaz-se num segundo. E leva muito tempo, incomparavelmente mais, a reconstruir. Recomecemos então. Coloquem os jogadores, a equipa tecnica e os dirigentes a primeira pedra, de novo, e a segunda e a terceira, que nós colocaremos as seguintes.
Viva o Belenenses de GARRA E DE LUTA, do fato de macaco e não do fatinho queque e da gravata bonita feito para a fotografia e para a TV.
Ao final da tarde de amanhã, como é hábito, o BelenensesSempre voltará a colocar no ar a rúbrica DESABAFÓRUM, onde poderá desabafar as suas ansiedades, deixar prognósticos, discutir com quem estiver online as incidências do jogo e os desabafos no final para aqueles que não puderam deslocar-se à Figueira da Foz. Um dos editores marcará presença no estádio deslocando-se na excursão organizada. Ficam os nossos desejos de que façam boa viagem e que regressem com uma vitória, até porque seria uma agradável prenda na 2ª feira em que passam dois meses sobre o arranque deste projecto.
Ainda no final da noite, início da madrugada de Segunda-feira, contamos colocar a análise à partida bem como a classificação por nós atribuída a cada jogador.