quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Carta Aberta a Carlos Carvalhal

A carta que a seguir irão ler, caso tenham paciência, era a que gostaria de enviar a Carlos Carvalhal para tentar perceber algumas situações sobre o estado da equipa de Futebol profissional do meu clube do coração e do futebol em geral.

Carlos Carvalhal é licenciado pela Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto, com especialização em Alto Rendimento do Futebol (considerado aluno de mérito da faculdade). Sendo licenciado poderá elucidar-me sobre varias questões que me assolam há algum tempo e que, como leigo na matéria, não consigo encontrar resposta.

Sendo assim passei da teoria a prática.

Exmo Sr.:

Venho por este meio, como humilde adepto de futebol e sócio do CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES”, pedir-lhe que me esclareça certas dúvidas que assolam a minha alma.

- Pensa e está convicto que o plantel por si elaborado é equilibrado?

- Acredita mesmo que Vasco Faísca tem características para ser lateral esquerdo?

- Quanto tempo vai ser preciso para chegar a conclusão que Vasco Faísca não é nem nunca será o lateral esquerdo que a equipa precisa? Seis meses? Tal como aconteceu com o Cristiano na temporada passada?

- Quanto tempo precisa para perceber, que com o Ivan lesionado, a única alternativa credível para jogar a lateral esquerdo é o Sousa? Tem provas dadas na temporada transacta como seria a melhor adaptação.

- Porque existem jogadores que tem lugar cativo na equipa mesmo quando estão física e psicologicamente em baixo?

- Porque insiste em colocar alguns jogadores a jogar num lugar em que as próprias características não são benéficas individual ou colectivamente?

- Porque coloca jogadores “amarrados” à táctica idealizada por si quando os jogadores não têm características para as cumprir tornando-os inúteis em campo? (vide caso Ahamada frente a Naval e F.C. Porto, que sempre que joga tem de “amarrar” o lateral contrario perdendo depois a possibilidade de pôr em prática todas as suas capacidades que são a velocidade e as diagonais) Para depois dizer que a culpa é do jogador porque não rendeu o esperado?

- Porque nunca conseguimos dominar um jogo? É por sua ordem que damos o domínio do jogo ao adversário? A ideia é que o adversário pense que dominando tem o controlo do jogo e somos nós que o temos, o chamado domínio consentido? Já percebeu que não dominamos nem controlamos o jogo? A ideia acaba por não surtir efeito?

- Sempre aprendi que no futebol moderno, os jogos são decididos por detalhes, aí entram os lances de bola parada. O que tenho verificado é que qualquer equipa que defronte o Belenenses já sabe o que vai acontecer num lance de bola parada a nosso favor. Nada. Todos os lances de bola parada, cantos e livres são batidos ao segundo poste e sempre pelo mesmo jogador (Zé Pedro), e para o mesmo jogador (Pelé), que ultimamente envia a bola para o terceiro poste.
Confuso? Passo a explicar: terceiro poste é o poste que se encontra fora do terreno de jogo e que serve para segurar as redes da baliza. Esses lances não deveriam ser trabalhados nos treinos?

Mais algumas questões gostaria de lhe colocar mas como já são muitas e não quero ocupar mais o seu tempo, pois ele é sempre pouco, tem de preparar os treinos e jogos ainda para mais esta semana, jogo na Sexta à noite e jogo outra vez na Quarta. Nem tempo para a merecida folga deve ter, quanto mais comigo a atrapalhar o seu trabalho com questões de leigo.

Sem mais assunto de momento

Os melhores cumprimentos

Pedro Domingues


Nota #1: Tal como é referido na introdução desta carta, sou um mero leigo, apesar de ver futebol desde que me lembro de ser gente, e apenas curioso neste mundo aparte. Nunca tive, não tenho, e penso que, nunca terei aspirações a ser treinador ou outra coisa qualquer ligada ao futebol.

Nota #2: Qualquer semelhança entre a situação futebolística de dois grandes clubes da cidade de Lisboa é pura coincidência.