terça-feira, 18 de outubro de 2005

E agora?

Como entendo que devemos ser coerentes, o que não implica que não possamos mudar de opinião, gostaria de relembrar, como ponto prévio, as posições que desde Fevereiro/Março último assumi sobre a equipa de futebol:

1) Defendi que se devia, logo então, para se ir identificando com o clube e o futebol português, contratar um treinador estrangeiro, ambicioso e sem subserviências, traumas e fantasmas. Quanto a Carvalhal, teria saído no fim da época.

2) Elogiei as contratações que foram feitas, embora ressalvando que ficou a faltar um defesa esquerdo e um avançado. Continuo a pensar que temos, potencialmente, um bom plantel. Mais até: num campeonato tão ou mais estranho e aberto que o do ano passado, poderíamos estar na “molhada lá de cima”.

Neste momento, face às opções que tomaram em termos de continuidade de Carvalhal, não invejo a posição dos responsáveis, os dilemas que se lhes colocam. A decisão, a curto prazo, é delicada. Parece só haver a escolher entre males menores.

Porque digo isto? Segue-se, dentro de 4 dias, o jogo com o Rio Ave e depois o jogo para a Taça. Este último não tem segundas oportunidades. Ou ganhamos...ou acabou-se!

Se não fosse haver esse jogo para a Taça, sinceramente, diria: prescinda-se já de Carvalhal (mas, por favor, não se vá contratar um Carvalhal II, que seria o José Couceiro, nem pensar em dispensar e contratar 10 jogadores em Dezembro!). Não tentemos tapar o Sol com a peneira: ao fim de um ano e tal, a nossa equipa não tem um fio de jogo. Não tem garra. Não tem ambição, alegria e confiança. E continuo a achar que temos matéria prima para fazer muito melhor. E, então, venha quanto antes alguém capaz de dar a volta à equipa a tempo de ainda se conquistar algo de positivo. Já vamos tarde (para mim, 6 meses atrasados) mas mais vale tarde do que nunca.

Mas, vindo um treinador novo, não seria em meia dúzia de dias que ele poria a equipa nos eixos. Poderia não acertar às primeiras. Ora, se perder (ou empatar) como o Rio Ave seria mau, perder para a Taça seria desastroso – e, repito, sem segunda oportunidade.

Entre os extremos de A) tudo desculpar e des-responsabilizar e B) o de encontrar um bode expiatório à pressa, tem que haver uma solução equilibrada. E essa solução não pode ignorar que tem que haver um mal mais profundo do que um treinador ou um jogador para explicar 16 anos seguidos de insucessos – com mais de uma dúzia de treinadores e algumas centenas de jogadores diferentes.

Por isso, por muito que nos custem, vamos tentar ver as coisas como elas são, reflectindo, encarando os problemas de frente e indo à raiz do problema. Quanto ao treinador, face ao exposto, há que aguardar pelo menos até ao jogo da Taça. Sei que isto pode parecer conversa da treta mas, nestes próximos 10 dias, há que pensar muito e bem e, desde já, vencer os jogos como Rio Ave e o Desportivo das Aves. Se não, que esperanças sobram para o resto da época?