quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Era uma vez o Belenenses, um passo atrás na carreira de um treinador mimado e “sem carisma”

Pouco tempo levou José Couceiro a tornar-se cinturão negro na recém criada arte de bem espezinhar o Belenenses a toda a sela.
Hoje, fez no jornal “O Jogo” mais uma eloquente demonstração dos seus amplos dotes para essa actividade.

Passamos a citar as partes relevantes:

"P: Limitações da equipa?

R: De todos os níveis. Limitações que passam pela equipa ou pelo facto de termos pouco apoio dos adeptos no nosso estádio. As pessoas que vierem ao estádio têm de nos apoiar. Para irem ao estádio para estarem constantemente a assobiar, mais vale ficarem em casa. O Belenenses não tem vantagem nos jogos em casa.
O Marítimo, Guimarães e Braga - sem falar nos três grandes - jogam com muitos adeptos em casa e isso é um factor que nós não temos. A equipa, sem público, perde a motivação.

P: Sair do FC Porto e aceitar o Belenenses foi um passo atrás?

R: Um passo atrás foi, porque treinar o FC Porto é treinar um dos melhores clubes do mundo. Em termos de carreira, só tenho de provar que tenho qualidade e que merecia continuar no FC Porto. Não tenho rancor, nem estou aborrecido com ninguém. São opções que têm de ser tomadas.
"


A predisposição de Couceiro para esta arte já tinha sido por mim notada há muito tempo, numa altura, aliás, em que nem se imaginava (pelo menos o ingénuo que sou eu) que Couceiro viesse a ser treinador do Belenenses.

Tive essa premonição a partir da constatação de traços de personalidade evidenciados pelo referido na noite da sua saída do Vitória de Setúbal quando reparei, “num treinador de um clube respeitável, com história e com prestígio, que no final de um jogo da sua equipa em Alvalade, onde até empatou, anda aos "saltinhos" ao pé dos jornalistas, com uma "palhinha enfiada no cú de contente", de telemóvel na mão, à espera de um convite (obviamente irrecusável) do Grande FCP”. Perguntei: “Então e o desgraçado do VFC, onde é que fica no meio disto tudo?” – no blog "O Cruel Pastel Azul"

É curioso que esse texto acabava com a seguinte frase: “NUNCA PERMITIR QUE JOGADOR OU TREINADOR NOS ATIRE À MERDA COMO COUCEIRO FEZ AO VITÓRIA.”
Meu Deus, quanto premonição! Isto foi escrito a 1 de Fevereiro de 2005!!!!


Aliás, não sou o único a pensar de Couceiro aquilo que penso. Com efeito, se o “mimado” é da minha autoria – adiante explicarei porquê -, o “sem carisma” já paga direitos de autor aos Super Dragões, claque do FCP que, em pleno consulado de Couceiro naquelas bandas (curto e patético, como não poderia deixar de ser) decidiu dizer por escrito o que dele pensava:

Image hosted by Photobucket.com


Ali, confrontado com o poder da bancada repleta que aqui se queixa de não ter, Couceiro meteu o “rabinho entre as pernas”, comeu e calou.

Ali, Couceiro não se queixou dos adeptos, dos assobios ou das tarjas.
No fundo, ali, fez aquilo que todos os treinadores sabem que têm que fazer – respeitar a vontade dos adeptos, mesmo quando esta lhes é agreste, mesmo quando esta contra eles se manifesta contundentemente, como ali se manifestou.

E fê-lo, por várias razões, a principal das quais foi que se não o tivesse feito, Pinto da Costa punha-o na estação da Campanhã ou, na melhor das hipóteses, no Aeroporto Sá Carneiro. O FC Porto é um clube de futebol e tem um presidente.

No futebol, está tudo inventado. Uma das coisas que está inventada é a relação entre adeptos e treinadores. Os adeptos manifestam-se como querem e como lhes apetece. Os treinadores aceitam essas manifestações humildemente.

Os clubes existem por causa dos seus adeptos e estes são como o cliente – têm sempre razão (mesmo quando não a têm). E têm-na porque os adeptos são a única coisa duradoura no clube. São a sua razão de ser. Este clube já esteve na segunda divisão e os adeptos estiveram lá com ele. Ou seja, as prerrogativas dos adeptos são, somente, a contraface da sua lealdade até à morte. A dos treinadores é só até ao final do contrato.

Os treinadores são uma coisa passageira. Couceiro, amanhã, estará a fazer aquilo que fez nos dois últimos três clubes que treinou antes do nosso – a desejar que o Belenenses perca, pelo menos duas vezes por ano! Os adeptos que o assobiaram não. Muitos desses são do Belenenses desde que nasceram e irão com o Belenenses para a cova.

Eu sei que para um certo pensamento pós moderno que ganha força no Belenenses, esses adeptos podem ser o “mal” do clube. Mas sejam o bem ou o mal, são na verdade, a única coisa que lhe resta. Quando mais ninguém assobiar no Restelo, o Belenenses acabou, ainda que Couceiro esteja vivo.

Apesar de tudo isso, Couceiro dá-se ao desplante de vir aqui dizer o que lhe apetece, dá-se ao desplante de reduzir os adeptos do clube a adeptos de quinta categoria e a passar-lhes, imagine-se, a culpa pelos desaires. No fundo, Couceiro diz aquilo que nunca lhe passaria pela cabeça dizer no Porto, onde as manifestações de rejeição da sua pessoa e de assobio à equipa não tem comparação, o que nos elucida sobre mais um nítido traço da sua personalidade – a cobardia.

Mas há outros traços. Um deles é uma imensa, mas infundada, vaidade. Ao lado de uma igualmente imensa, mas também infundada, arrogância. A arrogância de quem, julgando que chegou à terra dos pategos, desata a agir como se lhes fosse superior.

A vaidade e a arrogância de Couceiro são das piores. São a vaidade e a arrogância de quem é fraco e de quem não tem justificação para as ter. É como se fossem a “parra” de um curriculum onde não há uma única uva!

Vejamos: Mourinho é vaidoso e arrogante. Mas Mourinho tem razões para o ser. É campeão de quase tudo o que lhe apareceu à frente desde que começou a treinar equipas de futebol. Mesmo quando treinou equipas fracas, transformou-as em equipas fortes, em equipas respeitadas. Essas equipas tinham muito menos público do que nós. Mourinho nunca se queixou – falo do U. Leiria!!

Já agora, nunca ouvi Mourinho atacar os adeptos. Vi-o levar três secos no Restelo enquanto os seus adeptos assobiavam a equipa e gritavam “vergonha”, “vergonha” e “palhaços, joguem à bola, palhaços joguem à bola”. Mourinho pediu-lhes desculpa. Virou-se para dentro do seu balneário, agarrou pelos colarinhos os seus jogadores e fez-se à vida. Acabou cravejado de glória. Mourinho, aliás, obrigou os seus jogadores a decorarem e a cantarem no balneário “o palhaços, joguem à bola, palhaços joguem à bola”.
Foi no respeito pelos adeptos que ganhou um balneário onde Couceiro nunca ganhou respeito nenhum!!!!

Couceiro, conta no curriculum com meia época de Vitória de Setúbal, uma descida no Alverca e uma passagem deprimente pelo FCP á qual ele não se cansa de aludir e que, aliás, foi devidamente registada pelos adeptos para memória futura (ver tarja acima).

É à sombra deste “vasto” curriculum que Couceiro, na sua pusilânime vaidade, se permite atacar os adeptos de um clube com uma história respeitável na qual ele, por certo, não entrará!

Em grande parte, a culpa não é de Couceiro.
É de quem lhe permite e até lhe encoraja o discurso.

Couceiro, chegou ao Belenenses com uma auréola de Messias salvador, sabiamente resgatado pela sapiente direcção de uma milionária proposta Chinesa ou Japonesa.
Rapidamente se fez constar que Couceiro era, afinal, um reservatório dos “valores do clube”.
Meu Deus, quando recordo isto, saio do sério!!!!!!!

No mesmo acto, foi ungido com a água benta da amizade pessoal do Presidente (elevada a critério de escolha, repartido em importância da vizinhança do seu domicílio em relação ao estádio) e com as sagradas tesouras do cabeleireiro das piscinas. O número oito mil e tal de sócio dispensou ulteriores sacramentos.

Eis o Messias Salvador ao qual toda a nação Belenense se deve reverentemente curvar.
Quem não o fizer, é culpado dos desaires.

Quem lhe vai explicar, agora, que ele é um mero nosso empregado??!!

Para Couceiro, os "empregados" são estes!!!

Image hosted by Photobucket.com
Alguns adeptos já referenciados por Couceiro como possíveis causas de qualquer desastre que aconteça esta época, possíveis alvos de processo disciplinar.


De tal forma foi Couceiro elevado à enésima potência, que, logo nas primeiras declarações públicas fez questão de dizer que preferia a “bancada de lá” à de “cá” e que, tão maus eram os adeptos, que talvez fosse melhor jogarmos fora do Restelo.

Couceiro disse tudo isto e continuará a dizer muito mais desse género.
Convém-lhe.

Quanto mais se melodramatizar a tragédia do Restelo vazio (cuja culpa, aliás, no mesmo pensamento pós moderno hoje dominante no clube, é dos que lá vão!!! e não de quem manda no clube e nada faz para o reverter), mais os seus “feitos” sobressairão.

A manutenção, conseguida “contra tudo e contra todos”, será celebrada como feito heróico de um homem atirado às 35 feras que assobiaram a substituição no jogo tal ou às centenas que não lhe prestaram o devido culto de personalidade.
Couceiro é fraco, mas não é parvo.

O que mais lamento, não é Couceiro. É saber que o Belenenses actual tolera Couceiros.

O tal pensamento pós-moderno, nas suas finas linhas de raciocínio, galvaniza-se com o “quanto mais me bates, quanto mais gosto de ti”. É um dos sintomas finais da perda total de identidade, coisa de que os milhares que deixam vazias as bancadas do Restelo, há muito já se aperceberam.

Esses, no fundo, continuam com os emblemas nos carros e com o Belenenses no coração, mas já há muito se deixaram de aturar Couceiros.

Eles sabem, como eu sei, que um clube de futebol fala, não por blogs, por CPA's ou por BS's, mas pelos seus órgãos.

Eles sabem, como eu sei, que esses órgãos, que deviam preservar a imagem do clube, impondo deveres a todos os seus empregados, incluindo ao empregado José Couceiro, nada fazem e nada dizem.

Pudera! Laurentino Dias foi ao Restelo dizer que o Belenenses dava um excelente “entreposto” e ganhou uma visita guiada do Presidente!

O Belenenses de hoje é isto.