Os Quaresmas agora são do Porto...
A maneira fria como, provavelmente, vou redigir esta crónica de mais uma derrota é a minha defesa para esconder a minha amargura e tristeza.
Não tenho interesse em fazer uma crónica técnica com incidências do jogo, como se eu fosse um espectador imparcial. Estou-me a “borrifar” para as opções tácticas ou substituições do nosso adversário. Vou sobretudo falar do que senti como adepto do Belenenses.
No Restelo terão estado umas 8.000 a 8.500 espectadores. Mais de metade delas eram adeptas do F.C.Porto. Longe vão os tempos da minha juventude, em que a questão nem se colocava, mas ao contrário.
Deixou-se, deixámos o Belenenses decair até aqui.
Como sintoma, ao mesmo tempo, das causas e efeitos dessa situação, o locutor de serviço não soube dizer quem ia ser homenageado na tradicional cerimónia que os jogadores do F.C.Porto fizeram junto da estátua do Pepe (de que um colega de blog falará expressamente). Já bastava o ano passado os ignorantes da SportTv terem dito que o Pepe fora um jogador que representara simultaneamente o Belenenses e o Porto (!!!!!!). Este ano foi pior: em nossa casa, já não se sabe quem é o Pepe. Mas o mesmo locutor lá estará daqui a 15 dias. Infelizmente, Pepe, Artur José Pereira, Augusto Silva ou Amaro já não o podem mandar à fava. E, quem pode, não sabe, não quer, não se interessa...
Agradeço à Fúria Azul a bonita coreografia que fez. Foi a única coisa que me tocou neste jogo. Tudo quanto trouxer um pouco de calor, alegria e colorido a esta tristeza que paira sobre o Restelo, merece de mim palavras de encómio. Se eu fosse Presidente deste clube, uma das primeiras coisas que faria era dar todo o apoio às claques – dos poucos resquícios de vida do que foi um grande clube.
Houve os incidentes no final. Há alguns anos atrás, talvez eu censurasse alguns elementos da Fúria. No estado amorfo, de coma, em que está o nosso clube, sou incapaz de o fazer. Não sou adepto de violências. Reconheço o direito à indignação. McCarthy teve atitudes provocatórias indecentes.
Em contrapartida, gostei do – embora discreto – gesto de Quaresma a aplaudir a bancada de sócios do Belenenses, quando foi substituído. Ao menos, aparentemente, não se esqueceu que tem um tio-avô que foi um grande e honrado jogador do Belenenses.
Houve surpresa na constituição das equipas, com Paulo Alves a titular e Marco Aurélio a suplente. Desconheço se foi indisposição de Marco ou opção do treinador. Se foi a segunda hipótese, constitui uma opção de alto risco, num jogo como este. Não teria sido melhor num outro? A verdade é que Pedro Alves não teve culpa nos golos e, se for para continuar titular, aqui ficam os votos das maiores felicidades.
Quanto ao jogo, o Porto ganhou e o Belenenses perdeu. Não se veja nisto uma simples verdade lapalissiana. Quero dizer que o Porto teve mérito em ganhar e o Belenenses demérito em perder.
Quanto ao mérito do Porto, serei curto de palavras, pelas razões que já expliquei. Foi a equipa mais forte que este ano passou pelo Restelo e uma das duas que mais me impressionou (a outra foi o Gil Vicente).
Houve demérito do Belenenses porque a equipa andou quase toda a primeira parte aos papéis e quando quis reagir o jogo estava perdido. Raramente se acertou mais que dois passes seguidos e momentos houve em que só Rui Jorge parecia saber o que andava a fazer. Esta é uma equipa mal preparada, pouco treinada. Ponto final.
O Porto entrou a todo o gás e o Belenenses pareceu não saber bem qual a atitude a ter. Couceiro afirmara que esta jogo não era importante; os próximos, é que sim. É este o treinador que foi apresentado como “estando identificado com os valores do clube”. Quais valores? Só se for os do Belenenses da decadência, coitadinho e medroso. Não é o meu Belenenses. Se o Belenenses tiver que morrer, que morra de pé. Eu, como adepto, tenciono estar de pé, porque não concebo outra maneira de estar.
Para quem não saiba, incluindo Couceiro, este é um grande clássico do futebol português. Por 136 vezes se defrontaram as duas equipas no Campeonato Nacional. Várias outras na Taça de Portugal. Ainda diversas outras no Campeonato de Portugal, em que Porto e Belenenses, por esta ordem, tiveram o melhor curriculum de todos mas que – talvez por o Benfica e o Sporting não terem feito especial figura – é tratado como se não tivesse existido. Jogos entre o Belenenses e o Porto empolgaram multidões, deixaram lenda no futebol português. Os duelos entre Pinga e Amaro, os dois melhores jogadores portugueses de então, fizeram história e fizeram escola. Durante décadas, juntamente com Benfica e Sporting, o Belenenses e o Porto discutiram a supremacia do futebol e do desporto português. Ficámos para trás? É verdade. Mas não aceito que se reescreva a história como se não tivéssemos “estado lá”. Se se disser que eu sou um dos maus adeptos, de que falou Couceiro com o silêncio conivente dos nossos dirigentes, sempre direi que sou sócio antes de haver barbearia no Restelo, que sempre fui do Belenenses e só do Belenenses, e que vou para os jogos de cachecol e bandeira, aplaudindo e gritando, ao frio, à chuva e à neve.
Adiante. O golo do Porto adivinhava-se. As nossas únicas oportunidades tinham sido dois livres em posição frontal, infantilmente desperdiçados. Pessoalmente, ansiava que o intervalo chegasse com o empate a zero, e que regressássemos com outra atitude. Mas não chegou. A 3 ou 4 minutos dos 45, veio o 1º golo portista, com Quaresma em grande plano. Os Quaresmas – como Artur e Alfredo -, que faziam escola no futebol português já não são do Belenenses. Vejam por favor o dia 14 de Janeiro neste blog, em arquivo. Nesse dia, em 1973, o Belenenses vencia o F.C.Porto por 2-0, com dois golos de Alfredo Quaresma e consolidava o seu 2º lugar; 33 anos depois, dois centros do sobrinho-neto Quaresma, atiram-nos para o último lugar antes da linha de água. Os tempos mudaram...tanto! É muito difícil ser do Belenenses, hoje em dia...Há muito já que é difícil.
Ainda houve tempo para Fábio Januário desperdiçar uma oportunidade. Mais uma vez, como no jogo com o Sporting, só acordámos quando estávamos a perder.
A 2ª parte começou com emoção. Quaresma, de cruzamento, fez embater a bola na trave da nossa baliza; na resposta, Meyong desperdiçou grande oportunidade, com mérito também para o Guarda Redes portista. Aos 53 minutos, o F.C.Porto fez 2-0. O jogo estava sentenciado.
Couceiro substituiu Fábio Januário por Romeu, Meyong por Dady e Ahamada por Paulo Sérgio. O Belenenses lá ensaiou uma ou outra jogada. O Porto a certa altura geriu o esforço. E perdemos.
Perdemos sem quase termos jogado. Ainda há pouco tempo, mesmo na 2ª estadia de Marinho Peres – e digo isto sem ser especial fã dele, embora o preferisse mil vezes a um Couceiro (oxalá tivesse vindo no seu lugar!) – jogávamos de peito feito com o F.C.Porto, a quem até goleámos. Até na última vez que descemos – e o Porto foi campeão – lhes ganhámos. Lembro-me de, com Depireux a treinador (oxalá fosse ele hoje o nosso homem forte do futebol!...), termos perdido 3-0, mas jogando futebol, discutindo o jogo e desperdiçando várias oportunidades, face a um F.C.Porto que foi campeão europeu nessa época. Mas uma coisa eram Depireux ou Marinho Peres, outra coisa é Couceiro e quem o escolheu...
A maneira fria como, provavelmente, vou redigir esta crónica de mais uma derrota é a minha defesa para esconder a minha amargura e tristeza.
Não tenho interesse em fazer uma crónica técnica com incidências do jogo, como se eu fosse um espectador imparcial. Estou-me a “borrifar” para as opções tácticas ou substituições do nosso adversário. Vou sobretudo falar do que senti como adepto do Belenenses.
No Restelo terão estado umas 8.000 a 8.500 espectadores. Mais de metade delas eram adeptas do F.C.Porto. Longe vão os tempos da minha juventude, em que a questão nem se colocava, mas ao contrário.
Deixou-se, deixámos o Belenenses decair até aqui.
Como sintoma, ao mesmo tempo, das causas e efeitos dessa situação, o locutor de serviço não soube dizer quem ia ser homenageado na tradicional cerimónia que os jogadores do F.C.Porto fizeram junto da estátua do Pepe (de que um colega de blog falará expressamente). Já bastava o ano passado os ignorantes da SportTv terem dito que o Pepe fora um jogador que representara simultaneamente o Belenenses e o Porto (!!!!!!). Este ano foi pior: em nossa casa, já não se sabe quem é o Pepe. Mas o mesmo locutor lá estará daqui a 15 dias. Infelizmente, Pepe, Artur José Pereira, Augusto Silva ou Amaro já não o podem mandar à fava. E, quem pode, não sabe, não quer, não se interessa...
Agradeço à Fúria Azul a bonita coreografia que fez. Foi a única coisa que me tocou neste jogo. Tudo quanto trouxer um pouco de calor, alegria e colorido a esta tristeza que paira sobre o Restelo, merece de mim palavras de encómio. Se eu fosse Presidente deste clube, uma das primeiras coisas que faria era dar todo o apoio às claques – dos poucos resquícios de vida do que foi um grande clube.
Houve os incidentes no final. Há alguns anos atrás, talvez eu censurasse alguns elementos da Fúria. No estado amorfo, de coma, em que está o nosso clube, sou incapaz de o fazer. Não sou adepto de violências. Reconheço o direito à indignação. McCarthy teve atitudes provocatórias indecentes.
Em contrapartida, gostei do – embora discreto – gesto de Quaresma a aplaudir a bancada de sócios do Belenenses, quando foi substituído. Ao menos, aparentemente, não se esqueceu que tem um tio-avô que foi um grande e honrado jogador do Belenenses.
Houve surpresa na constituição das equipas, com Paulo Alves a titular e Marco Aurélio a suplente. Desconheço se foi indisposição de Marco ou opção do treinador. Se foi a segunda hipótese, constitui uma opção de alto risco, num jogo como este. Não teria sido melhor num outro? A verdade é que Pedro Alves não teve culpa nos golos e, se for para continuar titular, aqui ficam os votos das maiores felicidades.
Quanto ao jogo, o Porto ganhou e o Belenenses perdeu. Não se veja nisto uma simples verdade lapalissiana. Quero dizer que o Porto teve mérito em ganhar e o Belenenses demérito em perder.
Quanto ao mérito do Porto, serei curto de palavras, pelas razões que já expliquei. Foi a equipa mais forte que este ano passou pelo Restelo e uma das duas que mais me impressionou (a outra foi o Gil Vicente).
Houve demérito do Belenenses porque a equipa andou quase toda a primeira parte aos papéis e quando quis reagir o jogo estava perdido. Raramente se acertou mais que dois passes seguidos e momentos houve em que só Rui Jorge parecia saber o que andava a fazer. Esta é uma equipa mal preparada, pouco treinada. Ponto final.
O Porto entrou a todo o gás e o Belenenses pareceu não saber bem qual a atitude a ter. Couceiro afirmara que esta jogo não era importante; os próximos, é que sim. É este o treinador que foi apresentado como “estando identificado com os valores do clube”. Quais valores? Só se for os do Belenenses da decadência, coitadinho e medroso. Não é o meu Belenenses. Se o Belenenses tiver que morrer, que morra de pé. Eu, como adepto, tenciono estar de pé, porque não concebo outra maneira de estar.
Para quem não saiba, incluindo Couceiro, este é um grande clássico do futebol português. Por 136 vezes se defrontaram as duas equipas no Campeonato Nacional. Várias outras na Taça de Portugal. Ainda diversas outras no Campeonato de Portugal, em que Porto e Belenenses, por esta ordem, tiveram o melhor curriculum de todos mas que – talvez por o Benfica e o Sporting não terem feito especial figura – é tratado como se não tivesse existido. Jogos entre o Belenenses e o Porto empolgaram multidões, deixaram lenda no futebol português. Os duelos entre Pinga e Amaro, os dois melhores jogadores portugueses de então, fizeram história e fizeram escola. Durante décadas, juntamente com Benfica e Sporting, o Belenenses e o Porto discutiram a supremacia do futebol e do desporto português. Ficámos para trás? É verdade. Mas não aceito que se reescreva a história como se não tivéssemos “estado lá”. Se se disser que eu sou um dos maus adeptos, de que falou Couceiro com o silêncio conivente dos nossos dirigentes, sempre direi que sou sócio antes de haver barbearia no Restelo, que sempre fui do Belenenses e só do Belenenses, e que vou para os jogos de cachecol e bandeira, aplaudindo e gritando, ao frio, à chuva e à neve.
Adiante. O golo do Porto adivinhava-se. As nossas únicas oportunidades tinham sido dois livres em posição frontal, infantilmente desperdiçados. Pessoalmente, ansiava que o intervalo chegasse com o empate a zero, e que regressássemos com outra atitude. Mas não chegou. A 3 ou 4 minutos dos 45, veio o 1º golo portista, com Quaresma em grande plano. Os Quaresmas – como Artur e Alfredo -, que faziam escola no futebol português já não são do Belenenses. Vejam por favor o dia 14 de Janeiro neste blog, em arquivo. Nesse dia, em 1973, o Belenenses vencia o F.C.Porto por 2-0, com dois golos de Alfredo Quaresma e consolidava o seu 2º lugar; 33 anos depois, dois centros do sobrinho-neto Quaresma, atiram-nos para o último lugar antes da linha de água. Os tempos mudaram...tanto! É muito difícil ser do Belenenses, hoje em dia...Há muito já que é difícil.
Ainda houve tempo para Fábio Januário desperdiçar uma oportunidade. Mais uma vez, como no jogo com o Sporting, só acordámos quando estávamos a perder.
A 2ª parte começou com emoção. Quaresma, de cruzamento, fez embater a bola na trave da nossa baliza; na resposta, Meyong desperdiçou grande oportunidade, com mérito também para o Guarda Redes portista. Aos 53 minutos, o F.C.Porto fez 2-0. O jogo estava sentenciado.
Couceiro substituiu Fábio Januário por Romeu, Meyong por Dady e Ahamada por Paulo Sérgio. O Belenenses lá ensaiou uma ou outra jogada. O Porto a certa altura geriu o esforço. E perdemos.
Perdemos sem quase termos jogado. Ainda há pouco tempo, mesmo na 2ª estadia de Marinho Peres – e digo isto sem ser especial fã dele, embora o preferisse mil vezes a um Couceiro (oxalá tivesse vindo no seu lugar!) – jogávamos de peito feito com o F.C.Porto, a quem até goleámos. Até na última vez que descemos – e o Porto foi campeão – lhes ganhámos. Lembro-me de, com Depireux a treinador (oxalá fosse ele hoje o nosso homem forte do futebol!...), termos perdido 3-0, mas jogando futebol, discutindo o jogo e desperdiçando várias oportunidades, face a um F.C.Porto que foi campeão europeu nessa época. Mas uma coisa eram Depireux ou Marinho Peres, outra coisa é Couceiro e quem o escolheu...
Passamos a uma breve análise individual e classificação de 0 a 5 dos jogadores.
Pedro Alves – Sem culpa nos golos, embora fique a dúvida se podia ter feito mais no 2º. Teve que lidar com o nervosismo. A nota positiva é também um modesto contributo para o estimular. 3
Sousa – Raçudo e lutador como sempre, saiu algumas vezes com dinamismo para o ataque. Mas não evitou o cruzamento do 2º golo e teve uma fífia na área de que podia ter saído outro golo. 2
Pelé – Não esteve mal na maior parte do tempo mas não está de modo nenhum isento de culpa nos golos. 2
Rolando – Idem mas melhor que o seu colega do eixo da defesa. 3
Rui Jorge – Hoje, foi o único com classe. No entanto, não estava bem posicionado quando Quaresma recebeu o passe a partir do qual construiu a jogada do 1º golo. 3
Sandro – Esforçado mas não chegou. 1
Fábio Januário – Lutador e generoso. Desperdiçou, contudo, uma oportunidade logo após o 1-0. E não se pode desperdiçar assim.... 2
Ruben Amorim – Um ou outro bom apontamento. Pouco mais. Lute mais, para não passar ao lado de uma boa carreira. 1
Ahamada – Que tal um bocado de agressividade? Que tal recuperar ao menos uma bola? 0
Silas – Várias vezes tenho dito que precisamos de Silas bem, porque é dos que são capazes de desequilibrar. Nisso, também foi sempre um incentivo. Mas, com franqueza, uma exibição destas não se apresenta a ninguém! Arrastou-se. 0
Meyong – Talvez estivesse cansado. Perdeu oportunidade soberana no início da 2ª parte. Deu toques...para isso, também eu servia, apesar dos meus 44 anos. 1
Romeu – Lutou, como é costume. Melhorou um pouco as coisas. Mas pouco. 1
Dady – Embora ainda verde, esforçou-se bastante e ainda ganhou algumas bolas. 1
Paulo Sérgio – Pouco tempo em campo, quando dificilmente algo já haveria a fazer. Mexido e inconsequente, como vem sendo hábito. 0
Couceiro – Por tudo o que já disse e porque o plantel é melhor que a equipa, resta-me deixar a nota, que é 0.