domingo, 2 de abril de 2006

CLUBE DE FUTEBOL OS BELENENSES , 1 – Sport Henriques e Benfica, 2

Não estou em condições de fazer uma crónica “técnica” e, muito menos, imparcial. Deixo isso para os Recortes, para as Borlas e para o Jornal do Restelo, que umas 200 ou 300 pessoas costumam levar para casa.

Serei, de resto, bastante sucinto. As razões para isto são várias:

1. Não quero ser malcriado
2. Não estou com ânimo para altercações com consócios - já me bastou ver uns 300 ou 500 lampiões a festejar os seus golos na nossa bancada de sócios.
3. A hora é de lutar pela sobrevivência e eu não quero desanimar ninguém.

Estiveram, nos meus cálculos, umas 13 mil pessoas no Restelo. As bancadas dos sócios estavam quase cheias. Em outros sectores do Estádio haviam alguns, poucos, belenenses. Poderiam ser muitos mais; a bancada dos sócios poder-se-ia ter enchido de maneira mais digna e que tivesse alguma coisa a ver com o futuro – isto, se houver futuro, do que duvido. Não houve nem há vontade para isso. O Belenenses profundo continua em larga medida afastado do Restelo. Apesar de tudo, cerca 60% (quiçá ligeiramente mais) dos presentes em todo o Estádio eram afectos ao Belenenses. Mas tive que chegar a 2006 e aos quase 45 anos para ver um número significativo de pessoas a festejar golos adversários nas nossas bancada.


SERMOS EDUCADOS NÃO É SERMOS BANANAS!

Comovi-me até às lágrimas com a marcha e as imagens. Coisas que têm a ver com laços de amor que me correm no sangue e que não posso dissociar do Belenenses. Dito isto, fica a nota: as imagens não valiam um cagagésimo do filme que me propus fazer, para que trabalhei meses, e que seria algo de inédito em Portugal e julgo que no mundo, e a cuja proposta a Direcção, particularmente uma Sra. Vice-Presidente, nem se dignou dar resposta. O terror que sentem, pelos vistos, só é igualado pela ARROGÂNCIA E INCOMPETÊNCIA.

Sorvi a entrada em campo, os aplausos e as bandeiras, sabendo que o Belenenses caminha para o seu ocaso e pode ter sido a última vez. De resto, parecem ser coisas que eu sinto quase praticamente sozinho.

Obviamente, as bandeiras de que falei são as que pessoas como eu levaram ou as distribuídas pela Fúria Azul. As tais cinco mil que iam ser dadas, só com uma lupa seriam susceptíveis de ser vistas. É nisto que se tornou o Belenenses...

Não vou comentar os festejos dos golos na nossa bancada, excepto dizendo o que se segue. O meu pai já faleceu. Herdei dele o ser do Belenenses mas discordo de muitas das concepções e gostos dele. Seria, contudo, incapaz de ir para os sítios que ele amava com símbolos e manifestações de entusiasmo contrárias às dele. O amor e respeito que lhe tinha e tenho, impedir-me-iam de tal. O meu filho é do Belenenses. Se não fosse, eu não ficaria zangado – e, de certo modo, até ficaria contente, ou aliviado, por ele não sofrer o que eu já sofri no Belenenses e não ir assistir ao vivo ao definhar do que foi um grande clube -, embora considere uma superioridade moral (ele) ser do Belenenses. Para ser do Belenenses a sério, é preciso ter grandeza de alma. Uma única coisa me deixaria triste: se algum dia ele fosse para o meu local de culto do Belenenses, onde chorei de alegria e tristeza, fardado com cores de equipas rivais festejar as nossas derrotas.

Se há sócios que não sabem ter auto-estima, que não se dão ao respeito, que não sabem ter respeito por uma instituição digna, construída e feita grande com sangue, suor e lágrimas, que não sabem ter respeito pelos outros consócios; se há filhos e familiares que não sabem respeitar; se há uma Direcção que não garante esse respeito... está muita coisa mal! Muita, mesmo! O Belenenses precisa de ser reconstruído (e reeducado!), se ainda se for a tempo.

E agora, sobre o que se passou no relvado. O Belenenses entrou bem e o golo de José Pedro, aos 9 minutos, foi magnífico. A ganhar 1-0, não pensei perder o jogo. Tive mesmo esperança de uma noite de glória. No entanto, apesar de algumas boas trocas de bola, a equipa começou a perder o meio campo, por onde o adversário começou a avançar em perigosas investidas. O Benfica fez 1-1. Aí, fiquei convencido que íamos perder o jogo. Poucos minutos depois, surge o 1-2, a confirmar os meus receios. Ambos os golos resultaram de perdas infantis de bola. Ao contrário do que temi, a equipa não se desuniu, embora não tenha feito grande coisa até ao intervalo. Um lance na área do Benfica deixou-me dúvidas.

Na segunda parte, fizemos uns bons primeiros 20 minutos. Depois, só a espaços criámos algumas jogadas de perigo mas, aí, mescladas com contra-ataques perigosos do Benfica. O empate teria talvez sido justo. As perdas de bola puseram-nos a perder e impediram-nos de, ao menos, empatar.

Na televisão, confirma-se o que nos pareceu no estádio. Pelo menos dois penalties contra o Benfica ficaram por marcar. Beto bem poderia ter sido expulso. Se fosse ao contrário, falar-se-ia nisso durante dias nos jornais e televisões. Assim, não faz diferença... Mais uma vezes fomos lixados. Voaram-nos, tiraram-nos pontos. Quantas vezes assistimos a isto? Quantas?!

As culpas do árbitro, porém, não fazem esquecer os nossos erros.

Os nossos melhores jogadores foram, quanto a mim, Silas, José Pedro, Amaral e Rolando.


Precisamos urgentemente de fazer pontos.