domingo, 9 de julho de 2006

Neste dia, em . . .

1997 – Sócios aprovam constituição da SAD para o Futebol

Tudo começa, mais ou menos com a publicação do "DL 67/97". Ou seja, o Decreto Lei nº67/97 de 3 de Abril, que estabelece o regime jurídico das sociedades desportivas.

Neste apontamento não se pretende dar uma explicação sobre o que é uma Sociedade Anónima Desportiva (vulgo, SAD) nem das suas vantagens do ponto de vista financeiro ou em que modelo preferencialmente deve ser implementada.

Cabe, no entanto, no objectivo do apontamento a avaliação de factos objectivos. Tanto quanto possível. E isso no âmbito do que devia ser o principal objectivo da constituição de uma SAD ou de qualquer outra acção iniciada pelo Clube. O de crescer, em meios, humanos e materiais, e em popularidade e massa associativa. A SAD deveria ser tão só um meio de o atingir. Não faz sentido de outra forma.

Factos.
Apenas quatro meses passados sobre a aprovação do referido “DL”, um Belenenses saído de mais um período de desastrosa gestão, agarrou-se à criação de uma SAD como um náufrago sortudo ao tronco que passa na corrente.
A razão é simples: pela alienação da própria participação inicial (obviamente 100%) um clube ao constituir uma Sociedade Anónima Desportiva potencia a entrada de dinheiro “fresco”. Relembrando o debilitado estado financeiro do Clube em 1997 não é de estranhar a velocidade com que aderiu a esta «solução».

Em Assembleia-Geral os sócios votavam neste dia, em 1997, pela constituição da que se viria a denominar “OS BELENENSES” - SOCIEDADE DESPORTIVA DE FUTEBOL, SAD.

Por circunstâncias várias, a SAD do Belenenses só viria a ser formalmente constituida em 18 de Novembro de 1999, ou seja mais de dois anos depois. Pelo meio o Belenenses desceu de divisão no final da época de 1997/98 – se se recordam, foi uma descida interiorizada por muitos como de “limpeza”, de “saneamento” (aqui ficaria bem perguntar de quê face ao que quase dez anos passados ainda se vê) – o que deverá ter retardado a constituição formal.

A nova sociedade, pessoa colectiva 504 510 436, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa sob o nº 9922, ficou com sede no Estádio do Restelo e com um Capital Social (inicial) de 200.000.000 PTE (o equivalente a € 1.000.000). Mais tarde viria a sofrer aumento de capital para 1.000.000.000 PTE (€ 5.000.000) por OPS (Oferta Pública de Subscrição), que decorreu entre 30 de Novembro de 2001 e 14 de Dezembro de 2001.

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Seria normal assumir que a constituição de tal sociedade, além da vantagem inicial de encaixe de pelo menos metade do Capital Social (o Clube não pode – segundo o “DL” – deter mais de 40% das acções), seria muito mais que isso. Seria aspiração natural, a criação de uma verdadeira estrutura profissional de gestão do futebol, na vertente técnica mas também de negócio (pela venda de activos – entenda-se: jogadores –, pela criação de uma rede de prospecção de jogadores nos vários níveis etários, pela potenciação das receitas de publicidade, de bilheteira, transmissões televisivas, etc. No fundo uma gestão profissional que aliasse os métodos e o rigor de uma gestão de empresa ao emocional, ao místico e à partilha de um ideal comum que encerra um equilibrado fervor clubista. Quanto mais adeptos e sócios maior a visibilidade e maior o mercado e a capacidade de gerar receitas externas – seria lema expectável. Nada disso se viu.

Além da inexistência da tal estrutura e gestão verdadeiramente profissionais, viradas para a criação de talentos e para a promoção do espectáculo futebol, viram-se os seguintes resultados (de 2001/02 a 2005/06):

Classificações
2001/2002 – 5º lugar
(sem acesso às provas da UEFA)
2002/2003 – 9º lugar
2003/2004 – 15º lugar
(não desceu de divisão por mais um golo marcado que o clube então 16º classificado)
2004/2005 – 9º lugar
2005/2006 – 15º lugar
(desceu de divisão – campeonato ainda não homologado devido ao caso «Mateus»).

Nestes cinco anos obtivemos duas das piores classificações de sempre. Numa delas, com o maior orçamento de sempre. O que permite avaliar a (in)capacidade de gestão de que tem enfermado a SAD e o Clube.

Mas há mais...

Passes vendidos
César Peixoto
ao F.C. Porto (a preço de saldo)

E, sem ter formalmente a ver com a performance da SAD, mas com grandes responsabilidades do Clube e da performance da equipa de futebol...

Evolução da Massa Associativa
24.056 (13.044 contribuintes)
, no final de 2001;
22.551 (11.972 contribuintes), no final de 2002 (-1.500 geral e -1050 contribuintes);
21.176 (9.966 contribuintes), no final de 2003 (-1.400 geral e -2.000 contribuintes);
19.156 (9.439 contribuintes), no final de 2004 (-2.000 geral e -500 contribuintes);
18.149 (7.979 contribuintes), no final de 2005 (-1.000 geral e -1.500 contribuintes).

De notar que não se reflete nestes números o impacto da descida de divisão (mesmo que não homologada no momento de escrita do apontamento) ocorrida em Maio de 2006.

Mesmo assim, é fácil verificar que em cinco anos (exercícios de 2001 até 2005) o Belenenses perdeu, sem esboçar qualquer reacção, por mínima que fosse, cerca de 6.000 sócios – 25% do total (!!!), dos quais 5.000 contribuintes – 83% do total de sócios perdidos).

Em linguagem comum, sem contar com o impacto da época de 2005/06 (não desprezável de todo) UM EM CADA QUATRO SÓCIOS DEIXARAM DE O SER.

Os números falam por si.

Nunca as proféticas palavras de Acácio Rosa, que nos deixou em testemunho, em 1991, tiveram tanta adequação à realidade:

«O que mais me confrange é que a maioria dos beléns só pensa na bola que vai à trave, no “penalty” marcado ou deixado por marcar.»

«Pensem que nascemos pobres.» (...)

«Pensem como foram construídas as Salésias, como surge o Restelo.» (...)

«Pensem que o Bingo não é eterno.» (...)

«Estamos a ser ultrapassados por clubes que têm menos de metade do que nós temos.»

«Não podemos ser subservientes. Temos a nossa independência.» (...)

«Belém: ACORDA! Pensa que o clube está em perigo.»

«Tem-se clara impressão (da minha parte, certeza) que, nos últimos anos, a grande maioria dos nossos dirigentes (sem mística clubística), apenas desejam ser directores, misturando-se de apoiantes e colaboradores em campanhas eleitorais ou em séquito de aduladores do presidente para deambularem nas sessões solenes... nos camarotes, nos jogos de futebol.
São estes ‘beléns’, os culpados da inércia.» (...)

«... que os Belenenses do Futuro amem o Belenenses como o vi ser amado pelos ‘rapazes da praia’ e que façamos a perpetuidade do clube, através dos nossos filhos e netos, mantendo viva a necessidade do aumento associativo.»

«Meu Deus! Somos tão poucos…»


Concluindo: criar a SAD foi uma forma de angariar capital e limpar dívidas, que outros erros não corrigidos não tardaram em criar de novo e aumentar com consequências temidas mas ainda não totalmente estimadas.

No final da leitura deste apontamento é natural que se pense que quem o escreveu é contra a existência de SAD’s. Não necessariamente. Certamente será contra a não realização dos seus objectivos primários e será também contra a adulteração total desses mesmos objectivos. Embora esteja convicto que a sua existência não deveria ter-se tornado praticamente obrigatória, mas o panorama do futebol português não deixou grandes alternativas.

Ficam algumas questões. Se não serviu os sócios do Clube (logo, não serviu o Clube), serviu a alguém? Ajuda olhar para a estrutura accionista em 2006? A quem interessa a gestão amadora?

A ninguém? Se não interessa a ninguém – verdadeiramente – então porque passa o Belenenses por «isto»? Porque continua a ser gerido desta forma? Porque se sujeitam os sócios «resistentes» a «isto»?



2003 – Primeira prova na Pista Sintética de Atletismo do Restelo

Inaugurada a 25 de Maio, mês e meio foi pela primeira vez utilizada numa prova oficial. O evento, denominado «4ª Jornada de Verão», organizado pela Associação de Atletismo de Lisboa, era destinado a atletas dos escalões de Juvenis, Juniores e Seniores, masculinos e femininos, com o seguinte programa:

18h30 – Salto em Comprimento (masculinos)
18h30 – Lançamento do Dardo (femininos)
18h40 – Corrida de 400 metros ( femininos )
18h50 – Corrida de 400 m ( masculinos )
19h05 – Corrida de 800 metros (femininos)
19h15 – Corrida de 800 metros (masculinos)
19h30 – Corrida de 100 metros (femininos)
19h30 – Lançamento do Dardo (masculinos)
19h30 – Salto em Comprimento (femininos)
19h40 – Corrida de 100 metros (masculinos)
20h00 – Corrida de 5000 metros (masculinos)

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Registou-se forte adesão de atletas, querendo participar na estreia da única pista semelhante em Lisboa.

As medalhas, a premiar os melhores atletas, foram entregues pelo então Secretário de Estado do Desporto, Herminio Loureiro.

Para a história ficará a atleta Valinho Frazão, juvenil vencedora da prova de 4X200 metros, da Juventude Vidigalense, que será recordada, por ser a primeira atleta a cortar a meta da nova pista do Restelo.