terça-feira, 15 de agosto de 2006

Alice neste País das Maravilhas ou a Louca Inconsistência da Rainha de Copas

Artigo de opinião de Vítor Gomes, publicado em simultâneo com o Blog CFBelenenses:

Para falar verdade já não me lembro se a malvada rainha do conto de Lewis Carroll era de copas, de espadas ou de outro qualquer naipe. Mas que a conduta desta rainha e de todo o elenco da história era de loucos, era sem dúvida.

Esta recordação da juventude de todos nós, independentemente do factor idade de cada um, pertence a uma fase da descoberta do elogio à loucura colectiva em que navega o nosso mundo.

Não acabei de descobrir o ovo de galinha que nasceu do ovo. Este tema já foi dissecado até uma cansativa exaustão, na sua poesia, no seu ensinamento, mas o que é facto é que ainda vive na nossa memória e, de vez em quando, é apropriadamente bem-vindo quando descobrimos que temos a triste honra de viver numa terra do faz de conta.

É evidente que a minha rainha de copas é a LPFP e simultaneamente a FPF. Ainda não compreendi porque é necessária a primeira, mas isso pertence a outro tema que não pretendo abordar. Talvez os jornais de finanças e negócios tenham explicações, mas isso agora não me interessa como acabei de dizer.

Do que eu não tenho dúvidas é que neste caso de loucura a que se deu o nome Mateus, o nosso Lewis C. teria certamente uns extras a acrescentar à palhaçada desconcertada (ou não) que benevolamente chamarei apenas farsa.

Os créditos negativos estão todos no sistema. E esse sistema, tal Chapeleiro Louco, quer por força ignorar o que está escrito na Lei, interpretar a seu belo prazer na fórmula que lhe convém um fim favorável. Ora aqui entra em cena o conjunto de personagens que nos fazem rir: a Lebre, o Rato do campo, o Coelho Branco e o Gato que ri. E também outros que não entram naquela história mas fazem parte desta e a que chamarei os Compadres.

Há normas e fórmulas a cumprir sob a capa honesta da legalidade e isso deveria ser efectuado em tempo útil. Há acima de tudo aquela honestidade a perseverar e a honrar, doa a quem doer. A Rainha de Copas déspota e caricata não liga a isso, aponta para aquela senhora de olhos vendados e de balança na mão e autoritariamente berra: cortem-lhe a cabeça!

E tudo isto ante a passividade sonolenta e pastosa daqueles que deveriam demonstrar que estão vivos e vivos para resolver os problemas que devem resolver.

As agruras da Alice já duram há tempos que não lembrariam a ninguém persistirem. Nem o Coelho Branco que andava sempre a correr, nem o Gato Sorridente, ficariam bem nesta história que é mais louca que a deles. Certamente que o Lewis Carroll teria muito pudor em colocar as suas grotescas personagens em tal grotesca história. Ainda que ela seja real e se passe nos dias de hoje neste país do faz de conta.

PS : Como Belenenses não posso deixar de salientar o desprezo manifestado pelos clubes da nossa região por este caso em que devíamos ser apoiados pelo menos moralmente. Já recebemos simpatia da Académica e até de Guimarães mas dos nossos “queridos”estarolas de Lisboa, nem um pio, nem um pequeno apoio dos seus adeptos. Claro que têm o direito de se manter à margem, mas se fossem eles que de nós precisassem não haveria margens. Que os leve o diabo e que o Céu lhes caia em cima da cabeça.