quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Balanço da Pré-Época 2005/06

Assistimos, desde o final da época passada, a algo como há muito tempo não se via no Belenenses. Mesmo os mais fortes de memória dificilmente terão uma recordação viva da ocorrência de algo semelhante. Foi um emergir cadenciado de contratações, a grande maioria delas de valor comprovado, numa demonstração de bom trabalho, executado a tempo e horas. Algo que certamente nos orgulha a todos e nos enche de esperança para as épocas desportivas seguintes.A juntar a este excelente trabalho de prospecção e de grande capacidade de antecipação face a adversários de maior capacidade de endividamento, verdadeiros sacos sem fundo, que ninguém controla ou põe fim – o verdadeiro domínio do “Sistema” (Três Estarolas + CS), fui verdadeiramente surpreendido pela positiva por uma declaração de Carlos Carvalhal, publicada no site oficial , de verdadeira ambição, baseada em grande realismo e muito bem dirigida à Alma adormecida do Belenenses. O seu a seu dono e assim, para mim, Carlos Carvalhal começou de forma excelente. Temos batido diversas vezes nesta tecla e durante muito tempo. Pessoalmente diria que foi essa mesmo a sua grande pecha a época passada, mesmo maior que outras questões mais do foro técnico em que cada um de nós, espectadores, terá a sua visão muito particular. O meu desagrado foi público. É nesta nova versão, até prova em contrário, que eu vou fazer fé. Virar de página.

Entradas e Saídas
Num rápido balanço de entradas e saídas de jogadores (ver secção Belenenses 2005/2006 na coluna da esquerda deste blog) verificamos a entrada de 13 jogadores por oposição à saída de 22. Recorrendo a uma conhecida expressão popular: “é muita "fruta"!É importante referir que, destes 22 jogadores que saíram, três encontrar-se-ão esta época emprestados a outros clubes (Gonçalo Brandão, Eliseu e Jorge Tavares) e um (Antchouet) saiu em litígio, num caso que promete arrastar-se ad infinitum, à boa moda da FIFA.Analisando estes números e apesar da inegável qualidade dos reforços, esta movimentação gera um risco grande na capacidade de obtenção imediata de resultados positivos (especialmente arriscado pensando nos objectivos declarados pela SAD/Direcção), devido ao naturalmente menor grau de conhecimento e entrosamento entre os jogadores. Risco este que é, quanto a mim, claramente assumido pelas equipas técnica e directiva.Resumindo: era preciso fazer qualquer coisa. Quanto a mim fez-se bem face às aquisições e ao modo como foram conseguidas.

O futebol
Não tive a oportunidade de observar todos os jogos de preparação, mas baseando-me nos jogos a que assisti (Standard de Liége, Olhanense e Nacional), diria que esta dificuldade foi notória, especialmente do meio campo para a frente. O que, aliás, é natural nestas circunstâncias. Olhando para os jogadores que compõem o plantel fico com a sensação que essa dificuldade tenderá a desaparecer com o tempo. A única questão que me ensombra o espírito é se o tempo que temos (até amanhã à noite) chegará. Esta conclusão não se deve propriamente aos resultados, embora eles revelem sempre algo por mínimo que seja. Deve-se ao próprio futebol que vi. Mesmo tendo em conta algo tão óbvio como o facto de um jogo de preparação deste tipo utilizar frequentemente todo ou quase todo o plantel no mesmo jogo (o que descaracteriza o fluir do jogo) e a carga pesada de trabalho físico a que são normalmente sujeitos os jogadores nessa fase da preparação.Olhando para o conjunto de soluções disponíveis, verifico que temos um plantel bastante polivalente. Apesar disso e não discutindo as razões (que muitas vezes não podem ser do conhecimento público) considero que temos algumas lacunas, embora tenhamos alternativas num dos casos. Refiro-me à lateral esquerda (para mim seria por norma assegurado por Djurdjevic), à zona central da defesa (o lugar natural de Vasco Faísca) e os pontas de lança, embora aqui a questão seja mais de redundância e eu admita que depende em muito da táctica predominante (que prevejo que venha a ser o 4.2.3.1 ou 4.3.3). O meu receio deve-se à eventual repetição do problema clínico de Romeu. E aí, Meyong (apesar do seu voluntarismo) poderá não chegar para as encomendas.Ainda relativamente a estes três jogos foi também com enorme agrado que verifiquei que um certo imobilismo táctico deu lugar a uma maior versatilidade, em parte devido à agora disponível maior variedade de jogadores mas também muito pelo que interpreto ser uma mudança (ou um regresso) da mentalidade agressiva e mais flexível à gestão técnica da equipa. Espero que assim continue.

Relativamente ao período inicial da preparação gostaria apenas de salientar, pela positiva, três pormenores:

1 - Com equipas de nível competitivo e financeiro mais elevado saímo-nos muito bem. Não esperava resultados tão animadores face ao poderio económico dessas equipas.

2 – O impacto mediático muito positivo, do estágio em Florença e dos jogos realizados em França, na projecção da imagem do Belenenses, interna e externamente. A nossa visibilidade aumentou e também pudemos estar mais perto das sempre importantes comunidades portuguesas no estrangeiro. Parece insignificante mas não é. Grão a grão...A própria imprensa desportiva em geral foi compelida a dar uma cobertura noticiosa não inédita mas muito pouco usual. Registo com particular agrado a cobertura dada n'O Jogo durante o estágio em Florença.

3 - Não tenho neste aspecto grandes ilusões de continuidade deste tipo de tratamento até pelo recente “caso” de black-out dos jogadores, provocado por comentários depreciativos de jornalista. Apesar de tudo, fica o registo desta cobertura e da união do grupo enquanto um todo face ao ataque (ou falta de tacto?) a três elementos do grupo. Claro que estes critérios não foram extensivos a outros meios audiovisuais como a TV, o que foi pena. Não é todos os dias que uma equipa portuguesa joga com uma equipa como o Mónaco. Mas o “Sistema” é que manda.Para terminar queria deixar os meus expressos votos de grande sucesso a acompanhar o empenho e qualidade do trabalho feito até agora. Estes serão os sucessos do Belenenses. Lá nos encontraremos no único sítio no mundo em que consigo estar quando o Belém joga no Restelo: No Restelo!

Agora sim... é que vai começar a sério. Alea jacta est.