domingo, 25 de setembro de 2005

A Crónica do Jogo

Crónica de uma derrota anunciada

O F.C. Portos venceu esta noite o Belenenses por 2-0, em partida a contar para a 5ª jornada do Campeonato Nacional de Futebol, que teve a presença de cerca de 500 adeptos azuis. Este resultado não seria grande surpresa, por o Porto se assumir como um candidato ao título e o Belenenses não, se não fosse o facto de o nosso clube vir de 3 vitórias consecutivas e possuir o ataque mais concretizador da prova. Carlos Carvalhal fez jus à velha máxima, em equipa que ganha não se mexe, e apresentou o mesmo “onze” pela terceira vez consecutiva. Só que o Porto não é o Leiria, nem o Guimarães, nem o Penafiel.

Tal como em Alvalade, o jogo começou muito equilibrado, com o Belenenses a disfrutar de 3 oportunidades de golo nos primeiros minutos, remate de Paulo Sérgio para defesa de Baía no primeiro minuto e cabeçada de Pelé e remate de Silas, no mesmo minuto, para defesas apertadas de Baía. Depois o Porto foi-se libertando da maior pressão do Belenenses, e após um remate ao lado de McCarthy, o mesmo jogador conseguiria aos 17 minutos o primeiro golo do jogo, num lance em que Pelé não fica isento de culpas, pois deixa o sul-africano receber a bola, rodopiar e rematar, ainda fora da grande área. A partir daí, tal como contra o Sporting, o Belenenses desuniu-se e foi o Porto que ficou com o comando do jogo.

Até final da primeira parte realce apenas para um remate de José Pedro, aos 32 minutos, a rasar o poste direito da baliza de Vítor Baía.

Para a 2ª parte, Carlos Carvalhal fez adiantar um pouco mais Silas, passando o Belenenses a jogar em 4-3-3. Isto fez com que o Porto dispusesse de mais espaço e conseguisse criar mais, e melhores, oportunidades de golo. Aos 5 minutos defesa de Marco Aurélio a remate de Jorginho, aos 10 nova grande defesa a remate de McCarthy.

Até que aos 11 min. surge o 2º golo do Porto, obtido em fora de jogo por Jorginho. Tabela dos jogadores portistas na área do Belenenses, e quando McCarthy dá o último toque para Jorginho, este está em posição de claro fora de jogo. Admitimos que o árbitro auxiliar, do lado contrário, não tenha visto o toque do sul-africano, mas o árbitro tinha obrigação de ver, pois estava muito perto da jogada.

Carlos Carvalhal decide mexer na equipa, e tal como o tinha feito em Alvalade, muda todos os avançados. Que se pode pedir a três homens que saiem do banco, em vinte minutos, a perder por 2-0 no Dragão? Milagres? Pela primeira vez nos últimos três jogos, CC vê a prestação nula de Paulo Sérgio e substitui-o por Ahamada aos 13 min. Aos 20, Romeu entra para o lugar de Meyong e aos 28 min. José Pedro, uma das exibições menos conseguidas da equipa, dá o lugar a Fábio Januário. Com estes minutos de jogo, e entrando quando o resultado já “queima”, muito dificilmente Romeu marcará golos neste Campeonato!

Entre estas substituições, destaque para um remate de Silas, para mais uma grande defesa de Baía e uma cabeçada de Pelé ao lado da baliza. Antes de sair, Zé Pedro ainda viu o único cartão amarelo da nossa equipa neste jogo.

Até final, controlo de jogo por parte do Porto e mais um punhado de boas defesas de Marco Aurélio.

Arbitragem de Bruno Paixão manchada pela 2º golo do Porto em claro fora de jogo. Tirando isso, nem esteve mal.

Em resumo, dizem que não há dois jogos iguais, mas este pareceu tirado a papel químico do jogo de Alvalade. Os mesmos receios e os mesmos erros nas substituições. Não será este resultado que vai afectar a nossa confiança na equipa, mas se queremos um Belenenses mais forte e mais ambicioso, temos que rever a nossa postura nos jogos contra equipas que têm um potencial superior ao nosso.

Análise individual dos nossos jogadores:

Marco Aurélio – 4.
Noite de muito trabalho. Alguma intranquilidade inicial, e numa bola largada já no final do jogo, mas o principal responsável por o resultado não ter sido mais dilatado.

Amaral – 3. Sem grandes problemas a defender, o Porto atacou mais pela direita, mas não foi o desiquilibrador ofensivo que necessitávamos.

Gaspar – 3. Ainda à procura do seu espaço. O entendimento com Pelé ainda não é o melhor.

Pelé – 3. Exibição menos conseguida do nosso central. No primeiro golo dá demasiado espaço a McCarthy, o que não pode acontecer. Algo nervoso.

Vasco Faísca – 3. Defesa esquerdo adaptado tem destas coisas, quando o ataque é forte e continuado pelo seu lado sente grandes dificuldades.

Sandro – 3. Desta vez não esteve tão bem como em jogos anteriores. Deu algum espaço ao ataque portista pelo centro do terreno.

Pinheiro – 3. Descaiu em demasia para o centro, deixando o lado direito desguarnecido. Não apoiou o ataque.

José Pedro – 2. Perdeu muitas bolas a meio-campo, falhou muitos passes e não apoiou o ataque. Devia ter saído mais cedo.

Silas – 3. Não teve grandes hipóteses de brilhar. No entanto ainda “fabricou” duas grandes jogadas, uma em cada parte.

Paulo Sérgio – 2. Excelente remate no primeiro minuto, grande passe para dentro da área aos 10, e depois? Nada. Bem substituído, pela primeira vez, aos 13 min. da segunda parte.

Meyong – 3. Não é Antchouet. Não pode jogar sozinho no ataque. Substituído por Romeu, com resultados iguais.

Ahamada – 2. Entrou quando Carvalhal resolveu mudar todo o ataque. Pouco ou nada adiantou.

Romeu – 2. Pede-se milagres a um homem quando se manda entrar a 25 minutos do fim, a perder por 2-0 no Porto e se substitui todo o ataque. Desta forma Romeu dificilmente fará algum golo durante este Campeonato.

Fábio Januário – 2. Entrou para fazer número. O Belenenses foi incapaz de criar uma jogada pelo seu lado.

Carlos Carvalhal – 2. Com os erros, e as derrotas, também se aprende. Erro igual ao de Alvalade, substituir o ataque todo. Com a agravante de ter dado o comando do jogo ao Porto na 2ª parte.