Foi sócio do Belenenses durante 68 anos; é uma das 12 figuras que detém o mais alto galardão do nosso clube, a Cruz de Ouro; foi 2 vezes Presidente da Direcção e integrou ainda a Junta Directiva de três elementos que dirigiu o clube entre 1967 e 1969; foi Presidente do Conselho Fiscal por duas vezes; introduziu no clube duas modalidades: o Andebol (de que foi o 1º seleccionador nacional) e o Voleibol; durante anos, pagou do seu bolso as despesas da grande maioria das modalidades extra-futebol; pagou também a iluminação do Campo de Basquetebol nas Salésias; foi o criador do Grupo dos Mil e dos Prémios Pepe; estava presente quando o Belenenses foi intimidado a sair das Salésias e teve que procurar o terreno para construir um novo Estádio; esteve presente, na primeira linha, nas horas dramáticas em que o clube perdeu o Restelo e sofreu todos os enxovalhos e recuperações, ou quando se encetou a campanha para que no seu mastro voltasse a ser hasteada a nossa gloriosa bandeira; foi ele quem foi buscar o grande Matateu quando este, pela ingratidão dos homens, saía do Belenenses; foi ele o único que quis deitar a mão ao clube nas “horas” dramáticas de 82, quando nem dinheiro havia para produtos da enfermaria; foi ele quem levantou a voz para denunciar situações lesivas do nosso clube, designadamente no que respeita à utilização de dinheiros; foi ele o constante dinamizador das homenagens e testemunhos de gratidão às (outras) grandes figuras do clube; foi ele o grande historiador da nossa gesta, que consubstanciou em milhares de páginas.
1936 – Nasce Mário Rosa Freire
O Destino tem destas ironias... Nascidos no mesmo dia, embora com 24 anos de diferença, Mário Rosa Freire e Acácio Rosa interagiram bastante: de facto, foi pela mão de Acácio que Mário chegou a cargos directivos no clube; e começaram por se elogiar mutuamente, inclusive quando Mário Rosa Freira tomou posse como Presidente, sucedendo justamente a Acácio Rosa. Mais tarde, porém, veio o confronto entre duas figuras que, de qualquer maneira, têm um lugar na história do clube e que, em alguns momento, citando Alexandre Pais, terão feito "o milagre das rosas".
Embora mais recentemente tenha exercido outras funções, não executivas, no clube, Mário Rosa Freire deixou nele a sua grande marca nos 8 anos em que presidiu à Direcção do Belenenses, entre 1982 e 1990. Foi a mais longa Presidência consecutiva (4 mandatos de 2 anos) da história azul.
Pegou no clube quando este vivia o trauma da impensável (primeira) descida de divisão, e ainda financeiramente debilitado, apesar do começo da inversão da situação, já encetada, precisamente, pelo seu sucessor Acácio Rosa. A pulso, trouxe o Belenenses de volta à 1ª Divisão. Foram tempos ao mesmo tempo angustiantes e empolgantes, pois a nação Belenenses mobilizou-se e milhares de adeptos azuis invadiam os campos onde a nossa equipa jogava, até culminar na grande festa das últimas jornadas de 83/84, em Sesimbra (subida assegurada) e, depois, no Restelo, quase cheio, para a consagração. Seguiu-se o reforço sustentado da nossa equipa de futebol, que recuperou algum do fulgor de outros tempos, com uma vitória na Taça de Portugal e uma presença numa outra final, um 3º lugar no Campeonato, e participações bastante honrosas na Taça UEFA e na Taça das Taças. Em outras modalidades, também se registaram sucessos, nomeadamente no Andebol, com a conquista de um Campeonato Nacional, uma Taça de Portugal e 2 Supertaças (curiosamente no tempo em que aí pontificavam os futuros opositores Acácio Rosa e Mendes Pinto) e algumas outras presenças na final da Taça. Igualmente vai um destaque para as presenças de José Pinto, Maria José Falcão e Margarida Carmo em Jogos Olímpicos. A par disto, foi também na Direcção de Mário Rosa Freire que começou o bingo do Belenenses, fonte de receitas que se tornaria absolutamente fundamental para o clube.
Pena foi que, no último ano do seu mandato, Mário Rosa Freire e os que o acompanhavam pareçam ter perdido o seu fulgor, não se dando assim seguimento às fagueiras promessas depois da Taça de Portugal e do 3ª lugar no Futebol. De resto, havia uma crescente contestação de sectores tradicionais do clube, o que suscita interrogações que aqui não cabe debater.
Em termos futebolísticos, porém, não restam dúvidas de que Mário Rosa Freire fica ligado à melhor fase do Belenenses nas últimas épocas.
1951 – Matateu chega a Lisboa, ingressando no Belenenses
De Sebastião Lucas da Fonseca “Matateu” está tudo dito e, porém, está ainda tanto por dizer. Como falaremos dele a propósito de outras efemérides que se lhe associam, por hoje limitamo-nos a lembrar que, nos anos 50, todos os miúdos queriam ser o Matateu, nos seus jogos; e que a sua morte foi notícia no mundo (incluindo, por exemplo, a CNN).
1960 – Vitória 5-0 sobre o Benfica, para a Taça de Honra
É um jogo épico, que está ainda na memória de muitos Belenenses. Foi no Estádio Nacional e a superioridade do Belenenses sobre o Benfica – que 8 meses depois seria Campeão Europeu – ficou bem expressa nos números contundentes. Ao intervalo, ganhávamos já por 2-0, golos de Matateu aos 15 e aos 18 minutos. Na 2ª parte, Matateu aos 49, e Yaúca aos 51 e 84 minutos, fizeram a mão-cheia. Assim se vergou o Benfica, onde pontificavam (e alinharam nesse dia) nomes lendários como Coluna, José Augusto, Germano, José Águas, Cavém ou Costa Pereira. Quanto ao Belenenses, alinhou desta forma:
José Pereira; Rosendo e Moreira; Vicente, Pires e Castro; Yaúca, Matateu, Tonho, Carlos Silva e Estevão.
Quanto ansiamos voltar a viver um momento destes!
1961 – Estreia na Taça UEFA (então denominada Taça das Cidades com Feira)
Esta é uma dupla estreia: do Belenenses, nas competições europeias (se não contarmos a Taça Latina), e de equipas portuguesas, nesta prova.
O nosso primeiro adversário foi o Hibernian, que conta no seu palmarés com 5 títulos de campeão da Escócia. Começámos excelentemente, na primeira mão, disputada em casa do nosso adversário: chegámos a estar a ganhar por 3-0, com uma primeira parte de luxo. Graças à amabilidade do nosso amigo Álvaro Antunes, pudemos ver um resumo desse jogo, em que Matateu (já com 34 anos!) e Yaúca brilharam a grande altura, perante o entusiasmo e audível admiração do próprio comentador britânico. No entanto, o Hibernian conseguiu recuperar e chegou ao empate final, por 3-3 – mesmo assim, por ter sido fora de casa, um bom resultado.
O pior foi a 2ª mão, no Restelo, onde baqueámos, com um golo de Matateu, contra 3 dos escoceses.
Foi pena. Iniciava então o Belenenses os seus dias sombrios: tinha perdido a posse do Restelo dois meses e meio antes. Ficará sempre a interrogação: que proezas o Belenenses das décadas anteriores – que vergava o Real Madrid, o Barcelona, o Valência, o Borússia Dortmund, etc, etc. – não teria conquistado, se então houvessem competições europeias?