José Pereira, conhecido como o Pássaro Azul pelos seus voos elegantes para deter a bola, marcou uma época na baliza do Belenenses. Com efeito, desde ainda a primeira metade da década de 1950 até 1967, ele foi o nosso guardião. Em 1967, mal-amado pela massa associativa (já nesse tempo a memória era curta...) e em fim de carreira, saiu para fazer uma época no Beira-Mar. Radicou-se, depois, em Espanha.
Segundo conta quem viu, tinha algo de imprevisível: por vezes, dava os seus frangos, em bolas aparentemente fáceis, mas evitava golos de uma forma que parecia impossível de fazer.
Como outros grandes jogadores do Belenenses, José Pereira viu escapar-se-lhe um Campeonato Nacional – e ele viu mais proximamente do que ninguém, pois foi na sua baliza que Martins marcou aquele golo fortuito a 4 minutos do fim do último jogo de 54/55, tirando-nos o título...
Ganhou, no entanto, as então importantes Taças de Honra de 59/60 e 60/61 e, embora não tenha podido jogar na final (em que o Guarda Redes foi Nascimento), contribui para a conquista da Taça de Portugal de 1960. Esteve na estreia, e subsequentes jogos, do Belenenses na antecessora da Taça UEFA, tendo alinhado em 12 partidas. Disputou ainda a Taça Latina de 1955.
Foi 11 vezes internacional pela Selecção A, já para o final da sua carreira, em plena maturidade. Estreou-se em 19 de Abril de 1965, data em que Portugal foi ganhar à Turquia por 1-0. Logo a seguir, em 25 de Abril, um dia para a história: reduzido a 10 elementos, Portugal ganhou em casa da Checoslováquia por 1-0, e José Pereira foi determinante, ao defender assombrosamente um penalty.
José Pereira na Selecção Nacional que ganhou na Checoslováquia em 1965 (2º a contar da direita)
Juntamente com Vicente, esteve a representar Portugal no Campeonato do Mundo de 1966, em Inglaterra. Só no 1º jogo não foi titular, dando, pois, um importante contributo para o brilhante 3º lugar conquistado pela nossa Selecção. Fez a sua última partida no Onze Nacional em 13 de Novembro de 1966.
José Pereira ao serviço da Selecção Nacional no Mundial de 66
José Pereira foi, provavelmente, o mais destacado Guarda Redes da história futebolística e está certamente na nossa galeria dos notáveis. O Belenenses deve-lhe a homenagem que nunca lhe prestou...
José Pereira em acção num Restelo cheio - quando o voltaremos a ver assim?