1969 – Readquirida a posse do Estádio do Restelo
Para entender verdadeiramente o que significou este deste dia para os Belenenses, em 1969, é necessário recuar 23 anos.
A 17 de Junho de 1946, apenas três semanas depois do Belenenses se sagrar Campeão Nacional da Primeira Divisão, é recebida notificação camarária de que teria de abandonar os terrenos das Salésias, em virtude da construção de uma urbanização pela Câmara Municipal, que quase 60 anos depois ainda não foi construída.
Tanto que fora investido na infra-estrutura desportiva então ali existente (e também com que custos desportivos para o Clube), daquela que foi também e durante muitos anos a casa da Selecção Nacional de Futebol, único relvado e campo condigno em Portugal. Assim quiseram os poderes instituídos e ao Belenenses mais não restou que lançar-se na gesta da construção do novo Estádio.
É já conhecida, embora nunca seja demais relembrar até por questões de enquadramento, o que se passou com a escolha de local para a construção do novo Estádio. Os Belenenses de então não aceitaram nem nunca aceitariam sair de Belém, recordados todos do que se passara com o nado Belenense e desenraízado Sport Lisboa.
Acácio Rosa narra assim uma reunião na Câmara há 55 anos atrás, em que esteve presente como dirigente do clube: “Apontaram-nos em Belém uma mancha toda a negro na planta da cidade de Lisboa, uma pedreira a que a Câmara não sabia que destino dar”.
Uma pedreira abandonada. Rezam os números que somente na construção do aterros, feito à força de dinamite, se terá gasto o que havia para a construção de todo o Estádio. Várias campanhas foram lançadas para angariação de fundos para a restante construção e finalmente o Belenenses tinha um novo estádio, condigno com a sua grandeza.
No entanto, o Belenenses exaurido pelo tremendo esforço financeiro, apesar da dedicação de tantos e tantos sócios, enterrara as suas esperanças de poder ombrear no futebol com outros clubes de topo. Clubes que tiveram apoios e subsídios que ao Belenenses foram negados. Clubes que não investiram em património que servia a todos como o Belenenses fizera durante décadas. O Belenenses gastou nessas instalações o que poderia ter gasto – e outros gastaram - em jogadores para reforçar as suas equipas.
Assim, o Belenenses assistiu à que terá sido a mais negra página na sua história. Não podendo usar os expedientes e pressões que actualmente outros clubes usam para não pagar as suas dívidas, teve o Belenenses que acordar com a Câmara o “resgate” do estádio. Ou seja, vítima de uma exigência draconiana sem paralelo no desporto português, ficou sem a propriedade do estádio que com tanto esforço construíra. E, durante oito anos, de 1961 a 1969, tinha que pagar quantias astronómicas para o poder utilizar. E, cúmulo das humilhações e desventuras por que teve de passar, viu os seus troféus despejados, encaixotados na rua, tratados com desprezo como se fossem as armas de um vilão – e não os signos visíveis de um esforço e de uma dedicação dignos, honrados e gloriosos de gerações de belenenses!
Ergueu-se mais uma vez a alma do “Belém” – e, mais uma vez, o clube resistiu. Como tem sabido resistir desde a sua fundação, logo contrariada e apredrejada... Assim, em 1967, a Junta Directiva do Clube, tendo à sua cabeça o Dr. Gouveia da Veiga, o Dr. Coelho da Fonseca e Acácio Rosa, entre muitas outras batalhas, iniciou a luta para reaver o estádio.
A própria imprensa de então insistia na justiça do acto de devolução do Estádio ao Belenenses, especialmente a partir do momento em que Benfica e Sporting tinham visto resolvidos os problemas com os respectivos parques desportivos pela mesma Câmara Municipal, restando o Belenenses como enteado desamparado.
Inicia-se uma mobilização por todo o mundo onde havia portugueses para a causa da devolução do Estádio. Foram dezenas e dezenas e dezenas de milhares de assinaturas a reclamarem essa devolução. Só no Brasil, foram mais de 50.000 (!) acção em que se destacou Salustiano José Lopes (na foto acima – à esquerda – a receber a medalha de ouro de dedicação).
O Belenenses veio a conseguir, enfim, a concessão do direito de superfície, 5 dias antes do Cinquentenário, a 18 de Setembro de 1969.
Fica para a história a perseverança dos dirigentes da Junta Directiva e de todos os Belenenses que de todas as formas e com a sua extraordinária mobilização, sem precedentes, contribuíram para que este momento de reposição da justiça fosse possível.
Para entender verdadeiramente o que significou este deste dia para os Belenenses, em 1969, é necessário recuar 23 anos.
A 17 de Junho de 1946, apenas três semanas depois do Belenenses se sagrar Campeão Nacional da Primeira Divisão, é recebida notificação camarária de que teria de abandonar os terrenos das Salésias, em virtude da construção de uma urbanização pela Câmara Municipal, que quase 60 anos depois ainda não foi construída.
Tanto que fora investido na infra-estrutura desportiva então ali existente (e também com que custos desportivos para o Clube), daquela que foi também e durante muitos anos a casa da Selecção Nacional de Futebol, único relvado e campo condigno em Portugal. Assim quiseram os poderes instituídos e ao Belenenses mais não restou que lançar-se na gesta da construção do novo Estádio.
É já conhecida, embora nunca seja demais relembrar até por questões de enquadramento, o que se passou com a escolha de local para a construção do novo Estádio. Os Belenenses de então não aceitaram nem nunca aceitariam sair de Belém, recordados todos do que se passara com o nado Belenense e desenraízado Sport Lisboa.
Acácio Rosa narra assim uma reunião na Câmara há 55 anos atrás, em que esteve presente como dirigente do clube: “Apontaram-nos em Belém uma mancha toda a negro na planta da cidade de Lisboa, uma pedreira a que a Câmara não sabia que destino dar”.
Uma pedreira abandonada. Rezam os números que somente na construção do aterros, feito à força de dinamite, se terá gasto o que havia para a construção de todo o Estádio. Várias campanhas foram lançadas para angariação de fundos para a restante construção e finalmente o Belenenses tinha um novo estádio, condigno com a sua grandeza.
No entanto, o Belenenses exaurido pelo tremendo esforço financeiro, apesar da dedicação de tantos e tantos sócios, enterrara as suas esperanças de poder ombrear no futebol com outros clubes de topo. Clubes que tiveram apoios e subsídios que ao Belenenses foram negados. Clubes que não investiram em património que servia a todos como o Belenenses fizera durante décadas. O Belenenses gastou nessas instalações o que poderia ter gasto – e outros gastaram - em jogadores para reforçar as suas equipas.
Assim, o Belenenses assistiu à que terá sido a mais negra página na sua história. Não podendo usar os expedientes e pressões que actualmente outros clubes usam para não pagar as suas dívidas, teve o Belenenses que acordar com a Câmara o “resgate” do estádio. Ou seja, vítima de uma exigência draconiana sem paralelo no desporto português, ficou sem a propriedade do estádio que com tanto esforço construíra. E, durante oito anos, de 1961 a 1969, tinha que pagar quantias astronómicas para o poder utilizar. E, cúmulo das humilhações e desventuras por que teve de passar, viu os seus troféus despejados, encaixotados na rua, tratados com desprezo como se fossem as armas de um vilão – e não os signos visíveis de um esforço e de uma dedicação dignos, honrados e gloriosos de gerações de belenenses!
Ergueu-se mais uma vez a alma do “Belém” – e, mais uma vez, o clube resistiu. Como tem sabido resistir desde a sua fundação, logo contrariada e apredrejada... Assim, em 1967, a Junta Directiva do Clube, tendo à sua cabeça o Dr. Gouveia da Veiga, o Dr. Coelho da Fonseca e Acácio Rosa, entre muitas outras batalhas, iniciou a luta para reaver o estádio.
A própria imprensa de então insistia na justiça do acto de devolução do Estádio ao Belenenses, especialmente a partir do momento em que Benfica e Sporting tinham visto resolvidos os problemas com os respectivos parques desportivos pela mesma Câmara Municipal, restando o Belenenses como enteado desamparado.
Inicia-se uma mobilização por todo o mundo onde havia portugueses para a causa da devolução do Estádio. Foram dezenas e dezenas e dezenas de milhares de assinaturas a reclamarem essa devolução. Só no Brasil, foram mais de 50.000 (!) acção em que se destacou Salustiano José Lopes (na foto acima – à esquerda – a receber a medalha de ouro de dedicação).
O Belenenses veio a conseguir, enfim, a concessão do direito de superfície, 5 dias antes do Cinquentenário, a 18 de Setembro de 1969.
Fica para a história a perseverança dos dirigentes da Junta Directiva e de todos os Belenenses que de todas as formas e com a sua extraordinária mobilização, sem precedentes, contribuíram para que este momento de reposição da justiça fosse possível.