segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Naval 2 - BELENENSES 1: Crónica e Comentário

A “Europa” não é por aqui...

Nos primeiros minutos agradou-me a velocidade com que estávamos a atacar a bola. Foi um início mexido embora com maior preponderância da Naval.

Aos 8’ a já habitual instabilidade/desleixo de Pelé. Mau atraso de Pelé para Marco Aurélio e grandes dificuldades deste para aliviar.
Aos 12’ um remate muito perigoso da Naval que não dá golo por pouco. Aos 14’ amarelo para Faísca numa das muitas vezes que seria ultrapassado pelo extremo direito da Naval.
Aos 15’ mais uma falha da defesa belenense e bola no poste de Marco Aurélio, rematada por Fajardo.

Nem a única jogada digna de registo, produzida por Ahamada na esquerda, que deu um livre perigoso aos 17’, que não o chegou a ser, conseguiu limpar esses receios iniciais.

Aos 21’ a incapacidade da defesa do Belenenses em tirar a bola da zona de perigo quase dava golo. De novo.
Aos 27’ o anunciado golo da Naval. Confusão da área e a falta de capacidade em retirar a bola da zona de morte, anteriormente demonstrada e desta feita personificada em José Pedro e Pinheiro (este praticamente na linha de golo) e a garra de Lito (Naval) a marcar num ressalto.

O jogo equilibrou um pouco então, não sem que a Naval continuasse a dominar o jogo e a criar situações de perigo e de golo eminente como aos 37’ em que um avançado da Naval falha o 2-0 isolado perante Marco Aurélio.

Aos 40 minutos Carlos Carvalhal procede a duas alterações (os jogadores estavam já a aquecer desde antes do primeiro golo da Naval). Tira Faísca (inúmera falhas de marcação e incapacidade de atacar e já amarelado) e Ahamada (este completamente improdutivo até então) e coloca Djurdjevic e Paulo Sérgio nos seus lugares. Sousa continuou a aquecer o banco. A 5 minutos do intervalo.

Aos 43’ e sem que nada o fizesse prever, um passe feliz de José Pedro isola Meyong no centro da área. A eficácia deste não permite defesa ao guarda-redes Wilson e estava feito o empate.

E veio o intervalo. Aguardava-se uma postura diferente mas o que surgiu foi a mesma apatia e incapacidade de controlar o jogo e sair bem no ataque. Para piorar Djurdjevic lesiona-se passado 3 minutos do reatamento. Sousa continua no banco e entra Rubem Amorim para o lugar de Djurdjevic. Fábio Januário também continua a aquecer o assento. Estavam consumadas precocemente as 3 alterações permitidas.

Tudo se complicou ainda mais aos 52’ quando um cruzamento muito longo vindo da direita do ataque figueirense descobre Cazarine no centro da área que se eleva melhor que Amaral (a dobrar centrais) e faz um grande golo de cabeça. Vendo a repetição verifica-se que apenas Rolando estava na área (além de Amaral). Onde está Pelé?

Com todas as substituições feitas e sem grandes hipóteses de mexer no posicionamento da equipa assistiu-se a um recuo da Naval, consentido. A Naval viria a criar novamente grande perigo na seuquência da marcação de livre frontal proporcionando um grande defesa a Marco Aurélio que defendou para canto.
Nos minutos seguintes e até final, a Naval remeteu-se ao contra-ataque. O que fez sempre com grande rapidez.

O Belenenses ainda foi capaz de criar duas ou três boas oportunidades mas completamente incapaz de as concretizar. A mais flagrante foi de Meyong (71’) que cabeceia à queima-roupa praticamente em cima da linha de golo para defesa extraordinária de Wilson que, por instinto, atira para canto.

Mais algumas oportunidades de Pinheiro, isolado, de Pelé a fechar o jogo, mas sem sucesso. Estava consumada a derrota. Mais uma.

Disciplina
Amarelos para Vasco Faísca (12’), Rolando (22’) e Paulo Sérgio (89’).


Análise individual aos jogadores:

Marco Aurélio – 3. Sem culpa nos golos. Fez uma boa defesa aos 56 minutos na sequência de livre directo a favorecer a Naval na zona central.

Amaral – 3. Mal no lance do segundo golo da Naval ao permitir o cabeceamento de Cazarine. Esteve activo no ataque na segunda parte. A terminar tem a hipótese de rematar para golo na meia-lua mas perde muito tempo e a bola embate num defesa contrário. Foi um dos poucos que remou contra a maré.

Rolando – 3. Pareceu mal colocado na zona central da defesa no lance do 2-1. No resto do jogo esteve seguro, não sendo ultrapassado.

Pelé – 2. Ainda não percebi o que se passa com este homem. Não vejo a eficácia e segurança da época passada e a defesa ressente-se. Cortes para fora, lances de cabeça perdidos. Onde estava no lance do 2-1? No final teve o empate na cabeça mas atirou também

Vasco Faísca – 1. A mesma incapacidade a atacar e má colocação defensiva habitual. Foi por duas vezes ultrapassado com grande facilidade pelo extremo figueirense que se lhe opunha e não foi mais porque recorreu à falta nas restantes, chegando a ser amarelado logo aos 12’. Substituido por Djurdjevic ainda na primeira parte.

Rui Ferreira – 3. Esteve bem e não foi por ele que perdemos. Raçudo como sempre. Preencheu melhor a área que lhe compete, do que tem vindo a fazer Sandro. Deverá permanecer na equipa se a bola for redonda.

Pinheiro – 2. Colocado inicialmente sobre a meia/extrema direita foi inconsequente a atacar. A meio da segunda parte voltou á sua posição de interior direito por troca com Araújo. Surgiu isolado em duas ocasiões e não teve destreza para concretizar. Nem para rematar aliás, permitindo sempre o corte de um central em recuperação defensiva.

Ricardo Araújo – 3. Cumpriu várias missões, a maioria não correspondendo às posições que melhor lhe assentam. Começou a centro campista, chegou a extremo direito e terminou a lateral esquerdo. Palavras para quê? Pareceu-me o único esclarecido e sem medo no meio-campo.

José Pedro – 2. Sem reflexos, não aliviou a bola da área no primeiro golo da Naval. Fez o passe para o golo do empate. Só por isso não leva “1”. Alguma lei no futebol nos obriga a jogar com dez jogadores apenas? Se tens bons pés não os usa tanto quanto devia. Nem para correr nem para passar. Não é nº 10. A jogar assim não é numero nenhum.

Ahamada – 1.Colocado na esquerda do meio-campo/ataque, não produziu. Esteve sempre muito desacompanhado. Nos 40 minutos que esteve em campo não conseguiu ultrapassar com sucesso o seu adversário directo – o lateral direito da Naval – nas poucas ocasiões em que a bola a ele chegou jogável.

Meyong – 3. Fez o golo do empate (1-1) e podia ter feito o 2-2 aos 71 minutos ao atirar de cabeça, isolado, à figura do guarda-redes da Naval que defende por instinto. Lutou muito mas sempre mal acompanhado.

Paulo Sérgio – 2. 50 minutos em campo e a mesma inconsequência de sempre. Não é capaz de um centro, ou de vencer no 1 para 1. Como avançado (1 de 2) não existe.

Djurdjevic – 1. Entrou para lateral esquerdo e esteve bem até se lesionar. 8 minutos em campo. Aparentemente uma rotura muscular que o atirará para fora da equipa durante mais umas semanas. E quanto a mim vai fazer falta como até aqui tem feito.

Ruben Amorim – 1. Não tem “ritmo”. Neste momento não tem nada que justifique a sua entrada em campo.


Comentário

Carlos Carvalhal – 1. Mal. Péssimo nas substituições 5 minutos antes do intervalo. Eu pergunto... Sousa não entrou para lateral, em vez de Djurdjevic (na primeira parte) porquê? Adaptar Ricardo Araújo a lateral, após a lesão de Djurdjevic??? Para entrar Ruben Amorim? Fábio Januário esteve sentado no banco 90 minutos? Ou foi impressão minha? E sempre que este entrou em campo não mexeu invariavelmente com o jogo?

Mais uma vez tivemos um treinador completamente incapaz de mudar o rumo do jogo a partir do banco. Os factos e os números são expressivos e não iludem ninguém. Três derrotas consecutivas. Sem atenuantes ou desculpas.
Estamos no 11º lugar da tabela classificativa, embora ainda possamos ser ultrapassados pelo Gil Vicente, caso pontuem amanhã contra o Boavista.

Resumo: 7 jogos, 3 vitórias e 4 derrotas. Amanhã vão ter descanso ou vão estar a treinar de tarde? Aceitam-se apostas...

Eu quero que o Belenenses ganhe sempre.
Eu quero acreditar. Mas como? Resposta na próxima sexta-feira, espera-se.