1957 – Nasce José António, Capitão da equipa vencedora da Taça de Portugal em 1989
Convidámos para hoje, para este tributo ao Grande Capitão José António, alguém que muito estimamos. Um dedicado e ferrenho Belenense.
A palavra a... Paulo Jesus
José António Prudêncio Conde Bargiela nasceu a 29 de Outubro de 1957 e faleceu a 02 de Junho de 2005. Completaria hoje 48 anos de idade.
Jogou nas camadas jovens do Carcavelos entre 1972 e 1974 e no Benfica entre 1974 e 1977.
Na época de 1977/1978 representou o Benfica como sénior. Entre 1978 e 1983 foi atleta do Estoril, tendo ingressado no Clube de Futebol “Os Belenenses” em 1983 onde terminou a sua carreira como jogador em 1991, passando a desempenhar funções como secretário técnico do clube.
Foi internacional juvenil por 4 vezes, júnior por 6 vezes, esperança por 5 vezes e envergou a camisola da selecção nacional principal por 3 ocasiões, tendo marcado presença no Mundial do México.
Foi campeão Nacional da 2ª Divisão na época 1983/1984 e liderou a equipa vencedora da Taça de Portugal na época 1988/1989, títulos conquistados envergando a camisola com a Cruz de Cristo ao peito!
Sabes, Zé?
Um grupo de amigos, que tem um blog sobre o nosso Belenenses pediu-me que escrevesse um artigo para assinalar esta efeméride. Preferia não ter que o fazer sem estares fisicamente entre nós.
Foi um choque enorme a noticia da tua morte!
Escrever sobre ti, é como exprimir os nossos sentimentos sobre o nosso Clube! Que felicidade ter tido um jogador com a tua categoria a representar o nosso Belenenses! Que orgulho em ser do Belenenses!
Sabes? O primeiro jogo que vi no Restelo foi em 1986.
Um Belenenses – Vitória de Guimarães que acabou empatado a zero, numa tarde soalheira! Nesse dia não prestei muita atenção ao jogo! Estava embevecido a contemplar o nosso Estádio, a apreciar a sua beleza, a registar os detalhes de um lugar que pisava pela primeira vez! Perdi-me até um pouco, ouvindo um sócio mais idoso a recordar as nossas velhas glórias: Matateu, Vicente, Yaúca e tantos outros de que ele me foi falando, cheio de orgulho e com uma ponta de nostalgia. Como eu falo agora de ti à minha filha, aos amigos e companheiros de jornadas que nunca te viram jogar!
Voltei mais algumas vezes ao Restelo… e foi nessa vezes que comecei a admirar-te! A forma como comandavas aquela defesa, aquela equipa. A elegância que colocavas em campo, a leitura de jogo, a marcação, o desarme, o passe… eras um jogador muito completo, muito forte! Temido e respeitado pelos adversários! Correcto e leal e por isso admirado pelos árbitros. Líder e amigo, por isso acarinhado e reconhecido pelos colegas.
Foste o primeiro a ser designado pelos adeptos como “Grande Capitão”! Eles idolatravam-te!
Mas na minha memória ficaram gravados para a eternidade momentos maravilhosos e repletos de sentimentos que me fizeste viver!
Lembras-te do jogo de Estugarda? Vencemos 1-0 e apurámo-nos para o Mundial do México. No ultimo quarto de hora adivinhava-se o sufoco do futebol aéreo dos “panzeres” germânicos. Então entraste em campo! E que exibição memorável! Recordo-me da imprensa referir que os alemães perguntavam no final quem era aquele careca! E eu respondia-lhes silenciosamente: É o Zé António, do meu Belenenses! O nosso capitão! Grande, Enorme naquele jogo! E quando os amigos se me referiam ao jogo eu respondia, peito inchado, rosto reflectindo orgulho! É do Belenenses!
O outro momento inesquecível foi aquela final da Taça! Colocaste no meu rosto um sorriso radiante sulcado por algumas lágrimas teimosas, de felicidade, quando ergueste aquela taça no Jamor!
E que jogo fizeste mais uma vez! Foi o primeiro título que vi o nosso Belenenses vencer! E tu estavas lá, imponente, orgulhoso como todos nós, a erguer aquela Taça de Portugal, tão suada mas tão merecida! Um momento de glória inesquecível! Como no dia seguinte eu acompanhei tudo o que se disse e escreveu sobre esse jogo! Como me senti orgulhoso a receber os parabéns de amigos de outros clubes, como vivi sentimentos indescritíveis em relação aquela equipa que comandavas magistralmente!
Olha, Zé! Ainda hoje estive a reler algumas crónicas que guardo religiosamente! E fica-me um nó esquisito na garganta e os olhos turvam… realça-se a nostalgia daqueles momentos lindos! Leio coisas que te dignificam como poucos: “mas o grande senhor do jogo foi o “capitão” do Belenenses, não por ter ido lá acima receber a Taça, não pela careca, mas pelos pés e também pela cabeça, em boa verdade. Razão tinha aquele espectador que, à saída, dizia: O Mozer hoje foi o Zé António!”
E que excelente equipa tinha o Benfica, valorizando ainda mais a nossa vitória e a tua enorme exibição!
E foi à cerca de um ano que tive o prazer de te conhecer pessoalmente! Ainda te lembras? Vieram jogar a Santiago do Cacém! Conversámos pouco, mas senti-me novamente muito orgulhoso pela tua simplicidade, pelo teu sorriso aberto e franco! Pela confiança que emanavas pela responsabilidade do que fazias! A postura humilde própria dos grandes campeões! Aquele aperto de mão forte e convicto que me deste na despedida… e foi mesmo uma despedida embora ainda não o soubéssemos!
Morreste a fazer o que gostavas!
Acredito que continues a jogar! Que estejas junto a outras grandes glórias do nosso Clube de Futebol “Os Belenenses”, envergando a braçadeira com a Cruz de Cristo, nesses campos feitos de nuvens, com balizas construídas de estrelas e bolas de lágrimas de saudades!!
Espera por mim! È que ainda quero voltar a ver-te jogar! Quero sentir novamente a felicidade de te ver erguer a Taça! De te dar mais um aperto de mão!
Até sempre Zé! Até sempre MEU AMIGO!
Ah… e parabéns!