terça-feira, 22 de novembro de 2005

BELENENSES, 0 - Marítimo, 1: Crónica e Comentário

Grão a grão, a galinha . . . afunda-se

Hesitei sobre como escrever esta crónica. Especialmente como fazê-la sem escrever palavrões. Foi muito difícil. Mas depois lembrei-me da institucionalização da palavra MERDA aquando da justificação da saída de Carvalhal pelo presidente da SAD, José Barros Rodrigues. Só que eu não tenho que a disfarçar de “estrangeiro”. Merda é Merda. E não foi mais que isso a que assistimos hoje.

Não há maneira de fazer uma crónica sobre isto. Tiro o meu chapéu ao Miguel Barreiros que consegue fazer uma crónica séria sobre o jogo a que assistiu como eu. Eu não o conseguiria, nunca o conseguiria. Pediria ao presidente da SAD para o fazer. Shit happens.... on and on and on and on and on… Até quando ninguém sabe.

Este jogo não interessa. Nenhum jogo desde o final da 5ª jornada interessa. Desde aí que não há equipa do Belenenses. Há um amontoado de gajos. Há um desnorteio total. A todos os níveis.

Matar o Couceiro é matar o mensageiro. Fez asneiras? Se calhar fez. E vai fazer mais. Eu no lugar dele e não sendo adepto do Belenenses pedia demissão. Fazia de conta que ia à casa de banho e desaparecia. Deve estar a pensar o que raio lhe passou na cabeça para aceitar vir para aqui.
Otário! Se calhar pensou que aqui havia profissionais de futebol. De raça. Na melhor das hipóteses deve ter encontrado uns poucos sendo que metade está reformada.

Já não chega a conversa dos problemas psicológicos. O problema é mais grave do que isso. A tabela mostra-o. Estamos a um ponto do 12º lugar, mas o problema é que assim não fazemos ponto nenhum. São equívocos atrás de equívocos. Que se passou desde o Guimarães? 2 meses sem vencer um jogo. Não é um drama é uma realidade. Sete jornadas = seis derrotas e um empate. VINTE E UM pontos possíveis e UM conquistado. Eliminação na Taça de Portugal pelo meio.

Discutir tácticas neste caso é como discutir a anatomia do gambozino.

Quanto tempo precisa um novo jogador que chegue ao Restelo para se tornar no mais amorfo, borrado, inerte, inapto, inócuo e mesmo estúpido jogador de futebol? E a concorrência é grande neste plantel... Será amnésia?


Ficha do Jogo:

Assistência: < 1000 espectadores.

Belenenses:Marco Aurélio; Sousa (Ahamada, 45'), Rolando, Pelé e Vasco Faísca; Sandro Gaúcho, Pinheiro, Djurdjevic (José Pedro, 61') e Fábio Januário (Amaral, 61'); Paulo Sérgio e Romeu.

Marítimo: Marcos; Briguel, Van der Gaag, Valnei (Nuno Morais, 69') e Evaldo; Wénio, Fahel e Mancuso; Marcinho, Kanu (Sergipano, 69') e Manduca (Komac, 88').

Golos: 0-1 por Manduca (37' de penalty).

Disciplina: Amarelo para Valnei (23'), Kanu (27')e Wénio (83') pelo Marítimo. Marco Aurélio (36'), Vasco Faísca (57') pelo Belenenses.


Análise individual aos jogadores:

Marco Aurélio (1): Inseguro, ingénuo. Continuem a tapar o sol com a peneira e não encarem o problema e continuem a negá-lo, que vamos por bom caminho.

Sousa(1): Saiu ao intervalo, sacrificado a uma alteração táctica muito arriscada e de difícil justificação da forma como foi implementada com Paulo Sérgio a lateral direito e logo de seguida alterada de novo com a entrada de Amaral. A prova da intranquilidade, da insegurança e da cabeça perdida deu-a Sousa ao correr 20 e tal metros para protestar com o jogador que deu uma patada de pitons no peito de Romeu. Arriscou-se ao amarelo.

Rolando (2): Como não estar inseguro? Claro que está. Não comprometeu. Problemas de colocação, muito encostado ao guarda-redes em vez de subir para a linha de meio-campo.

Pelé (3): Acabou a ponta de lança. Não comprometeu. Problemas de colocação, muito encostado ao guarda-redes em vez de subir para a linha de meio-campo.

Vasco Faísca (0): Sem comentários. O homem não merece mais críticas por insistirem em colocá-lo a lateral esquerdo. Mais um a ser queimado...

Sandro (1): Desapareceu. Entra mal à bola, péssimo no desarme (vai “à queima” e é facilmente ultrapassado, está incapaz de fazer um passe, de iniciar uma jogada de ataque.

Pinheiro (1): O seu verdadeiro nome é “Bati-com-os-cornos-num-PINHEIRO-e-já-não-me-lembro-do-que-é-a-bola-e-quando-me-lembro-fujo-dela-não-sei-porquê”). Isto é incrível. Mais incrível como alguém insiste nele a titular. O Rui Ferreira de muletas e pés atados corre mais e joga melhor que este pinheiro.

Djurdjevic (1): Um lutador sem armas. Sem armas porque vem de lesão prolongada, não tem ritmo ou tempo de entrada, sem capacidade de recuperação. Um erro de casting para este jogo, não obstante a entrega e atitude demonstradas.

Fábio Januário (2): O esforço e entrega habituais mas sem esclarecimento. Mais um que anda perdido.

Romeu (4): Missão inglória que cumpriu com todo o empenho e acerto. Venceu inúmeras bolas de cabeça a Van der Gaag e a quem mais se lhe opôs. Merecia outra sorte. A começar com o remate (quase golo) na primeira parte com o jogo ainda empatado. Defendeu, veio buscar jogo atrás. Quem disse ou pensava que estava acabado enganou-se redondamente. Haja quem como ele queira e não teremos problemas no futuro.

Paulo Sérgio (3): Outro elemento muito esforçado, que muito correu embora não tenha conseguido concretizar melhor os passes que teve oportunidade de fazer. Não foi por ele ou por Romeu que perdemos. No início da segunda parte chegou a actuar a lateral/médio ala direito.

Ahamada (2): Dois remates excelentes que não deram o empate por pouco. Assim que entrou a equipa parecia outra. Mas o Marítimo acertou as marcações e ele desapareceu enquanto elemento de perigo para a baliza do Marítimo.
Logo após o final do jogo e de uma forma que eu não sei explicar, chutou de forma violenta contra a bancada e podia ter magoado alguém. Merece um processo de averiguação para avaliar o que lhe passou na cabeça nesse momento.

Amaral (1): Incapaz de rasgar. Incapaz de combinar com o extremo respectivo. Melhor a defender mesmo quando ultrapassado recupera. Um dos desaparecidos em relação à época passada.

José Pedro (0): Ainda por cá. À imobilidade juntou agora a falta de inteligência. Um mal que se propaga como a gripe. Cabe na cabeça de alguém que, com ângulo para visar a baliza, num livre sobre a direita do ataque, sendo canhoto, com a bola praticamente sobre a linha da grande área, pique a bola ao segundo poste ao de leve? Claro que a culpa não é dele... Aliás não é de ninguém. Se calhar é minha.


José Couceiro (1): Não consigo deixar de perguntar o que raios andaram a fazer durante duas semanas. Falta muito trabalho na marquesa. Alteração e hesitações que poderão ter custado caro. Mas confesso que ser prior nesta freguesia é de loucos.


Comentário
O nosso actual problema não é a distância da linha d’água ou o facto de termos os pés molhados. O problema é que não vejo como nos próximos jogos vamos conseguir pontuar. Um pontinho que seja.

Não há tempo para conversa mole. Os responsáveis estão aí e são eleitos para o serem. O murro na mesa já não chega. Nem sei mesmo se uns murros nos cornos chegariam. Espero que ainda haja ponta por onde pegar.

Será que tudo isto é por chegarem os jogadores ao Belenenses e verem uma cambada de pacholas que se lhes apresentam como dirigentes do futebol e se sentem assim logo dispostos a fazer o nada que lhes apetece?

Será que é de entrar em campo e olhar para a bancada vazia esvazia-lhes o cérebro de tudo o que falaram e trabalharam durante a semana? Fo***** (aqui quase que escrevia um palavrão ainda não oficial). Mas quem é que quer ver isto? Como é que querem que alguém vá ver aquela merda? A não ser os camelos do costume e uns ressabiados que vão só para assobiar por tudo e por nada?

Será que é por causa desses anormais que, com o resultado ainda a zero já estão a assobiar, em vez de tentar incentivar?

Ou será que é porque de 21 jogadores que tem o plantel, 11 são novos e se fez uma NÃO-transição, absurdamente, sem que se garantisse a coesão?

Seja como for não estou dentro, quem lá está é que deve saber o que fazer. Mas não sei porquê quando penso na SAD e em certos elementos “dirigentes” que por lá andam só me lembro do General Humberto Delgado e da sua fantástica tirada quando o questionaram sobre o que faria a Salazar quando fosse Presidente da República: “Obviamente demito-o!”.

Custou-lhe a vida.
Que não custe a vida também ao Belenenses.
Embora tema que já tenhamos falecido mas ninguém nos avisou. Porque mal já cheiramos. Sinais vitais ténues e irregulares. Quase nenhuns.

Uma nota final Muito cuidado sobre o que já vi referido noutros blogs sobre eventual agressão sobre o Presidente Cabral Ferreira. É falso. Assisti a tudo e é falso.