segunda-feira, 28 de novembro de 2005

A Crónica do Jogo - Benfica - 0 BELENENSES - 0

Do Inferno à Terra, quase a tocar no Céu...

O Belenenses empatou hoje a zero golos no Estádio da Luz, em jogo a contar para a 12ª jornada do Campeonato Nacional. A equipa azul, que com este “equipamento” de gosto muito duvidoso de azul tem muito pouco, alinhou de início com: Marco Aurélio; Amaral, Rolando, Pelé e Vasco Faísca; Rui Ferreira, Ruben Amorim, Fábio Januário e Silas; Paulo Sérgio e Romeu. Destaque para as titularidades de Amaral, Rui Ferreira, Ruben Amorim e Silas, num jogo em que José Couceiro apresentou de início os dois únicos homens de ataque disponíveis, pois Meyong estava castigado e Ahamada lesionado. O outro jogador que saiu dos convocados para a ficha de jogo foi Ricardo Araújo.

Começou melhor o Benfica, dominando o jogo, não tendo, no entanto, grandes oportunidades de golo na 1ª parte. Daí o domínio em posse de bola de 67% contra 33% da nossa equipa. Destaque para os dois remates da 1ª parte, um de Ruben Amorim ao poste, de mais de 30 metros de distância, na sequência de um livre, com Rui Nereu completamente batido, e outro de Fábio Januário desviado por um defesa encarnado quando a bola ia a entrar na baliza. Contra um guarda-redes, inexperiente, nervoso e intranquilo, nunca o Belenenses soube explorar esse factor, não rematando mais à baliza.

Destaque também, mas pela negativa, de uma “assistência” para golo do Benfica por parte de Faísca, quem havia de ser, que Nuno Assis rematou levando a bola a bater no poste e a sair.

José Couceiro utilizou uma táctica em que privilegiava a posse de bola a meio-campo, mas das 4 unidades dessa faixa do terreno, 3 mostravam-se completamente impotentes para fazer circular a bola e sair para o ataque. Rui Ferreira teve de fazer o trabalho de todos.

A 2ª parte começou com um Benfica mais pressionate e atacante, tendo disposto de algumas oportunidades de golo, mas valeu-nos Marco Aurélio que regressou ao seu nível habitual, simplesmente impecável. Atá a sair da baliza. Aos 8 min. E aos 11 fez duas excelentes defesas a remates de Manuel Fernandes e Nuno Assis.

Aos 14 minutos, o caso do jogo. Romeu, lançado por um passe soberbo de Silas, e isolado perante Rui Nereu, vê a sua acção travada por um fora-de-jogo muito mal assinalado pelo auxiliar do lado do ataque do Belenenses. E se Romeu merecia um golo...

A partir desta altura entra-se numa fase menos bem jogada do jogo. Aos 17 min. Sai Ruben Amorim e entra Pinheiro. Aos 22 min. Nova grande defesa de Marco Aurélio. Aos 28 sai Fábio e entra Djurdjevic e aos 30 sai Silas e entra Zé Pedro. Todas estas alterações tinham o intuito de segurar o meio-campo, sendo que a entrada de Pinheiro terá sido a mais bem conseguida. Djurdjevic esteve bem a defender, mas sem ritmo para atacar e Zé Pedro foi o costume, ou seja, nada!

Até final realce para mais uma grande defesa de Marco Aurélio e uma cabeçada de Pelé a rasar o poste. Realce também para umas incursões de Amaral, finalmente, no ataque nos últimos 10 minutos de jogo, que com um bocadinha mais de cabeça podiam ter resultado em golo para o Belenenses. Nota também para a cabeçada de Mantorras no último segundo que podia ter mudado o resultado.

Em resumo, exibição mais com o coração do que com a cabeça, contra um adversário muito intranquilo. Se é verdade que o Belenenses podia ter perdido, até por um resultado desnivelado, também não é menos verdade que com um pouco mais de cabeça e de ambição o Belenenses podia ter trazido os 3 pontos da Luz.

Boa arbitragem de Pedro Proença. Nos 3 lances em que se pede grande penalidade, duas para o Benfica e uma para o Belenenses, ajuizou em todas muito bem, sendo que na jogada de Rolando a bota lhe bate na mão à queima-roupa, socada por Marco Aurélio. Único grande erro foi o do fiscal-de-linha, ao assinalar aquele fora de jogo a Romeu no início da 2ª parte. Nota também para um único cartão amarelo, a Romeu, e mesmo este quase a “pedido” do jogador azul.

Análise individual dos nossos jogadores:

Marco Aurélio – 5.
Simplesmente impecável. De regresso o nosso Imperador.

Amaral – 3. Exibição algo apagada de Amaral, não tendo nenhum jogador perigoso pela frente. Nos últimos 10 minutos finalmente arriscou o ataque e com um pouco mais de cabeça podia ter marcado, ou dado a marcar, um golo. No lance do centro para Paulo Sérgio poderia, e deveria, ter rematado à baliza.

Rolando – 4. Seguro, sem grande trabalho.

Pelé – 4. Igual ao seu companheiro do centro da defesa. Esperemos que seja o regresso à boa forma desta dupla de centrais, que tanta falta nos faz, porque uma boa equipa começa por uma boa defesa.

Vasco Faísca – 0. Começa a ser demasiado inexplicável ver este jogador a jogar a defesa esquerdo. Urge em Janeiro ir buscar um lateral esquerdo de raíz, ou readaptar Sousa a essa posição. Não descansa enquanto não “dá” a marcar um golo ao adversário.

Rui Ferreira – 4. Encheu o meio-campo defensivo, pecando apenas na transição da bola para o ataque.

Ruben Amorim – 2. Jogador de excelentes pés, não tem atitude em campo e esconde-se do jogo. Nota dada pelo fantástico remate de livre que ia resultando em golão.

Fábio Januário – 2. Após o excelente jogo com o Boavista a nº 10, voltou a essa posição, não tendo no entanto o mesmo fulgor. Não conseguiu empurrar o Belenenses para o ataque.

Silas – 2. Encostado à lateral esquerda, na 1ª parte nem se viu. Única nota de realce para o excelente passe a desmarcar Romeu.

Paulo Sérgio – 1. Corre, corre, corre, corre e... nada! Não faz um passe em condições, não finta um adversário, não entrega uma bola jogável, nem faz uma assistência para golo. Só a disponibilidade física não chega. Jogador perfeitamente inconsequente.

Romeu – 4. Sozinho luta contra uma defesa inteira. Joga, faz jogar, mas está muito desapoiado. Na única jogada em que estava em condições para fazer golo, o árbitro auxiliar resolveu inventar e assinalar fora-de-jogo.

Pinheiro – 3. Entrou muito melhor do que nos últimos jogos, defendendo e ajudando o ataque. Boa exibição.

Djurdjevic – 3. Melhor a defender do que a atacar, foi muito importante a sua entrada para tapar o nosso flanco esquerdo. O Benfica atacava mais pela direita e se Faísca aí continuasse sozinho...

Zé Pedro – 0. O costume. Nada. Nem de livre. Ricardo Araújo nos 18 não faz melhor?

José Couceiro – 3. Nota estimulante pelo resultado. Equipa entrou demasiado receosa, defendeu muito atrás e só nos últimos 10 minutos de jogo se livrou do espartilho do Benfica. Erros de casting demasiado gritantes, tipo Faísca, Zé Pedro e Paulo Sérgio, sendo que em relação a este tem a atenuante de não ter outro. Na próxima semana, e ao fim de 5 jogos ao comando do Belenenses, iniciaremos a rúbrica Couceirómetro, para aferição de resultados.

Nota final: É extraordinariamente revoltante a nossa "dependência" em relação a um canal de televisão que não tem o mínimo respeito por nós. É tudo contra nós, faltas, penalties, foras-de-jogo, etc. Custa engolir a qualquer belenenses este atentado ao nosso orgulho e à nossa honra.