sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

BELENENSES vs. Paços de Ferreira (Antevisão)

Ao contrário de grande parte dos frequentadores da blogoesfera azul, que andará pela metade dos meus 44 anos (alguns dos quais, talvez por isso, julguem saber tudo, provando a sua sapiência com expressões banais em Inglês, como cash-flow e budget, e outros tiques neo-liberais), faz-me uma certa confusão jogar com clubes como o Paços de Ferreira. Isto não tem nada a ver com menor consideração por esses emblemas. Tem sim a ver com o facto de só há uma dúzia de anos o Paços de Ferreira ter chegado à 1ª Divisão (na época de 92/93. O Belenenses, treinado por Abel Braga, a jogar um futebol espectacular e classificado em 2º lugar, ganhou por 4-1). O Nacional, para dar outro exemplo, chegou à divisão maior, na época (de feliz memória) 88/89, tinha eu 27/28 anos. Faz-me confusão que hoje, volvidos poucos anos (relativamente), olhemos para esses clubes, dotados de uma escassa parcela da história que temos, dos adeptos que temos, do património que temos, dos recursos que temos, olhemos para esses clubes, repito, cá de baixo, estando eles bem acima de nós na tabela classificativa. Tal circunstância é inequivocamente demonstrativa da mentalidade retrógrada vigente e alapada no nosso clube.

Assim, num aflitivo 14º lugar, com os mesmos pontos do primeiro ocupante dos lugares de descida, o Belenenses vai defrontar um Paços de Ferreira que, sem nomes sonantes nem treinadores doutorais a brilhar nas entrevistas, está com mais 7 pontos que nós, num confortável 8º lugar e a poder até olhar acordado para os lugares de acesso à Europa.

Não é sem apreensão que perspectivo este jogo. Desde logo porque, doravante, cada jogo vai ser uma final. Depois, e muito particularmente, porque estou a ver os jogadores do Paços de Ferreira a chegarem, a desatarem a correr, com um fio de jogo e uma preparação física que incrivelmente não demonstramos – e, sim, receio que os nossos jogadores corram menos, lutem menos e, em resumo, não sejam capazes de pegar no jogo.

José Mota não é colunável nem soft, como Carvalhal e Couceiro. É arguto e de têmpera. As suas equipas são talhadas de acordo com essas características. Certamente treinam mais do que 40 minutos...

Que argumentos tem a nossa equipa para obter um triunfo de que precisa como de pão para a boca? Parece que readquirimos alguma solidez defensiva. É o que as estatísticas mostram, confirmando a impressão geral que temos ao ver o jogo. Já é um princípio. Agarremo-nos a isso para termos algum optimismo. E além disso? Repare-se: desde a 4ª jornada do Campeonato, em 11 jogos (incluindo o da Taça), nenhum jogador azul além de Meyong foi capaz de fazer sequer um golo; nunca marcámos mais do que um tento; por 6 vezes, ficámos em branco (por outras palavras, marcámos 5 golos em 11 jogos). Desejamos ardentemente que haja a ousadia, a vontade e o talento para (re)adquirir a capacidade atacante e goleadora.

Há uma exigência absoluta: os nossos jogadores devem respeito ao grande e cumpridor clube que é o Belenenses e têm de lutar até ao limite por uma vitória que não nos pode escapar. Mais até: têm o dever de se transcender. Como escreveu alguém: deves, logo podes! É um imperativo ético!

Nesta hora dramática do nosso clube, eu não faltarei com incentivos mas, como os outros sócios e simpatizantes, serei também juiz. O Belenenses merece um respeito imenso e faço questão, na parte que me toca, de o lembrar e exigir aos nossos profissionais. Penso que a melhor maneira de mostrar a nossa indignação é estar presentes, apoiar o clube - que é o que, antes de tudo, está em causa - e não deixar de expressar o que pensamos de certos pensamentos. Por mim, gostava que houvesse muitas faixas a dizer "TENHAM VERGONHA!".

Só há um objectivo: GANHAR! Só há uma alternativa: LUTAR, LUTAR MUITO, LUTAR MUITO MAIS QUE O NOSSO ADVERSÁRIO!


Depois de tudo isso, que a sorte nos acompanhe!