domingo, 25 de dezembro de 2005

Neste dia, em . . .

1900 – Nasce Mário Duarte (co-fundador e 1º Guarda-Redes do Clube)

Mário Duarte foi um dos fundadores do Belenenses (sócio nº 8) e o seu primeiro Guarda-Redes.
A sua carreira como futebolista foi relativamente curta mas, ainda assim, foi Vice-Campeão de Lisboa em 1920 e 1923 e participou na conquista da importante Taça dos Mutilados da Guerra, o primeiro grande troféu conquistado pelo Belenenses (e renhidamente disputado, por ser quase tão cobiçado como o troféu de um Campeonato de Portugal).

Seguiu entretanto a carreira diplomática mas continuou ligado ao Desporto, nomeadamente no sector náutico, tendo chegado a ser agraciado com a medalha de ouro dos desportos pelo governo francês. Morreu em Lisboa em 1982 – esse ano terrível para o Belenenses.

Era de constituição bastante alta (ver imagem). Assim, quando treinado por Artur José Pereira, este, no seu jeito característico, dava-lhe instruções terminadas em "calmeirão" – por exemplo “soca a bola, calmeirão!”. Mário Duarte em nada se sentia melindrado, apesar das suas origens aristocráticas.

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O seu pai, com o mesmo nome (um apaixonado pelo desporto em geral, praticando com mestria o futebol, o golfe, o ciclismo, o ténis, o remo, a vela e a natação, a esgrima e o tiro e tendo sido vários anos Presidente da Federação Portuguesa de Futebol) e a sua mãe, a Baronesa da Recosta, Maria Teresa de Melo (outra verdadeira desportista, amazona, praticante da bicicleta e do automóvel, do ténis e do golfe) foram os dois primeiros sócios honorários do Belenenses.

Além do mais, eram figuras gradas em Aveiro – o Estádio do Beira-Mar leva o nome do pai Mário Duarte – e, nessa associação do Belenenses com aquela família, temos um dos motivos justificativos da forte implantação de que o Belenenses tradicionalmente disfruta naquele distrito.



1942 – Festa de Homenagem a Artur José Pereira

Já bastante doente – viria a morrer em 6 de Setembro do ano seguinte -, Artur José Pereira “o Belenenses que deu a todos nós o ideal que apaixonadamente vive em nossos corações”, foi alvo de justíssima homenagem do nosso clube.

Tendo a sua vontade indómita e o seu impulso fecundador dado nascimento – natividade – ao Belenenses, o dia de Natal foi uma boa escolha para a realização desta homenagem.

Aquando da realização desta festa, era Presidente do Belenenses Constantino Fernandes (que partilhou, em termos de Presidência, as responsabilidades no Campeonato Nacional de 1946 com Octávio de Brito); mas, para o evento, conforme documentado na imagem preservada por Acácio Rosa, reuniram-se mais cinco outros (ex e em alguns casos repetentes no futuro) Presidentes do nosso clube: Salvador do Carmo, Francisco Mega, Reis Gonçalves, António Maria Ribeiro e o já referido Octávio de Brito.

O programa incluiu a realização de dois jogos nas Salésias, aos quais compareceu uma grande assistência: primeiro, um Benfica-Estoril; depois, o prato forte, com o Belenenses a vencer o Sporting por 2-1 e a arrebatar a Taça Diário de Lisboa.

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Ficará sempre alguma coisa por dizer de Artur José Pereira. Pela nossa parte, queremos apenas testemunhar a nossa gratidão por ter proporcionado, a centenas e centenas de milhares de pessoas - julgo que mais de um milhão ao longo de 86 anos, talvez mesmo um milhão e meio - a ventura incomparável de ser do Belenenses.

Hoje, porque estas efemérides não pretendem ser uma simples evocação nostálgica do passado mas sim dar exemplos para o futuro, que seja justamente o exemplo da maneira de ser do nosso fundador, aquele que recolhamos: ele era inconformado, lutador, rebelde, orgulhoso, indomável e um incansável descobridor e formador de talentos.

Deixamos a pergunta: é esse o espírito que hoje, e nas últimas décadas, tem existido no nosso clube? Rever-se-ia Artur José Pereira no tipo de gestão e de mentalidade prevalecente?
Iria ele fazer companhia a José Couceiro para mendigar uns jogadores emprestados a clubes rivais? A nossa resposta é um rotundo “Não!” E talvez essa diferença explique muita coisa...