segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

O delírio habitual

Pois é, chegámos a Dezembro. Está mais que visto que precisamos de reforços, etc., etc.

Ninguém duvida que é necessário equilibrar o plantel.
Inclusive já aqui publicámos um artigo em que se fazia a sua análise e se apontavam as principais lacunas actuais e se ponderavam reforços em função de objectivos e da sua reavaliação face ao momento classificativo actual.

Mas não é dessa vertente do (imperativo) reforço do plantel que escrevo neste momento...

Tenho evitado este assunto. Zunzum aqui, zunzum ali. Provocação de jornalista hoje e outra depois de amanhã. Manifestação pró, manifestação contra e felizes e contentes por aqui andamos.
Já saberão a que me refiro. A (não) hipótese de reforço do plantel através de jogadores emprestados provenientes da santíssima trindade, AKA “3 Únicos” e da corja de seguidores e bajuladores.

O que tenho lido nos últimos dias, nessa coisa que dá pelo nome de blogosfera azul, leva-me de certa forma a concluir que pouco ou nada se aprendeu com a recente má experiência. Má experiência só para alguns. Sim, porque para outros não faz mal nenhum. Uma vergonha!

Nos últimos dias falou-se da hipótese Ivanildo (F.C. Porto). Para quem pense que me faz diferença vir um jogador de um dos três em particular ou, no inverso, de me fazer menos confusão um jogador proveniente de um dos “3 Únicos” em particular desengane-se. Só mudam as moscas. Aquilo que vocês sabem é sempre a mesma.

Está já tudo (exagero de expressão) em delírio por um puto da equipa B do F.C.Porto. Nem vou falar muito dele enquanto jogador. Digo até que o aprecio bastante, que o vi em duas ou três ocasiões alinhando pela equipa principal do seu Clube, apesar de a ela não ser chamado regularmente.

Os meus piores receios quanto à incapacidade da maioria dos actuais comentadores blogosféricos azuis de entender o quanto isto nos lesa, verificam-se.
Para os ainda piores receios mantenho uma ténue esperança que não se venham a concretizar.

Sejamos claros e honestos. Reavaliando os objectivos e perspectivando uma luta pela manutenção não temos, mesmo só com os presentes 21+2 jogadores, qualquer necessidade de reforços além do defesa esquerdo.
Se, por outro lado, pretendemos ultrapassar rapidamente esta fase menos boa e ainda tentar perseguir objectivos mais elevados – do tipo dos traçados inicialmente para esta época – então precisamos de alguns jogadores. Mas, mesmo assim, nunca ultrapassando os 24 jogadores (21 actuais + 3 contratados agora).


O que não precisamos é de nenhum jogador emprestado do famoso e exclusivista grupo dos "3 Únicos". Nem sequer do F.C. Porto. Apesar de ser o único que tem qualidade em excesso e, por isso mesmo, ainda poderia preencher com eventuais dispensas suas, o critério de qualidade. Os outros não. Mas a degradação da imagem e outros factores que (julgava eu) estão mais que debatidos versus qualidade é menorizante para nós. Ou melhor continua a ser. Relembremos que Paulo Sérgio se encontra ainda nessa situação.
Se puser a mão na minha consciência, suspeito que a maioria das inversões de atitude em relação a empréstimos destas proveniências que se verificou entre o início e o fim da época passada se devem mais ou exclusivamente à mísera qualidade dos jogadores que tivemos nessa situação do que ao conceito e princípio subjacente.

Voltando à preparação desta época desportiva, custa-me a acreditar que a SAD em algum momento tenha acreditado que um plantel de 21+2 elementos seria suficiente para atingir tão ambiciosos objectivos. Custa-me. Mas como já cá ando há uns anos, não farei disso fé nenhuma. Carvalhal charlatou quanto quis. E muitos emprenharam pelos ouvidos q.b.. Apesar de indícios preocupantes, quero crer que tudo isto não era mais que uma fase bem definida numa estratégia já prevista e ORÇAMENTADA previamente para, em Dezembro/Janeiro, se ajustar o plantel, sem que para isso fosse necessário recorrer à menorização envergonhado-pedinchona-subalterna-incompetente da recorrência a empréstimos dragoneses ou segundo-circularenses.

Como sei que isto ainda não vai ficar por aqui e porque temo que a verdade das promessas de hoje é a mentira de amanhã, deixo já a promessa de não dar tréguas a esta vergonha e infâmia com que se afunda mais e mais aquilo que o Belenenses devia ser. Uma massa com Alma Independente. Não só, ou sozinho. Menos ainda orgulhosamente só. Apenas independente e de cabeça levantada.

Por isso, caso volte a ser necessário FUNDAMENTAR o porquê da minha aversão a estes empréstimos, demonstrando que não são um mero dogma ou teimosia cega, fá-lo-ei.
Empréstimos poderão ser, isso sim, um mal necessário em circunstâncias extraordinárias mas nunca, mas NUNCA MESMO, aceitáveis de F.C. Porto, Benfica ou Sporting.
Nesta matéria assumo-me como um fundamentalista. Porque é de fundamentos e de identidade que se trata. Exactamente aquilo que nos distingue dos demais. Aquilo que nos falta em grande medida.