Após a conquista de mais 3 importantíssimos pontos, a Imprensa Desportiva dá hoje destaque ao rescaldo do jogo de ontem em Coimbra. Acabamos 2005 da melhor forma, entremos em 2006 da melhor maneira.
“A Bola” considera Meyong o melhor elemento em campo e recolheu as declarações de José Couceiro no final da partida:
Hoje já reagimos como grupo
JOSÉ COUCEIRO, treinador do Belenenses, considera que «nada se altera» para o Belenenses após duas vitórias consecutivas. «É curto ainda. O campeonato continua muito complicado e vai ser muito difícil. Com quatro equipas a descer de divisão, o último terço vai ser dramático, com muita luta e talvez pouco futebol», juntou.
Sobre o jogo, considerou que «a estratégia era ganhar». «Jogámos de igual forma que no último jogo, em casa, com o Paços de Ferreira. E com os mesmos jogadores. Pensámos sempre que seria possível ganhar, estes três pontos valem o mesmo que a vitória com o Paços de Ferreira.» Questionado sobre a justiça do resultado, um humilde comentário: «Não sei se é justo.» E justificou: «O jogo teve fases diferentes. Na primeira parte controlámos o jogo, tivemos boas oportunidades e poderíamos estar a vencer ao intervalo. Marcámos logo no reatamento e controlámos durante mais algum tempo. A Académica reagiu e empurrou-nos para o nosso meio campo. A intenção era, então, contra-atacar. Pela reacção da Académica o empate poderia também ter sido justo.»
Reforços? Só se não comprometer o futuro
Com a reabertura do mercado à porta, uma posição prévia: «Não pretendo que saia qualquer jogador. » Quanto a entradas, muito realismo: «Gostava de mais um jogador para o corredor e de um ponta-de-lança, já que Meyong deverá ir para a CAN. Mas estou solidário para com a administração. Não a posso pressionar para contratar se, depois, não puder honrar os compromissos e isso nos criar problemas maiores. Se for possível, óptimo, caso contrário trabalharei com os que estão.» Certo é que «são igualmente importantes as questões técnicas e humanas, até porque hoje o Belenenses já reage como grupo a momentos negativos».
Bruno Moraes e Ivanildo são desejados mas talvez não possíveis, Pelé é cobiçado e pode render dinheiro. Temas que Couceiro comentou com cautela, já que «nada há de concreto».
O “Record” faz a sua análise ao jogo de ontem:
Académica-Belenenses, 0-1: Meyong ganha debate
“O Belenenses ganhou o jogo à Académica, ultrapassou-a na classificação e viu o seu abono de família, Meyong, descolar do abono de família do adversário, Marcel, na lista de melhores marcadores da Liga. Num duelo histórico do futebol português, envolvendo dois dos passados mais ricos no campeonato, foi a competição entre dois avançados a principal atracção do encontro.
Venceu Meyong, autor de um belo golo à ponta-de-lança, mas podia ter ganho Marcel. O debate entre os dois candidatos ao lugar de Nuno Gomes como rei dos goleadores foi equilibradíssimo. O brasileiro até fez actuação mais vistosa que o rival mas perdeu em eficácia. Também a Académica, que rematou 17 vezes à baliza de Marco Aurélio (!), foi ineficiente, em contraponto com uma equipa azul finalmente na rota do pragmatismo e das vitórias. Uns perderam, outros ganharam mas entraram ambos com muito mais a uni-los do que a separá-los. Além do orgulho no tal passado histórico, também o presente feito de dificuldades classificativas e exibições inconstantes os ligava. E ainda a filosofia de jogo (demasiado) dependente de homens-golo e a organização em campo – dois 4x3x3 quase siameses.
Diferença
A diferença esteve no tipo de jogo: mais apoiado o da Académica, mais directo o do Belenenses. Para o futebol apoiado estudantil, contudo, seria necessário que Filipe Teixeira, organizador de todo o jogo ofensivo, estivesse inspirado. E não esteve. Sem circulação de bola rápida e com muitos passes falhados, o futebol dos visitados tornou-se no seu oposto: desapoiado.Já a equipa do Restelo tinha pedras ajustadas para a sua filosofia e propósitos: os médios, em particular Pinheiro, aquele que tem mais condições de fazer passes à distância, tinham sempre referências na frente: ora aos flancos, Paulo Sérgio e Ahamada, ora no centro, com o inevitável Meyong. Bastaria, além disso, todos os sentidos postos na marcação a Marcel e não perder de vista Luciano.
Não se estranha, por isso, que os principais lances perigosos da primeira parte tenham pertencido aos jogadores de José Couceiro. Sousa, aos 12’, e Ahamada, aos 24’, fizeram um pré-aviso do que poderia acontecer na segunda parte. Não se supunha é que acontecesse tão cedo.
Variável
Se a partida continuasse no mesmo tom da primeira, o mais certo é que o empate acabasse por impor leis. Mas uma avenida construída no centro da defesa da Académica por Pinheiro e Meyong resultou no golo, logo aos 47’.
Foi a variável inesperada que acabou por condicionar todo o encontro a partir daí. Primeira consequência: os jogadores da Briosa enervaram. Segunda: os adeptos irritaram-se. Terceira: Nelo Vingada deu sinais de desespero.
Começou tranquilo, ao apostar em Nuno Piloto para o lugar de Paulo Adriano, mas depois deu sinal de intranquilidade quanto optou por transformar Hugo Alcântara num parceiro de Marcel. Como se um ponta-de-lança se fizesse do dia para a noite, só que por é alto e tem peso...
Desespero
A partir daí, a Académica ficou entre o desejo e o desespero (terminou com apenas um central). Conseguiu, de facto, encostar os azuis às cordas – o Belém terminou à beira do KO – mas não teve um pingo de tranquilidade. Ganhou com isso o Belenenses que, em 49 visitas a Coimbra., ganhou 17!
Árbitro
Jorge Sousa (4). Foi criticado pelas duas equipas ao longo do jogo, o que nem sempre é mau sinal, e poderá ter falhado apenas no último lance do encontro: pedem penálti os estudantes, ficaram dúvidas no estádio. De resto, impecável.”
“O Jogo” faz uma apreciação individual aos jogadores do Belenenses:
O Belenenses um a um
Marco Aurélio 6
A qualidade habitual. Uma defesa, por instinto, num remate potente de Marcel, e uma série de bons exemplos.
Sousa 5
Desperdiçou a primeira grande oportunidade. Isolado, foi incapaz de bater Pedro Roma. Nunca se incomodou muito com o trabalho que Pedro Silva ou Filipe Teixeira lhe deram ao longo do jogo.
Pelé 6
"Lá vem bola"... Um grito assim e lá estava o espadaúdo central. Com muito rigor e concentração, raramente deu baldas.
Rolando 5
Menos vistoso do que o vizinho do eixo da defesa, igualmente eficiente.
Vasco Faísca 6
No regresso a uma casa de onde saiu na época passada, esteve sempre impecável. Na marcação a Luciano e no resto do muito trabalho que teve.
Rui Ferreira 6
Bravo, raçudo, agressivo. Lutou, destruiu, recuperou. Não se podia exigir mais.
Pinheiro 5
Menos iluminado do que um pinheiro de Natal, mas colorido com um amarelo.
Rúben Amorim 6
Boa visão de jogo, excelente técnica e muitas tentativas de atirar com êxito à baliza.
Paulo Sérgio 6
O melhor em campo, de caras, até ao intervalo. Por desgaste físico, foi substituído.
Ahamada 6
A inteligente e eficiente assistência a isolar Meyong, no lance do golo, chega e sobra para elogiar a exibição de um avançado sempre disponível para procurar fazer estragos.
Silas 4
Um trunfo para aumentar a posse de bola e tentar melhorar ofensivamente.
Djurdjevic 3
Ajudou a sacudir a pressão da Académica nos últimos minutos.
Romeu -
Dez minutos em campo sem notas dignas de registo.
A ESTRELA: MEYONG (7)
Fabricante de chapéus
Um golo assim merece figurar em qualquer álbum de memórias. Que chapelão, que obra de arte exemplarmente construída. De facto, não está ao alcance de muitos fazer o que Meyong, com um simples toque na bola, conseguiu fazer: deixar Pedro Roma pregado ao relvado a ver a bola anichar-se vagarosa e calmamente na baliza. Uma boa abertura para Ahamada, um remate por cima de barra e muita vontade de dar trabalho a quem lhe aparecia pela frente preenchem uma folha de serviço com direito a prémio extra.
“A Bola” considera Meyong o melhor elemento em campo e recolheu as declarações de José Couceiro no final da partida:
Hoje já reagimos como grupo
JOSÉ COUCEIRO, treinador do Belenenses, considera que «nada se altera» para o Belenenses após duas vitórias consecutivas. «É curto ainda. O campeonato continua muito complicado e vai ser muito difícil. Com quatro equipas a descer de divisão, o último terço vai ser dramático, com muita luta e talvez pouco futebol», juntou.
Sobre o jogo, considerou que «a estratégia era ganhar». «Jogámos de igual forma que no último jogo, em casa, com o Paços de Ferreira. E com os mesmos jogadores. Pensámos sempre que seria possível ganhar, estes três pontos valem o mesmo que a vitória com o Paços de Ferreira.» Questionado sobre a justiça do resultado, um humilde comentário: «Não sei se é justo.» E justificou: «O jogo teve fases diferentes. Na primeira parte controlámos o jogo, tivemos boas oportunidades e poderíamos estar a vencer ao intervalo. Marcámos logo no reatamento e controlámos durante mais algum tempo. A Académica reagiu e empurrou-nos para o nosso meio campo. A intenção era, então, contra-atacar. Pela reacção da Académica o empate poderia também ter sido justo.»
Reforços? Só se não comprometer o futuro
Com a reabertura do mercado à porta, uma posição prévia: «Não pretendo que saia qualquer jogador. » Quanto a entradas, muito realismo: «Gostava de mais um jogador para o corredor e de um ponta-de-lança, já que Meyong deverá ir para a CAN. Mas estou solidário para com a administração. Não a posso pressionar para contratar se, depois, não puder honrar os compromissos e isso nos criar problemas maiores. Se for possível, óptimo, caso contrário trabalharei com os que estão.» Certo é que «são igualmente importantes as questões técnicas e humanas, até porque hoje o Belenenses já reage como grupo a momentos negativos».
Bruno Moraes e Ivanildo são desejados mas talvez não possíveis, Pelé é cobiçado e pode render dinheiro. Temas que Couceiro comentou com cautela, já que «nada há de concreto».
O “Record” faz a sua análise ao jogo de ontem:
Académica-Belenenses, 0-1: Meyong ganha debate
“O Belenenses ganhou o jogo à Académica, ultrapassou-a na classificação e viu o seu abono de família, Meyong, descolar do abono de família do adversário, Marcel, na lista de melhores marcadores da Liga. Num duelo histórico do futebol português, envolvendo dois dos passados mais ricos no campeonato, foi a competição entre dois avançados a principal atracção do encontro.
Venceu Meyong, autor de um belo golo à ponta-de-lança, mas podia ter ganho Marcel. O debate entre os dois candidatos ao lugar de Nuno Gomes como rei dos goleadores foi equilibradíssimo. O brasileiro até fez actuação mais vistosa que o rival mas perdeu em eficácia. Também a Académica, que rematou 17 vezes à baliza de Marco Aurélio (!), foi ineficiente, em contraponto com uma equipa azul finalmente na rota do pragmatismo e das vitórias. Uns perderam, outros ganharam mas entraram ambos com muito mais a uni-los do que a separá-los. Além do orgulho no tal passado histórico, também o presente feito de dificuldades classificativas e exibições inconstantes os ligava. E ainda a filosofia de jogo (demasiado) dependente de homens-golo e a organização em campo – dois 4x3x3 quase siameses.
Diferença
A diferença esteve no tipo de jogo: mais apoiado o da Académica, mais directo o do Belenenses. Para o futebol apoiado estudantil, contudo, seria necessário que Filipe Teixeira, organizador de todo o jogo ofensivo, estivesse inspirado. E não esteve. Sem circulação de bola rápida e com muitos passes falhados, o futebol dos visitados tornou-se no seu oposto: desapoiado.Já a equipa do Restelo tinha pedras ajustadas para a sua filosofia e propósitos: os médios, em particular Pinheiro, aquele que tem mais condições de fazer passes à distância, tinham sempre referências na frente: ora aos flancos, Paulo Sérgio e Ahamada, ora no centro, com o inevitável Meyong. Bastaria, além disso, todos os sentidos postos na marcação a Marcel e não perder de vista Luciano.
Não se estranha, por isso, que os principais lances perigosos da primeira parte tenham pertencido aos jogadores de José Couceiro. Sousa, aos 12’, e Ahamada, aos 24’, fizeram um pré-aviso do que poderia acontecer na segunda parte. Não se supunha é que acontecesse tão cedo.
Variável
Se a partida continuasse no mesmo tom da primeira, o mais certo é que o empate acabasse por impor leis. Mas uma avenida construída no centro da defesa da Académica por Pinheiro e Meyong resultou no golo, logo aos 47’.
Foi a variável inesperada que acabou por condicionar todo o encontro a partir daí. Primeira consequência: os jogadores da Briosa enervaram. Segunda: os adeptos irritaram-se. Terceira: Nelo Vingada deu sinais de desespero.
Começou tranquilo, ao apostar em Nuno Piloto para o lugar de Paulo Adriano, mas depois deu sinal de intranquilidade quanto optou por transformar Hugo Alcântara num parceiro de Marcel. Como se um ponta-de-lança se fizesse do dia para a noite, só que por é alto e tem peso...
Desespero
A partir daí, a Académica ficou entre o desejo e o desespero (terminou com apenas um central). Conseguiu, de facto, encostar os azuis às cordas – o Belém terminou à beira do KO – mas não teve um pingo de tranquilidade. Ganhou com isso o Belenenses que, em 49 visitas a Coimbra., ganhou 17!
Árbitro
Jorge Sousa (4). Foi criticado pelas duas equipas ao longo do jogo, o que nem sempre é mau sinal, e poderá ter falhado apenas no último lance do encontro: pedem penálti os estudantes, ficaram dúvidas no estádio. De resto, impecável.”
“O Jogo” faz uma apreciação individual aos jogadores do Belenenses:
O Belenenses um a um
Marco Aurélio 6
A qualidade habitual. Uma defesa, por instinto, num remate potente de Marcel, e uma série de bons exemplos.
Sousa 5
Desperdiçou a primeira grande oportunidade. Isolado, foi incapaz de bater Pedro Roma. Nunca se incomodou muito com o trabalho que Pedro Silva ou Filipe Teixeira lhe deram ao longo do jogo.
Pelé 6
"Lá vem bola"... Um grito assim e lá estava o espadaúdo central. Com muito rigor e concentração, raramente deu baldas.
Rolando 5
Menos vistoso do que o vizinho do eixo da defesa, igualmente eficiente.
Vasco Faísca 6
No regresso a uma casa de onde saiu na época passada, esteve sempre impecável. Na marcação a Luciano e no resto do muito trabalho que teve.
Rui Ferreira 6
Bravo, raçudo, agressivo. Lutou, destruiu, recuperou. Não se podia exigir mais.
Pinheiro 5
Menos iluminado do que um pinheiro de Natal, mas colorido com um amarelo.
Rúben Amorim 6
Boa visão de jogo, excelente técnica e muitas tentativas de atirar com êxito à baliza.
Paulo Sérgio 6
O melhor em campo, de caras, até ao intervalo. Por desgaste físico, foi substituído.
Ahamada 6
A inteligente e eficiente assistência a isolar Meyong, no lance do golo, chega e sobra para elogiar a exibição de um avançado sempre disponível para procurar fazer estragos.
Silas 4
Um trunfo para aumentar a posse de bola e tentar melhorar ofensivamente.
Djurdjevic 3
Ajudou a sacudir a pressão da Académica nos últimos minutos.
Romeu -
Dez minutos em campo sem notas dignas de registo.
A ESTRELA: MEYONG (7)
Fabricante de chapéus
Um golo assim merece figurar em qualquer álbum de memórias. Que chapelão, que obra de arte exemplarmente construída. De facto, não está ao alcance de muitos fazer o que Meyong, com um simples toque na bola, conseguiu fazer: deixar Pedro Roma pregado ao relvado a ver a bola anichar-se vagarosa e calmamente na baliza. Uma boa abertura para Ahamada, um remate por cima de barra e muita vontade de dar trabalho a quem lhe aparecia pela frente preenchem uma folha de serviço com direito a prémio extra.