sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Antevisão: União de Leiria - BELENENSES

Até à 5ª jornada do presente campeonato, a União de Leiria, sob o comando inicial de José Gomes, tinha amealhado apenas dois pontos. Justamente em outros tantos empates caseiros, a zero bolas, frente ao Maritimo e Nacional da Madeira.

A mais este resultado negativo sucede o despedimento do treinador, a União de Leiria contratou Jorge Jesus e, assim, encetou uma recuperação notável.
Esta recuperação culminou na ascenção à 7ª posição após vitória em Vila do Conde na 17ª jornada.

Sob o comando do experiente Jorge Jesus, que não é um treinador da moda mas sabe mais de futebol com a ponta do nariz que as "estrelas de cinema" da dita nova vaga (no fundo não são mais que José Mourinhos's wannabe’s) saberão no fim da sua vida "útil" de treinadores, a União de Leiria amealhou nesse trajecto a módica quantia de 22 pontos em 13 jogos. O que para quem à 5ª jornada tinha conquistado apenas 2... é obra. Não é para quem quer (ou finge que quer), é para quem sabe…

No campo oposto está o Belenenses. Tendo conquistado 9 pontos no final da 5ª jornada, já jogados os encontros fora com Sporting e Porto (com outras tantas derrotas), augurava então bom campeonato. Estavamos, no entanto, prestes a ver desfeitas essas esperanças. Em igual período, em que o Leiria conquistou 22 pontos, o Belenenses conquistou metade disso. Ou seja, recuperou os 7 pontos de atraso que tinha e ainda deu 4 de avanço. Quando penso no jogo que fizeram no Restelo em que só não sairam vergados a uma forte goleada porque nós na segunda-parte simplesmente não quisemos jogar à bola limitando-nos a "controlar".

Do próximo jogo em Leiria antevejo grandes dificuldades. Não tanto pela história recente de grande capacidade de pontuar que o Leiria apresenta, nem sequer pela tradição, que até é bastante curta como poderão ver no artigo do próximo domingo. Às dificuldades que certamente serão criadas pelo Leiria e pela qualidade de alguns dos seus jogadores além do seu bom jogo colectivo e boa circulação de bola, vêm juntar-se as nossas dificuldades internas, o nosso «trauma» deste ano. Sem esquecer obviamente os tiros no próprio pé em que as "estrela de cinema" são pródigas. Para os mais esquecidos relembro a «táctica» inicial e que durou até aos 63 minutos – o 4-3-3-0.

Quero esquecer isto tudo mas, para isso, preciso, precisamos todos, que o Belenenses seja uma equipa na verdadeira acepção da palavra.

Tivemos oportunidade de observar o jogo treino que o Belenenses realizou esta quarta-feira. Foi contra o Torreense, que milita na 2ª Divisão Nacional, na mesma série do Olivais e Moscavide onde actua Jorge Tavares.
Foi possível tirar algumas ilações apesar do nível técnico qualitativamente inferior apresentada pelo adversário. Por exemplo, a equipa que, à partida, poderia parecer a titular e que alinhou a segunda parte, apesar de ter sido mais concretizadora (3 golos no final e após o adversário reduzir para 2-1) esteve uma boa meia-hora na 2ª parte sem se acercar com perigo da baliza do Torreense.

Por antítese absoluta, a equipa da primeira parte foi capaz de produzir um fio de jogo que, sem deslumbrar, foi eficaz e muito pressionante, o que nos apraz registar. Especialmente relevante se considerarmos que a equipa adversária por possuir menos ritmo ou capacidade física seria mais equilibrado no primeiro período.
Tirámos algumas notas desse jogo treino como por exemplo, a utilização de Ricardo Araújo, que na liga ainda podemos observar apenas em duas ocasiões, 90 minutos contra a Naval em 3 posições diferentes (com Carvalhal) e 2 minutos contra o Paços de Ferreira, num total de 92 minutos a que corresponde 5% do tempo total possível de utilização.
Neste jogo treino, na primeira parte, alinhou a médio direito no clássico sistema de 4-4-2. Demonstrou grande capacidade física e de colocação no terreno, cobrindo tanto a ala (onde defendia então Amaral) como fechando ao meio (junto a Pinheiro que actuava a trinco) além de boa capacidade de efectuar cruzamentos na linha de fundo e bons passes rasgados para as desmarcações de Romeu e Dady. Sem medo do um-para-um, marcou inclusive o segundo golo - um grande golo.
Na segunda parte viria a alinhar a defesa direito, não comprometendo minimamente e conseguindo mesmo várias subidas bem sucedidas pelo seu flanco.
Para completar a informação ficam aqui as duas equipas que alinharam nas duas partes do encontro:


1ª PARTE (4-1-3-2 ou 4-4-2)

Pedro Alves;
Amaral, Gaspar, Faísca e Sousa;
Pinheiro;
Ricardo Araújo, José Pedro e Djurdjevic;
Dady e Romeu


2ª PARTE (4-2-3-1 ou 4-3-3)

Pedro Alves;
Ricardo Araújo, Rolando, Pelé e Djurdjevic;
Rui Ferreira, Sandro Gaúcho;
Ahamada, José Pedro, Silas;
Romeu

Nos 45 minutos que alinhou na primeira parte, Dady revelou bons pormenores e marcou um excelente golo tendo falhado outro de baliza aberta mas num passe apertado julgamos que também efectuado por Ricardo Araújo.
Romeu, esforçado como é seu timbre mas vê-se que precisa de muito trabalho físico específico.

Soubemos também que Rui Jorge, 45 vezes internacional, assinou com o Belenenses até ao final da próxima época. Obviamente que nos congratulamos com esta contratação tanto mais que era uma posição para a qual o único jogador de raíz tem… 17 anos e está na primeira época de júnior.
Rui Jorge não poderá ainda alinhar no próximo jogo em Leiria por questões burocráticas relacionadas com a sua inscrição e os prazos das mesmas.

A posição de lateral esquerdo foi uma das falhas no planeamento da época (e também da anterior) que, estou convencido, ficará agora debelada com o experiente jogador. Desejamos-lhe as maiores felicidades.