quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

BELENENSES vs Gil Vicente (Antevisão)

O “Galo” - antes acabar com o de Barcelos amanhã no Restelo, do que viver o resto da época cheios dele

Se todos os jogos são importante, o nosso jogo de amanhã no Restelo é particularmente importante.

Penso que os noventa minutos de amanhã à noite marcarão o tom e fixarão o contexto em que se jogarão os restantes mil quinhentos e tal que se vão seguir até ao fim da época.

Exagero?

Contraponho que é apenas Realismo.

E digo-o, antes de mais, por razões matemáticas.
Estamos a escassos três pontos da linha de água, sendo que o último dos náufragos é, precisamente, o nosso adversário de amanhã.

Ou seja, os três pontos de amanhã poderão valer sete.
Sete porque aos três ganhos se somam os três perdidos pelo nosso adversário directo e a estes se soma, ainda, um advindo da vantagem em termos de critério de desempate (sendo certo que ainda faltará o jogo de lá).

Quero fazer de imediato um parênteses.

(Como adepto do Belenenses, escrever coisas destas é-me profundamente doloroso. Saber que ao fim de uma primeira volta estamos a contar pontos, pontinhos e pontecos para sobreviver na primeira I Liga é algo a que desde cedo pressenti que chegaria, mas que sempre sonhei nunca vir a chegar. É algo que gostava de ver irradicado da minha própria cabeça.)

À razão matemática somam-se outras razões de índole simbólico-psicológica.

O jogo tem todo o ar fecho/início de um novo ciclo e marcá-lo-á.

É o primeiro jogo de um novo ano civil, com toda a carga simbólica de renovação de ambições ou desilusões que isso traz.

É também o último jogo da primeira volta, com ou sem os pontos do qual as equipas fecharão o seu “primeiro campeonato” e entrarão no “segundo”.

Se ganharmos, entraremos seis pontos acima da linha de água, ou seja, numa situação que podemos aceitar como de “meio da tabela”, apenas com necessidade de vigilância activa em relação à linha de água.
Se empatarmos, entraremos numa situação de perigo eminente.
Se perdermos, entramos mesmo a lutar para não descer.
Não estou com isto a dizer que se joga a manutenção ou a Eur..., perdão, a tranquilidade, no jogo de amanhã. Aconteça o que acontecer, haverá muito campeonato pela frente. Estou apenas a defender que o contexto em que esse muito campeonato se jogará dependerá deste jogo.

Em bom rigor, se a nossa gente com interferência real no desempenho da equipa – dirigentes, treinadores e jogadores e por esta ordem (eu sei que para Couceiro são os adeptos, mas para mim não) – estivesse belenensisticamente sã da cabeça, o mote para a vitória não deveria ser a fuga da linha de água e a mera opção entre aqueles três medíocres cenários.

Deveria ser, simplesmente, mais um amealhar de pontos para rapidamente se recuperar a possibilidade de atingir o objectivo traçado – lutar pela Europa, trazendo inplícita a mensagem de que este lugarecos de contagem do ponto não são os nossos.

Mas eu sei que não é assim.

Nas entrevistas relevantes deste mini defeso natalício já se percebeu que a tese do “Rumo à Europa” deu lugar à do “Ano de Transição”.

Como para o ano passam a descer só dois de dezasseis, enquanto neste ano são abatidos quatro de dezoito, afinal, diz-nos agora a nossa SAD e treinador, o que é mesmo importante nesta época é não descer!

Na verdade, na verdade, aquilo do “Rumo à Europa” foi só mesmo uma manobra de diversão.

É o tal “excesso de optimismo” que sempre foi mau conselheiro no Belenenses! Pois é, pois é.

O slogan do “Ano de Transição” já é uma coisa que tem muito mais a ver com os “valores” actuais do clube.

Senão vejamos:
Época 2003-04 - Fase da Asneira
Época 2004-05 - Ano Zero
Época 2005-06 - Ano de Transição (inclui versão do infeliz e delirante episódio “Rumo à Europa”)

Ou seja, em três anos, asneirámos, fizemos um “reset” e, agora … transitamos.

É verdade que não saímos do mesmo sítio – o último terço da tabela – mas, de qualquer forma, “últimos terços” há muitos e, com algum esforço é certo, nota-se uma espécie de “crescendo” nesta evolução de slogans.
“Transitar” há-de ser, de certeza, melhor que “asneirar”.
"Anozerar", nunca percebi muito bem o que fosse.

Bom, voltemos ao que interessa, o jogo contra o Gil Vicente.

Jogo esse que, apesar da importância que me atrevo a atribuir-lhe, pouco foi falado nestes últimos dias.

O clube entreteve-se a treinar a sua mais eficaz cara de mendigo e a sua melhor pose para se ajoelhar nesta nobre arte de pedir jogadores emprestados aos três estarolas.

A comunicação social recreou-se.

Olhando para estas últimas semanas e antevendo o futuro, podíamos quase desaparecer enquanto subtítulo do nosso habitual quarto de página e passar a linha final da sub coluna sobre a cor das meias que Co Adrianse levou para o treino da véspera no Olival.

Nesse pequeno espaço se informaria aquilo a que hoje o interesse pelo nosso clube está reduzido – saber se Co-Adrianse já decidiu, ou não, se Ivanildo vem, ou não, para reforçar um Belenenses que desesperadamente mendiga um extremo que não conseguiu arranjar no seu mais bem preparado defeso de sempre.

Com efeito, nem a magnífico-meticuloso-deslumbrante preparação desta época conseguiu impedir que hoje se passe esta grosseira secundarização do nosso clube.

Enfim, seja como for, há uma equipa que, mesmo sem o Ivanildo, tem que ganhar ao Gil Vicente.

O Meyong ainda joga.

A equipa vem de duas vitórias consecutivas (a última, fora), as quais, se não deslumbraram em termos exibicionais, tiveram o mérito de inverter um ciclo negativo.

É, pois, uma equipa motivada.

Mas que, não obstante, precisa do apoio dos adeptos.

Sobre isso, Couceiro já falou, e bem.

O seu discurso motivador, empolgante e aglutinador, ao mesmo tempo sábio, conhecedor e lúcido, aliado ao seu carisma natural, vai, de certeza, produzir efeitos nas massas.
Tanto efeito, que até já antevejo em foto.

ANTEVISÃO FOTOGRÁFICA

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Quanto à BOLSA DE APOSTAS, constata-se que os corretores voltam, embora timidamente, a acreditar em nós.
Aí vão os resultados do painel de hoje, com um grupo de doze corretores:
(Por cada 100)
Cor VIT EMP DER
#1 185 340 400
#2 183 320 420
#3 185 320 400
#4 179 328 413
#5 185 335 375
#6 182 325 394
#7 182 325 394
#8 180 325 400
#9 180 325 400
#10 173 325 433
#11 173 320 433
#12 180 330 375
média- VIT=180,56 / EMP =326,50 /DER=403,08

Projectadas para percentagens, segundo o método quetemos vindo a utilizar, estas cotações dão qualquer coisa como:

Vitória = 47% / Empate = 31% / Derrota = 22%

Dão-nos 47%, quando, recorde-se, nos davam 41% no jogo contra o Paços de Ferreira.
Creio que os corretores também sabem que, para nós, acima de 50% deve ser “excesso de ambição”.

Mas, a verdade é que também nos davam 27% em Coimbra e fomos lá ganhar.

Pois é, antever por antever, antevejo eu que nem sou corretor.

Antevejo que vamos ganhar
e que transitaremos

CPA.

P.S. Em três décadas de bancada no Restelo, e apesar de nunca ter tido alguém que me abrisse os olhos como Couceiro o fez aqui há dias, aprendi ainda assim algumas coisas. Uma delas é que equipa que ganha fora é para receber no Restelo com palmas e de pé.