sábado, 14 de janeiro de 2006

Neste dia, em . . .

1973 – Belenenses vence F.C.Porto por 2-0 e consolida a 2ª posição com 4 pontos de avanço sobre o 3º

Parece que foi ontem... e, no entanto, já passaram quase 33 anos desde a última vez que ficámos em 2º lugar.

Foi um tempo feliz. O Belenenses tinha uma grande equipa. Ao contrário da incapacidade a que hoje assistimos – de mão estendida para o que os nossos 3 velhos rivais lhes convenha emprestar-nos – éramos um clube capaz de ir à Argentina buscar um treinador como Alejandro Scopelli, nosso antigo jogador, homem pouco dado a exibicionismos mas sabedor e eficaz. Éramos capazes de ir buscar ao Brasil um goleador como Luís Carlos. Éramos capazes de trazer um jogador com a categoria de Gonzalez, graças a um protocolo com o Real Madrid. Éramos capazes de, em Portugal (aonde, porém, não nos restringíamos, como hoje), contratar jogadores como Mourinho ou Calado; de ir descobrir Freitas e Laurindo em África; de aproveitar a nossa formação, que produzia jogadores com o talento de Quaresma, Godinho, Murça e Pietra...

Durante esse campeonato, o Belenenses só conheceu 2 posições: o 1º lugar (duas primeiras jornadas) e o 2º (todas as restantes).

Este jogo com o F.C. Porto era bastante importante dado que, à rivalidade entre as duas equipas, acrescia o facto de o F.C.Porto, após um mau início de campeonato, estar a subir de rendimento, na sequência aliás de forte investimento em reforços. Por isso, apesar da chuva, havia o ambiente e a presença de público dos grandes jogos.

Forte e moralizado, o Belenenses – que tinha empatado por 1-1 em casa do adversário, na 1ª volta – obteve uma vitória convincente por 2-0, num jogo de grande qualidade.

A edição de A Bola de 15 de Janeiro de 1973, classificava assim o nosso triunfo: “Vitória empolgante à chuva e na lama” (ver imagem). Aurélio Março escrevia que tinha sido o melhor jogo de todo o campeonato, dada a exibição efectuada por ambas as equipas

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O Belenenses alinhou com:
Mourinho; Murça, Calado, Freitas e Pietra; Quinito, Quaresma e Godinho (depois substituído por Parreira); Laurindo, Luís Carlos e Gonzalez.

Destes jogadores, 8 eram ou viriam a ser Internacionais A.

Os golos foram marcados aos 48m e aos 69m, ambos por Quaresma, e ambos de cabeça. Lembremos que Alfredo Quaresma tinha sido durante anos defesa central. Por sua vez, Calado era médio. Scopelli, num rasgo de génio, desde o início da época que trocou os dois. Os resultados foram excelentes: Calado, com a sua altura, limpava o jogo de cabeça na nossa área. Quaresma conseguiu como médio um destaque que nunca tivera como central. Marcou, inclusivamente, bastantes golos – nesta e na época seguinte, uns bons vinte – e chegou à selecção A.

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Após esta vitória, à 18ª do total de 30 jornadas, o Belenenses estava em 2º lugar, só com uma derrota e com 4 pontos de vantagem sobre Sporting, então 3º classificado (ver tabela da já referida edição do jornal “A Bola”). O Benfica, em primeiro lugar, é que já estava longe, a 9 pontos.

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De facto, o Benfica tinha então uma equipa fortíssima. Em Portugal dava-se ao luxo de comprar jogadores de que não necessitava, só para não jogarem nos seus rivais. Assim, acabou o campeonato com um grande avanço (ver imagem).

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Não obstante, este 2º lugar do Belenenses deve ter assustado. Na época seguinte, alguma imprensa fez uma campanha incrível para nos desmoralizar. Na 1ª jornada, no Restelo, voltámos a vencer o F.C.Porto, no Restelo, por 1-0. A seguir, empatámos 1-1 em Guimarães. Espantosamente, começou a gritaria, matraqueada até à exaustão de que estávamos em crise... Crise, só por causa de um empate em Guimarães, a seguir a uma vitória sobre o Porto?! Há décadas que a máquina jornaleira de propaganda e de servilismo ao Benfica funciona em grande estilo, mesmo sendo verdade que o que se passa hoje é muito mais descarado e aviltante.