quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Neste dia, em . . .

1920 – Primeiro jogo e primeira vitória com o Benfica

Artur José Pereira e os restantes fundadores criaram o Clube de Futebol Os Belenenses para ser um grande clube (antes de tudo, de futebol) e para rivalizar com os maiores, nomeadamente o Benfica e o Sporting.

Recorde-se que o Sport Lisboa, que depois se fundiu com o Benfica, nascera em Belém. Por sua vez, desse clube, por cisão, nasceu o Sporting. Nestes dois clubes (Benfica e Sporting), brilharam jogadores de Belém, que, todavia, não desistiam de ter um clube especificamente belenense.

Ele nasceu, finalmente, em 1919. Ao quererem formar um grande clube, os nossos primeiros assumiram desde logo uma rivalidade plena com o Benfica e o Sporting (também com o F.C.Porto, embora este estivesse mais longe).

Gente do Benfica, começando pelo seu Presidente Cosme Damião, havia amesquinhado o nascimento do Belenenses, vaticinando que não teria mais do que 3 meses de vida (ver imagem). Para já, vamos em 1036 meses (86 anos e 4 meses....).


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Esta tentação repetiu-se ciclicamente ao longo dos tempos – mas, felizmente, o Belenenses resistiu até hoje.

Face a isto, o primeiro jogo com o Benfica assumiu foros de grande expectativa. Os belenenses ansiavam por afirmar o seu clube, vencendo o rival. Era um jogo para o Campeonato de Lisboa.

O encontro teve lugar no estádio do Lumiar e o Belenenses alinhou com:

Mário Duarte, Artur José Pereira, Eduardo Azevedo, Manuel Veloso, Carlos Sobral, Arnaldo, Aníbal, Ferreira, Francisco José Pereira, Joaquim Rio e Alberto Rio.

Foi um jogo épico. Fez época e lenda o quarto de hora à Belenenses, os quinze minutos finais em que os jogadores e o público dos azuis eram capazes, apelando a todas as forças, de dar a volta ao jogo e transformar as derrotas em vitórias. Isso aconteceu logo neste primeiro jogo com o Benfica.


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Com efeito, o Belenenses esteve a perder por 1-0 mas, nos últimos 15 minutos, marcou dois golos e assegurou o triunfo.

Foi uma grande festa para o nosso jovem clube. Esta vitória trouxe um grande alento e a convicção de que nada poderia parar o Belenenses na sua estrada de sucessos. Fora tirada a desforra dos desagravos do Benfica.

Muitos anos depois, no jornal do Belenenses comemorativo da inauguração do Estádio do Restelo e do nosso 37º aniversário – uma magnífica edição de 32 páginas! –, que possuímos graças à gentileza do nosso amigo Álvaro Antunes, evocava-se a importância desse triunfo, nestes termos:

A propósito desta vitória sobre o Benfica, Francisco José Pereira, irmão do saudoso Artur José Pereira, descreveu-nos, há tempos, essa inesquecível jornada ainda com certa emoção:

- Foi uma alegria doida! – disse-nos. E acrescentou:

- Quando chegámos a Belém, tivemos, por parte da população, uma carinhosa recepção. À noite formou-se um cortejo à frente do qual seguia a banda da Sociedade ‘Alves Rente’. Esse cortejo dirigiu-se a minha casa, onde meu irmão, pela fama e prestígio de que gozava e também porque tinha sido o inspirador e principal obreiro do nosso clube, foi alvo de uma grande manifestação.

Disse-nos ainda Francisco José Pereira:

- Nessa noite, em minha casa, chorou-se de alegria. O nosso querido Belenenses, em cujo êxito ninguém acreditava, acabava de dar um exemplo do seu grande valor, valor que havia de prolongar-se até aos nossos dias e que perdurará sempre para honra da gente de Belém e do Desporto Nacional
”.

Ao escrever estas palavras, não podemos deixar de notar a diferença imensa: naquele tempo, os nossos jogadores choravam de alegria e comoção com as vitórias; hoje, os nossos profissionais, pagos a peso de ouro e tantas vezes indignos da camisola que envergam, perdem o jogo e saem do campo a sorrir. TENHAM VERGONHA!

Fica também a referência ao bairrismo da gente de Belém. Somos insuspeitos ao falar deste aspecto, porque não nascemos nem nunca vivemos em Belém; mas, de facto, é lamentável que até no bairro onde nascemos se tenha perdido implantação. Ainda há não muitos anos, quando chegávamos a terras de Belém e da Ajuda, sabíamos e sentíamos que, nesse Ocidente de Lisboa, estávamos em território belenense. O nosso clube pulsava em cada esquina, em casas e ruelas, em estabelecimentos comerciais e em conversas de amigos. Ainda vamos a tempo de reviver esse espírito!(?).


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Para finalizar, cabe a menção de que nesse Campeonato de Lisboa, em que participámos escassíssimos meses após a nossa fundação, desde logo nos sagrámos vice-campeões. Viemos, justamente, a perder a final com o Benfica (ver gravuras).



2004 – Inaugurado o 2º piso da Sala de Troféus

O historial do Belenenses merecia e precisava desta ampliação. Os muitos milhares de troféus, que detemos, estavam demasiado apertados ou dispersos por outros locais do nosso complexo desportivo.


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Vale a pena visitar aquele espaço, repetidamente. Se alguém tiver dúvidas da grandeza do Belenenses, elas ficarão desvanecidas.

Há dias, ao falar com um portuense e portista, ele disse-me que há meses, numa visita guiada, ao ver aquele espaço, ficou completamente abismado. Nunca imaginara que o Belenenses fosse tão grande!

Naquele espaço, reina a Sra. D. Ana Linheiro.

É uma mulher de uma grande simpatia, foi uma grande nadadora com as cores do nosso clube, e respira Belenenses.

Falem com ela, calmamente, com tempo. Conhecerão alguém que, por detrás da sua bonomia e riso franco, tem todos os instintos belenenses básicos (hoje, em tantos aspectos perdidos), conhece o que fomos e a tristeza em que estamos, e sabe muito bem distinguir gente...e gente!

Tenho por ela grande respeito e gratidão.

Deixo-lhe aqui apenas um pedido: nos quadros, mostre também o povo azul; mostre o colorido das nossas bandeiras; ponha, por exemplo, uma imagem com a festa azul na Taça de 89, com aqueles milhares de bandeiras agitando-se em triunfo. Um grande clube também é feito disso.

De resto, nada mais falta naquele museu, que Ana Linheiro conserva com tanto carinho e desvelo.

Não se lhe neguem meios. Nem se deixe entristecê-la com o receio de que, um dia, “ninguém quer saber disto”.