Felizmente, não vendemos nenhum jogador nesta época de Dezembro/Janeiro.
Felizmente, por todas as razões, em especial por uma que normalmente passa despercebida: - vender jogadores é mau para qualquer equipa, não obstante o ganho financeiro. Vender um jogador, ainda por cima quando este é titular e, de certa forma, titular indiscutível, significa deitar fora um valor seguro e integrado e começar a busca por outro que o possa substituir sem grande perda, ou com a mínima perda possível. Significa, com quase toda a probabilidade, “piorar” a equipa. Significa fazer o contrário daquilo que uma equipa deve fazer a si própria: crescer, melhorar. Percebo as razões financeiras, mas respondo-lhe em bloco no última parágrafo deste artigo.
Ainda por cima num cenário em que lutamos para não descer, ficar sem Pelé (central titular indiscutível), ou sem Rolando (outro central titular, quase tão indiscutível como o outro), parece uma coisa de loucos.
Mas, pelos vistos, não era assim tanto. E não o era porque, apesar de não termos vendido, pode-se de certa forma concluir pelo que veio na imprensa (dando o devido desconto) que, pelo menos, encarámos a hipótese de vender.
E, também pelos vistos, embora aqui com menor grau de certeza, parece que encarámos a hipótese de negociar, baixando, as respectivas cláusulas de rescisão.
E aqui começa o problema.
Não me passa pela cabeça como é que jovens jogadores titulares com uma determinada cláusula de rescisão podem ser vendidos abaixo desta. Não faz qualquer sentido!
Ou melhor, faz, se analisarmos o que parecem ser os aspectos patológicos da coisa em dois lados: no mercado e em nós.
Como concluirei no fim, nenhuma delas nos serve de desculpa. Mas, vale a pena analisar
Vejamos a primeira: o mercado. Em Inglaterra, isto não aconteceria. Na Alemanha também não, Em França duvido. Em Itália e Espanha, quase de certeza que não. Em todos esses países, em princípio, qualquer clube interessado teria na mão o valor da cláusula de rescisão do jogador quando começasse a falar com ele (note-se que a cláusula de rescisão seria, por certo, mais alta). Não passaria pela cabeça de ninguém ir junto do clube detentor do passe do jogador oferecer menos.
No entanto, isso faz-se em Portugal (mandasse primeiro os jornalistas e os empresários vão a seguir).
E faz-se porque existe em todos os mercados estrangeiros a genuína convicção de que Portugal é um país de clubes falidos onde se compra por tuta e meia.
Infelizmente, isto é suportado por factos credíveis. Há clubes desesperados em número suficiente para alimentar essa espécie de Feira de Carcavelos do futebol Europeu.
Escusado será dizer que não vale sequer a pena olhar para o mercado nacional. Este não existe na óptica do comprador. Nenhum dos 3 estarolas tem um chavo que seja para comprar quem quer que seja. As “compras” acontecem assim em circunstâncias excepcionais, por exemplo: “trocas” - um jovem com valor por um camião de emprestados; “coincidências”, como no caso de Wender/Paulo Alves em que o dinheiro gasto pelo Sporting nem deve ter passado pelos seus cofres pois foi directamente recebido do negócio Rokenback ou; “ninharias” os rídiculos €1M que o Porto pagou por Diogo Valente ao Boavista (que, como se sabe anda financeiramente desesperado).
Assim, com um mercado interno inexistente e um mercado externo solvente, mas viciado, é difícil vender.
Acrescente-se, ainda, um outro problema: existe a convicção junto dos clubes estrangeiros solventes (únicos que interessam) de que em Portugal só se deve comprar aos 3 estarolas pois só estes trabalham dentro de certos níveis. Lamento dizer, mas esta convicção existe. Só agora começa a ser lentamente superada (nada graças a nós. Méritos para o Braga, Nacional e outros). Isto faz com que o trajecto natural de um jogador valioso seja sair para um estarola e só daí para o estrangeiro. Este sistema não nos interessa minimamente. Uma presença regular nas competições europeias resolveria muita coisa.
Bom, tudo resumido, a conclusão é esta: no actual contexto, é difícil vender bem, logo, é preciso estar preparado para esperar por um bom negócio, ou, na pior das hipóteses ESTAR PREPARADO PARA NÃO VENDER. É preciso que o clube se estruture nesse princípio.
Ora, aqui reside a segunda parte do problema:
Parece que não.
Parece que nós estruturámos esta época na premissa contrária, isto é, temos que vender, pelo menos, um activo.
Isto foi dito no Jornal o Jogo, atribuído como citação a Barros Rodrigues. Qualquer coisa como: “nunca escondemos que temos que vender um activo neste época. Pode ser agora, ou em Junho”. Nunca foi desmentido. Notícia é uma coisa, citação é outra. Quem cita, tem gravação. Repito, nunca foi desmentido.
E é mau.
É mau a vários níveis. Saliento 4:
- a necessidade de vender é meio caminho andado para vender mal;
- mais grave é essa necessidade e a sua proclamação num mercado já de si viciado;
- mesmo se for consumada a venda, ela não trará “mais valia”, apenas supre uma necessidade. Ou seja, a venda não tem como reflexo aumentar o potencial da equipa. Simplesmente permitirá sustentar o que existe – que, como se sabe, chega para estar na luta para não descer esta época.
E, finalmente, o mais importante de tudo:
- bastará olhar cinco minutos para o orçamento do clube para 2006, aprovado há alguns meses, para perceber o quão indesculpável é precisarmos de vender.
Algo foi muito mal feito.
Felizmente, por todas as razões, em especial por uma que normalmente passa despercebida: - vender jogadores é mau para qualquer equipa, não obstante o ganho financeiro. Vender um jogador, ainda por cima quando este é titular e, de certa forma, titular indiscutível, significa deitar fora um valor seguro e integrado e começar a busca por outro que o possa substituir sem grande perda, ou com a mínima perda possível. Significa, com quase toda a probabilidade, “piorar” a equipa. Significa fazer o contrário daquilo que uma equipa deve fazer a si própria: crescer, melhorar. Percebo as razões financeiras, mas respondo-lhe em bloco no última parágrafo deste artigo.
Ainda por cima num cenário em que lutamos para não descer, ficar sem Pelé (central titular indiscutível), ou sem Rolando (outro central titular, quase tão indiscutível como o outro), parece uma coisa de loucos.
Mas, pelos vistos, não era assim tanto. E não o era porque, apesar de não termos vendido, pode-se de certa forma concluir pelo que veio na imprensa (dando o devido desconto) que, pelo menos, encarámos a hipótese de vender.
E, também pelos vistos, embora aqui com menor grau de certeza, parece que encarámos a hipótese de negociar, baixando, as respectivas cláusulas de rescisão.
E aqui começa o problema.
Não me passa pela cabeça como é que jovens jogadores titulares com uma determinada cláusula de rescisão podem ser vendidos abaixo desta. Não faz qualquer sentido!
Ou melhor, faz, se analisarmos o que parecem ser os aspectos patológicos da coisa em dois lados: no mercado e em nós.
Como concluirei no fim, nenhuma delas nos serve de desculpa. Mas, vale a pena analisar
Vejamos a primeira: o mercado. Em Inglaterra, isto não aconteceria. Na Alemanha também não, Em França duvido. Em Itália e Espanha, quase de certeza que não. Em todos esses países, em princípio, qualquer clube interessado teria na mão o valor da cláusula de rescisão do jogador quando começasse a falar com ele (note-se que a cláusula de rescisão seria, por certo, mais alta). Não passaria pela cabeça de ninguém ir junto do clube detentor do passe do jogador oferecer menos.
No entanto, isso faz-se em Portugal (mandasse primeiro os jornalistas e os empresários vão a seguir).
E faz-se porque existe em todos os mercados estrangeiros a genuína convicção de que Portugal é um país de clubes falidos onde se compra por tuta e meia.
Infelizmente, isto é suportado por factos credíveis. Há clubes desesperados em número suficiente para alimentar essa espécie de Feira de Carcavelos do futebol Europeu.
Escusado será dizer que não vale sequer a pena olhar para o mercado nacional. Este não existe na óptica do comprador. Nenhum dos 3 estarolas tem um chavo que seja para comprar quem quer que seja. As “compras” acontecem assim em circunstâncias excepcionais, por exemplo: “trocas” - um jovem com valor por um camião de emprestados; “coincidências”, como no caso de Wender/Paulo Alves em que o dinheiro gasto pelo Sporting nem deve ter passado pelos seus cofres pois foi directamente recebido do negócio Rokenback ou; “ninharias” os rídiculos €1M que o Porto pagou por Diogo Valente ao Boavista (que, como se sabe anda financeiramente desesperado).
Assim, com um mercado interno inexistente e um mercado externo solvente, mas viciado, é difícil vender.
Acrescente-se, ainda, um outro problema: existe a convicção junto dos clubes estrangeiros solventes (únicos que interessam) de que em Portugal só se deve comprar aos 3 estarolas pois só estes trabalham dentro de certos níveis. Lamento dizer, mas esta convicção existe. Só agora começa a ser lentamente superada (nada graças a nós. Méritos para o Braga, Nacional e outros). Isto faz com que o trajecto natural de um jogador valioso seja sair para um estarola e só daí para o estrangeiro. Este sistema não nos interessa minimamente. Uma presença regular nas competições europeias resolveria muita coisa.
Bom, tudo resumido, a conclusão é esta: no actual contexto, é difícil vender bem, logo, é preciso estar preparado para esperar por um bom negócio, ou, na pior das hipóteses ESTAR PREPARADO PARA NÃO VENDER. É preciso que o clube se estruture nesse princípio.
Ora, aqui reside a segunda parte do problema:
Parece que não.
Parece que nós estruturámos esta época na premissa contrária, isto é, temos que vender, pelo menos, um activo.
Isto foi dito no Jornal o Jogo, atribuído como citação a Barros Rodrigues. Qualquer coisa como: “nunca escondemos que temos que vender um activo neste época. Pode ser agora, ou em Junho”. Nunca foi desmentido. Notícia é uma coisa, citação é outra. Quem cita, tem gravação. Repito, nunca foi desmentido.
E é mau.
É mau a vários níveis. Saliento 4:
- a necessidade de vender é meio caminho andado para vender mal;
- mais grave é essa necessidade e a sua proclamação num mercado já de si viciado;
- mesmo se for consumada a venda, ela não trará “mais valia”, apenas supre uma necessidade. Ou seja, a venda não tem como reflexo aumentar o potencial da equipa. Simplesmente permitirá sustentar o que existe – que, como se sabe, chega para estar na luta para não descer esta época.
E, finalmente, o mais importante de tudo:
- bastará olhar cinco minutos para o orçamento do clube para 2006, aprovado há alguns meses, para perceber o quão indesculpável é precisarmos de vender.
Algo foi muito mal feito.