Crónica (?) do jogo
Se um senhor que corta o cabelo no barbeiro do Restelo pode ser treinador de futebol, se outros senhores que vendem jogadores para acertar contas correntes podem ser administradores, se outros ainda que fazem umas almoçaradas com compadres podem ser dirigentes, então eu posso ser cronista desportivo.
Poder, não posso, ou melhor, não devo. Porquê? Porque não percebo nada de futebol, e nem a introdução que fiz acima me serve de atenuante, pois a incompetência dos outros não me dá competência a mim. Mas os meus companheiros de blogue, vá-se lá saber porquê, aceitaram que fosse eu a fazer a crónica do jogo de hoje e até prometeram não me bater. Já não é mau. Da parte dos meus prezados leitores não estou assim tão descansado, não me prometeram nada...
Numa tarde de intempérie, lá fomos nós para a Reboleira, assistir a um jogo disputado numa “caixa de fósforos” a que já ouvir chamar pomposamente “estádio”. Como o dito “estádio” não fica muito longe de minha casa, alguns amigos deram-me o prazer de passar por cá antes do jogo e beber um copo para ganhar coragem. Sim, coragem, não só para enfrentar o temporal, mas porque íamos assistir a um jogo do Beleneneses.
Em casa do Estrela a assistência foi escassa, embora constituída maioritariamente por adeptos vestidos de azul, o que me levou a comentar que, mesmo assim, apesar de poucos, ainda éramos mais do que eles. Triste comparação. Alegria de pobre. A miséria dos outros pode ser muito “turística”, como alguem dizia, mas não compensa as nossas próprias fraquezas. Mais ou menos como as competências e incompetências de que falei acima.
A nossa equipa entrou em campo com uma formação mais ou menos previsível, digo eu, sabendo-se de antemão que Meyong nem sequer tinha sido convocado. Esta ausência, ou melhor, a sua razão, foi algo comentada antes do início da partida. Entre as várias hipóteses avançadas, há uma que não posso deixar de referir. Meyong estaria a sofrer castigo pelas recentes declarações que fez à Comunicação Social! Quem me dera um castigo desses, dizerem-me para não trabalhar e continuarem a pagar-me o ordenado. Mas enfim, não é este o tema desta crónica. Estou aqui para falar do jogo, se me perdoarem o descaramento...
Ganhámos! Isso é o mais importante, para mim, aliás, a única coisa verdadeiramente importante. Acho que o Belenenses até nem jogou mal, mas não tenho a mínima convicção do que estou a escrever. Já disse, a única coisa que me interessa é que o Belenenses ganhe e isso, felizmente, hoje aconteceu. Em minha opinião (que digo eu, “opinião”?) fizemos uma boa primeira parte, em particular no último quarto de hora, em que Silas e Ruben Amorim (segundo informação de espectadores credenciados) marcaram os dois golos que nos permitiram passar um intervalo relativamente descansados. A vantagem até poderia ter sido ampliada, se aquela cabeçada (sei lá de quem!) a um centro do lado esquerdo da linha de fundo tem entrado. Bom, mas fomos para o intervalo a ganhar, e por dois!
Situação estranha esta, que não experimentamos muitas vezes, chegar ao intervalo com uma vantagem “folgada”. Durante o descanso (para os jogadores e para mim) os muitos treinadores de bancada presentes dissertaram sobre táticas infalíveis e dissecaram as várias opções tomadas na primeira parte o que, paradoxalmente, em vez de me esclarecer só me baralhou e dificultou a tarefa que tenho agora entre mãos. Mas voltemos ao jogo.
A segunda parte havia de repor aquilo a que eu chamo a “realidade belenense”. A aflição, o sofrer até ao último segundo, o suspirar por um apito redentor. Sem dúvida, saímos da Reboleira com a certeza de que havíamos assitido a um jogo do Belenenses. Até recomeçámos bem. Nos primeiros minutos podíamos ter matado o jogo (é assim que se costuma dizer, não é?), se pelo menos uma das duas perdidas de Silas e Amaral tivesse sido concretizada.
A meio da segunda parte tudo mudou. O Estrela tomou conta do jogo e, já perto do fim, acabou por marcar o seu (felizmente único) golo, na conversão de um livre, com a colaboração da má colocação de Pedro Alves na baliza, segundo a mesma fonte credenciada que já referi. A partir daí foi o “ai Jesus” do costume, com o Estrela a pressionar e o tal senhor que corta o cabelo no barbeiro do Restelo a demorar a tirar do campo os 300 quilos de Romeu (substituindo-o por Fábio Januário) e a fazer entrar um insípido Ahmada para o lugar de Silas, que terá sido (eventualmente) o nosso melhor jogador. Finda a tortura do tempo de compensação, o senhor do apito soprou-lhe pela última vez! Primeiro alívio da tarde. O segundo é quando acabar de escrever esta crónica.
Faltam as notas, pois é. Lamento muito, mas a tanto não me atrevo. Destaco Silas e fico-me por aí. Ainda esta semana acabaram os exames na Faculdade, chega de notas. Ainda se fosse Química Orgânica, agora futebol... Além disso, num Clube que acaba de vender um dos seus craques, “notas” é o que não falta, certamente...
Saudações azuis.
Se um senhor que corta o cabelo no barbeiro do Restelo pode ser treinador de futebol, se outros senhores que vendem jogadores para acertar contas correntes podem ser administradores, se outros ainda que fazem umas almoçaradas com compadres podem ser dirigentes, então eu posso ser cronista desportivo.
Poder, não posso, ou melhor, não devo. Porquê? Porque não percebo nada de futebol, e nem a introdução que fiz acima me serve de atenuante, pois a incompetência dos outros não me dá competência a mim. Mas os meus companheiros de blogue, vá-se lá saber porquê, aceitaram que fosse eu a fazer a crónica do jogo de hoje e até prometeram não me bater. Já não é mau. Da parte dos meus prezados leitores não estou assim tão descansado, não me prometeram nada...
Numa tarde de intempérie, lá fomos nós para a Reboleira, assistir a um jogo disputado numa “caixa de fósforos” a que já ouvir chamar pomposamente “estádio”. Como o dito “estádio” não fica muito longe de minha casa, alguns amigos deram-me o prazer de passar por cá antes do jogo e beber um copo para ganhar coragem. Sim, coragem, não só para enfrentar o temporal, mas porque íamos assistir a um jogo do Beleneneses.
Em casa do Estrela a assistência foi escassa, embora constituída maioritariamente por adeptos vestidos de azul, o que me levou a comentar que, mesmo assim, apesar de poucos, ainda éramos mais do que eles. Triste comparação. Alegria de pobre. A miséria dos outros pode ser muito “turística”, como alguem dizia, mas não compensa as nossas próprias fraquezas. Mais ou menos como as competências e incompetências de que falei acima.
A nossa equipa entrou em campo com uma formação mais ou menos previsível, digo eu, sabendo-se de antemão que Meyong nem sequer tinha sido convocado. Esta ausência, ou melhor, a sua razão, foi algo comentada antes do início da partida. Entre as várias hipóteses avançadas, há uma que não posso deixar de referir. Meyong estaria a sofrer castigo pelas recentes declarações que fez à Comunicação Social! Quem me dera um castigo desses, dizerem-me para não trabalhar e continuarem a pagar-me o ordenado. Mas enfim, não é este o tema desta crónica. Estou aqui para falar do jogo, se me perdoarem o descaramento...
Ganhámos! Isso é o mais importante, para mim, aliás, a única coisa verdadeiramente importante. Acho que o Belenenses até nem jogou mal, mas não tenho a mínima convicção do que estou a escrever. Já disse, a única coisa que me interessa é que o Belenenses ganhe e isso, felizmente, hoje aconteceu. Em minha opinião (que digo eu, “opinião”?) fizemos uma boa primeira parte, em particular no último quarto de hora, em que Silas e Ruben Amorim (segundo informação de espectadores credenciados) marcaram os dois golos que nos permitiram passar um intervalo relativamente descansados. A vantagem até poderia ter sido ampliada, se aquela cabeçada (sei lá de quem!) a um centro do lado esquerdo da linha de fundo tem entrado. Bom, mas fomos para o intervalo a ganhar, e por dois!
Situação estranha esta, que não experimentamos muitas vezes, chegar ao intervalo com uma vantagem “folgada”. Durante o descanso (para os jogadores e para mim) os muitos treinadores de bancada presentes dissertaram sobre táticas infalíveis e dissecaram as várias opções tomadas na primeira parte o que, paradoxalmente, em vez de me esclarecer só me baralhou e dificultou a tarefa que tenho agora entre mãos. Mas voltemos ao jogo.
A segunda parte havia de repor aquilo a que eu chamo a “realidade belenense”. A aflição, o sofrer até ao último segundo, o suspirar por um apito redentor. Sem dúvida, saímos da Reboleira com a certeza de que havíamos assitido a um jogo do Belenenses. Até recomeçámos bem. Nos primeiros minutos podíamos ter matado o jogo (é assim que se costuma dizer, não é?), se pelo menos uma das duas perdidas de Silas e Amaral tivesse sido concretizada.
A meio da segunda parte tudo mudou. O Estrela tomou conta do jogo e, já perto do fim, acabou por marcar o seu (felizmente único) golo, na conversão de um livre, com a colaboração da má colocação de Pedro Alves na baliza, segundo a mesma fonte credenciada que já referi. A partir daí foi o “ai Jesus” do costume, com o Estrela a pressionar e o tal senhor que corta o cabelo no barbeiro do Restelo a demorar a tirar do campo os 300 quilos de Romeu (substituindo-o por Fábio Januário) e a fazer entrar um insípido Ahmada para o lugar de Silas, que terá sido (eventualmente) o nosso melhor jogador. Finda a tortura do tempo de compensação, o senhor do apito soprou-lhe pela última vez! Primeiro alívio da tarde. O segundo é quando acabar de escrever esta crónica.
Faltam as notas, pois é. Lamento muito, mas a tanto não me atrevo. Destaco Silas e fico-me por aí. Ainda esta semana acabaram os exames na Faculdade, chega de notas. Ainda se fosse Química Orgânica, agora futebol... Além disso, num Clube que acaba de vender um dos seus craques, “notas” é o que não falta, certamente...
Saudações azuis.