1974 – Belenenses vence líder Sporting por 1-0, no Restelo, perante grande assistência
É uma das maiores reminiscências da minha juventude.
O Belenenses tinha uma grande equipa. No Campeonato anterior, fora vice-campeão.
Neste, de 73/74, ficou em 5º lugar mas colado aos que nos precederam na classificação. Realmente, podíamos até ter ido mais longe, pois a 2ª volta foi excelente: 23 pontos em 30 possíveis, nos 15 jogos disputados (as vitórias, então, só valiam 2 pontos).
Na 1ª volta estivéramos pior, somando 17 pontos, em parte devido à incrível campanha da comunicação social, já então fortemente encarnada que, quiçá receosa de que fossemos mais longe do que o 2º lugar do ano anterior, decretou que estávamos em crise à 2ª jornada, depois de vencermos o F.C.Porto no Restelo (golo de Quinito a 15/20 minutos do fim) e de empatarmos em Guimarães...
Adiante. Este jogo com o Sporting teve lugar à 19ª jornada, 4ª da 2ª volta. Cerca de 40 mil pessoas, divididas igualmente pelos adeptos dos dois grandes clubes, quase encheram o Restelo. Se aqui e ali havia algumas clareiras, outros sectores estavam sobrelotados.
Foi um jogo fantasticamente disputado, “de poder a poder” como então se escreveu num jornal desportivo, ou seja, bola cá-bola lá, perigo a rondar alternadamente ambas as balizas, as duas equipas a jogar de peito feito.
Venceu o Belenenses, com um golo de Luís Carlos aos 20 minutos, num remate, enrolado, à meia volta. O triunfo da nossa equipa foi de especial valor, tendo em conta que o Sporting era líder do Campeonato, que de resto acabou por conquistar.
Como nos grandes jogos de então, o final foi intensíssimo e apoteótico.
Que saudades daqueles momentos finais: o público azul de pé, milhares e milhares gritando “Belém! Belém! Belém!”, com um dedo levantado a fazer sinal aos jogadores que se tinha entrado no último minuto, a festa, o clamor da vitória!
1979 – Homenagem póstuma ao Dr. Silva Rocha
João da Silva Rocha, dedicado Belenense, foi chefe do departamento Clínico do Belenenses e da Selecção Nacional de Futebol, durante muitos anos. Pertenceu aos quadros efectivos da FIFA.
Médico de créditos mundialmente reconhecidos, participou em inúmeros congressos e simpósios internacionais e publicou dezenas de obras no campo da Medicina Desportiva.
A sua longa e distinta carreira valeu-lhe, em 1973, um ano antes da sua morte, a atribuição da Medalha de Mérito Desportivo, atribuída pelo Governo Português pelos “altos e distintos serviços prestados ao desporto português”.
Dele diria, um dia, Camacho Vieira, o seu sucessor:
“João da Silva Rocha, que foi, digamos assim, o propulsor da medicina desportiva no nosso país, era um homem muito respeitado no país e no estrangeiro…”
Da referida homenagem póstuma, realizada nesta data, aproximadamente 5 anos após a sua morte, constou o descerramento de uma lápide com o seu nome no posto clínico do Restelo.