A classe vê-se em tudo. Os grandes jogadores que o Belenenses teve, os realmente grandes, nunca os vi a clamarem uma mudança de clube nem a falar de nós com menor respeito. Em contrapartida, assistimos a pseudo-craques que fazem meia dúzia de jogos, arrancam três ou quatro fintas, marcam um ou dois golos e, tratando o Belenenses como se fosse uma porcaria qualquer, logo vêm falar a torto e a direito em ir para aqui e para acolá, em dar o salto, em ir para os chamados “grandes” (os outros “grandes”, digo eu).
Rui Jorge, com uma carreira que fala por si, tem sido o exemplo oposto. Sempre tem falado do Belenenses com o respeito que é devido. Ao contrário do nosso treinador, não passa a vida a falar sobre o ex-clube. Mostra na postura a classe que tem como jogador. Espero não ter nuncaque engolir estas palavras.
Para quem, quando censuramos declarações infelizes de treinadores e jogadores ao nosso serviço, logo salta a bradar “Lá vêm vocês a dizer mal! Eles não podem dizer nada?”, aqui fica a resposta: podem sim. Façam como o Rui Jorge.
Os jogos importantes (ou não)
Não ignorando eu a posição em que estamos na classificação, considero altamente censuráveis as declarações de José Couceiro de que o jogo com o F.C.Porto não era importante. Em primeiro lugar, porque são vitórias nestes jogos que moralizam as equipas; depois, porque a história do Belenenses não devia permitir estes atentados. Depois, porque isto passa a mensagem do Belenenses coitadinho, que abdicou do seu orgulho.
Para os que, sem culpa, são já os filhos da decadência, para uma Direcção muda, apagada e aparentemente autista, que parece só se preocupar com 200 ou 300 pessoas que perambulam pela net, isto pode não importar. Para mim, que não vejo futuro se se pensar somente nos resistentes que ainda vão ao estádio mas sim, na nação azul - em cem ou duzentos mil adeptos que há muito deixaram de se rever neste Belenenses -, declarações como as de José Couceiro são mais uma mensagem de que é melhor esquecer, porque “isto” já pouco ou nada tem a ver com o clube que guardam no seu coração. São mais um tiro no futuro do Belenenses, já de si tão sombrio. No entanto, as suas declarações não constituem surpresa. Como Carvalhal, ele é um treinador do sistema: do sistema do servilismo, da pose para a CS, do desrespeito para o Belenenses. E não houve coragem nem saber para romper com isso e ir-se buscar outra solução...
Quanto Pior... Pior!
O meu diagnóstico está feito: a actual Direcção é má, a SAD idem, o treinador idem. No entanto, a nossa posição nunca é nem pode ser a de quanto pior, melhor. Não. Quanto melhor, melhor; quanto pior, pior! Absolutamente assim, porque acima de tudo está o Belenenses. (Deixo à reflexão se os flechas e amigos também pensariam assim, se deixassem de ser situacionistas...).
Sim, fiquei contente com a Taça de Andebol mas o futuro do Belenenses decide-se no futebol e naquilo que ele arrasta (ou não) e a situação é dramática. Joga-se não só a luta pela manutenção mas, também, a luta pela sobrevivência. O BELENENSES NÃO PODE DESCER! Se não descer, trate-se nessa altura de apurar as responsabilidades de mais uma época calamitosa (repito: mesmo que não desçamos); e, quanto mim, todos os incompetentes que contribuem para esta situação devem ir-se embora. Não nos esqueçamos disso, porque lutar para não descer é uma vergonha para o Belenenses, porque, se ficarmos em 14º, será a nossa 5ª pior classificação de sempre em 70 anos, porque se ficarmos em 14º, teremos em 3 épocas 2 das piores classificações de sempre. Mas, agora, há que fazer tudo, mas mesmo tudo, o que estiver ao nosso alcance para evitar a catástrofe. Por isso, Domingo, TODOS À AMADORA!
Blogs
No dia 17 de Fevereiro, este blog completa meio ano de existência. Saúdo os meus colegas e, em geral, todos os (poucos) que querem discutir o clube a sério, sem subserviências nem vénias à decadência. Mas, em geral, estou saturado desta pomposamente chamada blogosfera azul. Sim, estou farto de ver e ler patetices, estou farto de as pessoas insistirem nos mesmos erros e serem incapazes de os reconhecer, estou farto de se dar valor ao que o não tem (comentando-se e aplaudindo-se o absurdo e as menoridades, que demoram uns segundos a escrever ou a copiar), e de ver desprezadas e mal interpretadas, quando não ridicularizadas, as reflexões verdadeiramente sérias, estou farto de ver as considerações pessoais sobreporem-se ao bem e ao interesse do Belenenses, estou farto de ver guerra quando está em causa a pequena pessoa de cada um e encolher de ombros quando o nome do nosso clube é enxovalhado.
Estas frases, que decerto haverá quem ache duras, impróprias e indecentes (apesar de não serem dirigidas a ninguém em particular), são da minha exclusiva e pessoal responsabilidade, que assumo por inteiro. De resto, pouco me interessa o que se pense delas.
Cada massa associativa tem o que merece.