quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Neste dia, em . . .

1919 – Nasce Gouveia da Veiga (antigo Presidente)

Nascia, nesta data, em 1919, em Bela Vista, Angola, um dos maiores dirigentes da história do Belenenses e do desporto português: Fernando Olavo Gouveia da Veiga, Juiz Conselheiro.

A sua carreira na magistratura reparte-se entre Portugal e Moçambique. Viria, muito cedo, apenas com 43 anos, a atingir o cargo de Juíz Conselheiro. Foi mesmo um dos mais novos de sempre na história da magistratura portuguesa.
Atingiria o topo da hierarquia dos Tribunais Portugueses como Vogal do Conselho Ultramarino.

Recebeu do Estado Português, o colar do Conselho Ultramarino.
Foi, também, Representante de Portugal nas Nações Unidas, em Nova Iorque.

No dirigismo desportivo tem também um curriculum extraordinário. Foi mesmo um dos primeiros magistrados a entrar no mundo do dirigismo desportivo, para o que teve que solicitar uma autorização especial ao Conselho Superior da Magistratura.

Foi Presidente da Direcção do Grupo Desportivo de Lourenço Marques, actualmente, Grupo Desportivo de Maxaquene (1955/57), de onde saíram alguns grandes nomes do futebol português.

Foi Director-Geral dos Desportos para a província ultramarina de Moçambique.

Desempenhou diversos cargos também na Federação Portuguesa de Futebol do quais se destaca o de Presidente do Conselho de Justiça da FPF.

No Belenenses foi um dirigente enorme, que deu a cara e o corpo ao manifesto nalguns dos momentos mais complicados a nossa história. Referimo-lo em várias ocasiões, quer a propósito da sua morte (em 22 de Agosto de 2002), quer a propósito da Junta Directiva de que fez parte (e liderou) no período entre 1967 e 1969 (ver 2 de Fevereiro).

Esse triénio, em que foi um dos dirigentes máximos do clube ao lado de Acácio Rosa e Coelho da Fonseca, terá sido porventura aquele em que mais se destacou. No entanto, interveio na vida do Belenenses durante várias décadas.

Foi Presidente da Direcção, em 1971, cargo ao qual se viu obrigado a renunciar por razões de saúde; Presidente da Mesa da Assembleia-Geral em 1966, 1967, 1970 e entre 1977 e 1982; Presidente do Conselho de Apoio e Consultivo em 1982 e membro do Conselho Geral.

Recebeu do Belenenses a consagração devida ao serem-lhe atribuídos os galardões de sócio de mérito, de sócio honorário (em 1981) e a Cruz de Cristo de Ouro em 2001.

Recordamos com saudade o seu dom de palavra nas Assembleias-Gerais.
Em 23 de Setembro de 1969 na jornada de encerramento da comemoração das bodas de ouro do Belenenses, o Juiz Conselheiro Gouveia da Veiga, satisfeito pelo dever cumprido, dizia:

Todos juntos, havemos de continuar na estrada do nosso destino, com cada vez maior tenacidade e sempre de olhos postos no clarão luminoso do nosso Amanhã.
E os nosso olhos, lá longe, no horizonte, vêem sempre o sol nascer.
É o sol da esperança e da nossa fé, que renasce e não se apaga.
E não se apagará...



O Belenenses precisa de quem saiba falar em seu nome.

O Belenenses precisa que se oiça falar com respeito do nosso clube.

O Belenenses precisa de dirigentes desta estatura.


N.E.: Agradecemos o especial contributo de Fernando Gouveia da Veiga (neto) na elaboração deste apontamento.