Embalados de uma exibição memorável na passada Segunda-feira e de uma vitória sobre o 4º classificado, desta vez limpámos o quinto classificado.
Ainda ontem, no artigo do dia do jogo (Boavista – BELENENSES: Estatística, Convocatória, Nomeações) fiz a pergunta:
“Onde vão estar estes jogadores no final de tarde de Sábado? Espero que no Estádio do Bessa a repetir o arreganho e, quem sabe, a arte. ”
E não é que estiveram mesmo?
O Belenenses entrou em campo bem espraiado no terreno repetindo o mesmo esquema do jogo com o Braga, e com a mesma postura pressionante. Sem bola e com esta no meio campo adversário a movimentação da equipa era feita no sentido de preencher espaço e cortar as linhas de passe para atrasar os ataques caseiros. Silas e Meyong a abrir nas alas e José Pedro a pressionar ao centro. Assim que a bola cruzava o meio campo na posse do Boavista a pressão intensificava-se e não raras vezes estancava o Belenenses as investidas do Boavista partindo rapidamente para o contra-ataque.
E tudo corria bem até que aos 17 minutos o Sr. Augusto Duarte resolveu marcar penalty num lance que, na minha opinião, não o é. Rolando e Fary disputam a bola e Fary deixa-se cair no contacto com o central.
Escreveu-se direito por linhas tortas e Zé Manel falhou. Seria injusto.
Este penalty não intranquilizou a equipa mas esta deixou de ser tão afoita. Não terminaria a primeira parte sem que a arbitragem voltasse a intervir no resultado da partida (ou pelo menos a tentar. O passe de Silas que isola completamente Meyong não apanha este em fora-de-jogo, o que é claro na repetição. Aliás não era o primeiro mal tirado ao mesmo jogador.
Não seria imparcial, no entanto, se não dissesse aquilo que penso sobre uma duríssima entrada de Meyong. O árbitro entendeu que não houve intenção de magoar o jogador do Boavista (Tiago) e viu o que todos vimos, ou seja que Meyong escorregou na entrada impetuosa. Não que tenha pena de Tiago, ele sim useiro e vezeiro em entradas brutais e agressões. Mas cheguei a temer que Meyong visse o vermelho directo.
Assim, ao intervalo, as estatísticas eram claras. O Belenenses controlava o jogo e durante alguns minutos dominara mesmo, encostando o Boavista ao seu meio-campo. Reflexo claro no tempo de posse de bola que era favorável ao Belenenses por 51 – 49 (%). Em remates 7 para o Boavista e 6 para o Belenenses. A coisa prometia.
A segunda parte começou na mesma toada com o Boavista a tentar obter a supremacia no meio-campo o que não conseguia. Viu-se então as sucessivas tentativas de lateralização especialmente através de Rui Duarte.
Com a saída de Areias (o lateral esquerdo do Boavista) e a consequente alteração táctica do Boavista, Couceiro jogou muito bem e colocou Ahamada a pressionar na direita por substituição de Ruben Amorim. Embora não directamente relacionado, o Belenenses ganha uma bola por Silas que ao controlar mal a bola a faz ressaltar no defesa boavisteiro sobrando para José Pedro que corre alguns metros, puxa para o seu pé esquerdo e faz um golão de bandeira. William foi buscá-la à gaveta.
Estávamos nos 71’ e faltavam 20 e tal de sofrimento anunciado. Mas a verdade é que tirando a ansiedade natural não houve asfixia axadrezada, coisa nenhuma. Mantivemos a postura pressionante apesar do natural desgaste dos jogadores. E como quem procura a sorte acaba por encontrá-la, William falha a reposição de bola num pontapé de baliza, e Meyong com um excelente trabalho sobre o central adversário que se lhe opôs ganha posição e na entrada da área desfere o golpe mortal. Três pontos e caso (quase) arrumado. Tudo isto apenas 6 minutos depois do primeiro golo.
Estávamos portanto nos 77 minutos e pouco depois Couceiro refrescaria de novo o meio campo com a entrada de Fábio Januário para o lugar do esgotado José Pedro. Se fosse no Restelo era ovação de pé, na certa. Que transfiguração, Senhor José Pedro!
E apenas 4 minutos depois novo reforço do meio campo com Rui Ferreira a entrar para o lugar de Meyong. Ficava Silas e Ahamada na frente até final.
Após 4 minutos de tempo extra, consumar-se-ia uma vitória justíssima, sem espinhas.
Análise individual
Marco Aurélio (3): Exibição segura com apenas um pequeno e inconsequente deslize ao não agarrar uma bola à primeira. Não fosse isso e levava nota 4.
Amaral(3): Está incomparavelmente melhor. Apenas lhe aponto algumas desconcentrações na marcação aérea e no auxílio dos centrais. Subiu bem no terreno. Esperemos que continue a subida de produção nos próximos jogos. É desse Amaral que o Belenenses precisa.
Pelé (4): Bem no jogo aéreo e com bastante confiança para sair com a bola nos pés em direcção ao adversário. Na primeira parte uma das suas subidas levou-o até à área adversária e em combinação com Meyong apenas lhe falhou o cruzamento numa jogada que poderia ter sido de golo.
Rolando (3): Assim como Pelé, nota-se um acréscimo de confiança. Injusto o cartão com que foi presenteado num penalty que não existiu e que o intranquilizou um pouco. De resto esteve bem.
Rui Jorge (4): A sua experiência permite-lhe um posicionamento excelente. A sua combinação com Djurdjevic permite-lhe subidas frequentes no terreno das quais invariavelmente surgem boas jogadas e desmarcações perigosas para os adversários. Vale ouro.
Sandro Gaúcho (4): A garra que lhe faltava junto com a confiança que demonstra dão-lhe a capacidade de não só ocupar melhor os espaços defensivos e apoiar a defesa também no jogo aéreo mas especialmente a capacidade de executar bem o primeiro passe. Boa exibição
Ruben Amorim (3): Interveniente mas sem brilho por aí além, está no entanto melhor que em anteriores jogos em que parecia acusar a responsabilidade de ter de pautar todo o jogo da equipa. Na posição de médio-interior-direito está a render bem mais. A crescer.
José Pedro (5): Muito boa exibição, coroada com um golo de levantar o mais empedernido. Está muito mais interventivo. O seu estilo não é o raçudo e batalhador. Mas a crescer de forma e de vontade está a apresentar uma muito maior capacidade de pautar o jogo. Que golão. Oxalá continue assim.
Djurdjevic (3): Outro jogador muito lutador. Combina com Rui Jorge na perfeição, compensando as subidas deste e combinando nas subidas pelo flanco frequentemente com jogadas de perigo. Falhou alguns passes na primeira parte mas rectificou muito bem as falhas.
Silas (5): Solto, livre de estar encostado a uma das alas é um jogador fundamental. Na retenção de bola nos remates perigosos. Tem muita classe. Fundamental quando em forma, o que é o caso.
Meyong (4): Mais um a subir, embora ainda não ao nível das melhores exibições que lhe conhecemos. Boas desmarcações embora muito marcado pelos centrais adversários. Muito interventivo veria a sua insistência coroada com um golo à ponta-de-lança. O único aspecto negativo da sua exibição foi a entrada descuidada e muito dura sobre Tiago. Valeu-lhe a ausência no próximo jogo na Madeira.
Ahamada (3): Entrou para o lugar de Ruben Amorim, para aproveitar a ausência de um lateral boavisteiro. Entrou bem, acelerou e segurou no momento próprio. Foi uma mais valia.
Fábio Januário (2): O esforço e entrega habituais. Substituiu José Pedro, entrando para segurar o meio campo e aumentar a posse de bola. Esteve bem.
Rui Ferreira (2): Entrou a substituir Meyong para auxiliar Sandro a fechar a cabeça da área. No pouco tempo que esteve em campo cumpriu.
_______________________
José Couceiro (3): Bem a refrescar o meio campo e na preparação do jogo. As coisas saíram bem e quando assim é a nota é sempre positiva. Mais interventivo no banco. Espero que a nova atitude seja para manter. Perdoem-me o aparente cepticismo, mas as razões para não embandeirar em arco são ainda muito recentes. Mais duas vitórias e retiro as minhas reservas.
Figuras do Jogo: JOSÉ PEDRO e SILAS
Comentário
Um resultado excelente num campo muito difícil para qualquer equipa deste campeonato. O Belenenses venceu e, de novo, convenceu.
Temos agora 34 pontos, 6 deles conquistados em circunstâncias altamente improváveis nos últimos, à partida, dois (muito) difíceis jogos.
Urge continuar a sequência positiva, já na Madeira, aproveitando a embalagem e a crescente confiança.
Meyong estará ausente, pois viu o quinto amarelo da época e Romeu está a recuperar de intervenção cirúrgica. É a oportunidade de Ceará ou de Dady. As últimas opções de Couceiro apontam para Ceará. Seja quem for que não se caia na tentação de jogar sem ponta-de-lança. Já provámos que somos capazes de dar a volta. Falta repeti-lo até final.
Outra nota muito positiva. Foi muito frequente (desde o início do jogo) ouvir os nossos cânticos Belenenses. O estádio não estava bem composto, longe disso, no entanto e dada a rivalidade com a claque boavisteira, não estava à espera disto. Muito bom e para continuar.
De novo e sempre:
BELÉM, BELÉM, BELÉM !!!