sexta-feira, 24 de março de 2006

Marítimo vs BELENENSES (ANTEVISÃO)

Por esta altura, de certeza, que muita gente já conversou com muita gente.
É que o Marítimo não pode descer .
Não pode descer porque isso significaria o colapso moral de uma coisa já moralmente muito questionada que é abono anual de milhões de Euros a um clube por parte de um governo regional (dinheiro nosso, per supuesto).

Não sou um anti-Maritimista primário (embora confesse que não gosto), nem tenho uma revolta assim tão grande contra estes subsídios (desde Roma que os poderes gastam dinheiros públicos com circos e desportos). O que digo, porém, é que a coisa, feita num país de pé descalço, escandaliza. Para além disso, há o problema de falta de um retorno digno desse nome. E aí começa o problema.

Mas, hoje, o que me preocupa é que o mesmo poder que sustenta o Marítimo vai arranjar maneira de não o deixar descer e nós estamos no caminho.

O poder tem que fazer isso porque, senão o fizer, cai no ridículo: “anos e anos a enterrar ali dinheiro para quê? Para o meio da tabela? Para uma ou outra ida às taças Europeias baixas e para ficar na primeira eliminatória? E para agora descerem?!?!”. É um vazio de sentido completo.
Enquanto ainda forem jogando contra o Benfica, a coisa lá se vai aguentando. Se caiem na segunda é o fim.

Por isso, o poder não vai deixar.
Aliás, devo dizer que, a seguir ao Benfica, o Marítimo deve ser o clube mais protegido pelo poder.
Não é por nada de especial. Tem a ver com a ilha. Tem a ver com a correlação de forças dentro da ilha e com a forma como ela se partiria se isso acontecesse, rebentando com o “fino” equilíbrio de distribuição de dinheiros. Alberto João, que nos detesta (the feeling is mutual) nem é dos mais preocupados. Até lhe dava jeito, pois há muito que defende a unificação dos três no Madeira F.C. com o qual, por congregação de dinheiros, lutaria pelo título. Só que Alberto João não manda nada no futebol da Madeira, como percebeu num dia em que ia sendo esmurrado no Caldeirão. Aliás, o futebol é a única coisa em que Alberto João não manda naquela ilha.
Enfim, há muito que se lhe diga, mas, uma coisa é certa: o Marítimo não pode descer.

Posto isto, olhe-se para o calendário.
Aí se vê que o Marítimo tem um calendário muito complicado.
Pelas minhas contas, o Marítimo, mesmo que nos ganhe, fará 40 pontos (2 acima da linha de descida).
A margem é, pois, muito escassa. Os próximos dois jogos são contra Boavista e Benfica!

Assim, contra nós o Marítimo joga uma cartada decisiva.
Mesmo o empate mergulhá-los-ia nas trevas, obrigando o poder a “inventar” soluções que poderiam dar nas vistas.

É desta maneira que lá vamos jogar.

O que fazer?

Se fosse eu que mandasse, já lá estava há 4 dias em estágio.

Depois, tentaria explicar que não há nada para um atleta como superar um grande desafio. Essa desafio vai existir – jogar contra tudo e contra todos. Ir lá, cercado pela água e pelo poder por todos os lados e ganhar. Ganhar contra todos e contra tudo.

Tudo isto implica uma capacidade psicológica fortíssima, uma cultura de mentalização de grupo fantástica.
Honestamente, suponho que ela não existe no Restelo.

Mas, depois destes dois jogos, fico curioso para ver até onde vai a coisa.
E desejoso de que ela vá ao ponto de lá irmos ganhar ao Marítimo, arranjando a tranquilidade matemática e afundando-os nas trevas, que é o que aqueles que nos chamaram de Mapuatas merecem.

Como já foi dito por um colega aqui do blog, é preciso não perder a “tensão” da vitória.

Subscrevo, dizendo que o máximo disso que poderemos perder é o “n”.

Ou seja, posso estar enganado, mas antevejo isto:
Vamos ser roubados até não poder mais.
Teremos nós te(n)são para uma terceira seguida?