quinta-feira, 23 de março de 2006

Continuar a Acelerar

Todos nós rejubilámos com o ambiente que se gerou no Restelo no jogo contra o Braga. Todos nós rejubilámos com as vitórias neste jogo e, no seguinte, com o Boavista. Não admito de maneira nenhuma que tal possa ser minimamente em dúvida, porque o nosso amor ao clube é bem evidente e porque, mesmo tantos vezes alvos de flechadas, ribombadas e quejandos, fizemos tudo o que esteve ao nosso alcance para que tal acontecesse.

Como já escrevemos, em nenhuma circunstância, a nossa postura é de quanto pior, melhor. Não, tudo ao contrário: quanto pior, pior; quanto melhor, melhor.

No entanto, como temos vindo a afirmar, queremos mais, muito mais. Dezenas de milhar de belenenses continuam ausentes do Restelo. A nossa luta ainda continua, triste e sofridamente, a ser para fugir aos lugares de despromoção. Abençoados seis pontos, estes últimos, mas... está tudo ou quase tudo por fazer.

Por tudo isto, não se pode desacelerar. Não pode a nossa equipa descansar na convicção de que o perigo já passou e que, mais tarde ou mais cedo, lá irá buscar os 5 ou 6 pontos que faltam. Aliás, não pode nem deve pensar que o objectivo é alcançar esses 5 ou 6 pontos mas, sim, 21, que são todos os que estão em disputa. O plantel mostrou que tem valor e capacidade para isso, ou não?

Que ninguém se acomode. Se duas vitórias nos fizeram respirar fundo e olhar para cima, duas derrotas deixar-nos-iam novamente em angústia. E uma derrota é logo metade de duas. Por isso, e porque afinal a nossa equipa até mostrou que reage bem em situações de pressão, seja face ao ambiente, seja face à necessidade pontual (Luz, Guimarães, Amadora, Bessa, jogo com o Braga), temos que ir para a Madeira para ganhar. As razões para isto são várias:

1. Temos obrigação de lutar para ganhar em todos os jogos;
2. O Marítimo ainda é nosso adversário directo mas, se ganharmos, deixá-lo-á de ser;
3. A memória das ofensas que o Marítimo já praticou para com o Belenenses obriga a fazer deste jogo mais um especial.
4. Uma vitória na Madeira galvanizará equipa (ou não?!) e adeptos (ou não?!) para a recepção ao Benfica
5. Uma vitória contribuirá para que, nos jogos que faltam possamos ir mais longe do que, apenas, não descermos;
6. Na menos feliz das hipóteses, há que mostrar que a próxima época não tem que ser mais um ano zero.

O ambiente no Caldeirão? Que se lixe! Olhem eu e mais uns quantos, vamos estar lá no meio! Entrem concentrados, tenham uma atitude mandona - segura na defesa, compacta no meio campo e acutilante no ataque - e ganhem o jogo! O Meyong não joga? Olhe, que fique a pensar no que um jogador tem o dever de não dizer enquanto estiver ao serviço do Belenenses, e que carregue baterias para espetar 2 ou 3 golos na baliza do Benfica!

Não é só nisto que é preciso continuar a acelerar. Na imagem e projecção do clube, é preciso aproveitar a onda. Ou antes: é preciso criar muito mais ondas. É necessário que, contra o Benfica, haja uma enorme comparência de adeptos do Belenenses. E já agora: se se convidar, para o sector dos sócios, um acompanhante de outro clube, lembre-se as regras de boa educação. Se um amigo do União de Leiria me convidasse para o meio dos sócios deles para ver um jogo com o Belenenses, eu não iria estar de cachecol azul nem aos pulos com golos do Belenenses. É uma questão de respeito por um espaço “sagrado” – o dos sócios – e de não gostar de provocar quem não merece ser provocado. E se há clube que merece respeito, esse é o Belenenses!

Que a Direcção tenha coragem e fale ao coração dos adeptos para o jogo com o Benfica. Dinamize os nossos núcleos, as nossa filiais e delegações. Faculte transportes das zonas de grande belenensismo – o litoral alentejano, a Margem Sul, Caparica e Trafaria (que tal uma partida do restaurante Carolina do Aires?), Aveiro, Ílhavo, Estarreja e Ovar (que tal outra camioneta a sair de Ovar?), Elvas, etc. Que incentive a que venham mais tarjas como as daqueles 16 adeptos de Ovar. Que mande gente a “bater” os estabelecimentos de Belém e da Ajuda, alguns mesmo de Algés. Que sonhe com um Restelo cheio de azul! E, já agora, que ninguém falte! Coragem!