sexta-feira, 3 de março de 2006

Neste dia, em . . .

1973 – Estreia de Alfredo Quaresma na Selecção Nacional de Futebol

Não sabíamos, na nossa meninice e começo da adolescência, que jogadores como Quaresma ou Godinho, que verdadeiramente amavam a camisola que envergavam, eram uma espécie em vias de extinção...

Durante duas décadas inteiras, Alfredo Quaresma (não confundir com Artur Quaresma, Campeão Nacional em 1946), serviu o Belenenses.

Veio das camadas juvenis do nosso clube. Ainda na idade de júnior, foi integrado no plantel da equipa principal na década de 1961/62. Nessa mesma época, antes de completar 18 anos (nasceu em 16 de Julho de 1944), estreou-se na Selecção Júnior.

No escalão principal, dada a sua juventude, demorou, naturalmente, a impor-se com titular, o que aconteceu a partir de 1966/67. Por esse motivo, não participou nos jogos da Taça das Cidades com Feira, a antecessora da Taça UEFA que o Belenenses disputou entre 1961/62 e 1964/65. Esteve, mais tarde, presente na Taça UEFA em 1973/74 e 1976/77. Foi Vice-Campeão Nacional em 1972/73 e 3º classificado em 1975/76.

Photobucket

Surpreendentemente, e tal como Godinho, foi dispensado por António Medeiros antes da época de 1977/78.

Durante muitos anos foi defesa central. Em 1972/73, o grande Alejandro Scopelli pô-lo a médio. Quaresma chegou a recear que se “queimasse” nessa posição; mas não, foi justamente aí que mais se veio a evidenciar, assumindo até uma inesperada veia goleadora (cfr., por exemplo, 14 de Janeiro).

A jogar muito bem nessa nova posição, e com o Belenenses em 2º lugar no Campeonato, foi com naturalidade que, nesta data, Alfredo Quaresma se estreou na Selecção A.

Photobucket

Não foi o único jogador nosso no Onze Nacional, que nesse dia venceu a França, em Paris, por 2-1: também Freitas (que mais tarde saiu para o F.C.Porto) foi titular. A suplente, não utilizado, esteve outro Alfredo, o Murça. Este estreara-se na Selecção A em 10 de Dezembro de 1969, em jogo com a Inglaterra.

Alfredo Quaresma seria ainda internacional mais duas vezes, ambas contra a Bulgária: em 2 de Maio de 1973 e em 13 de Outubro de 1973 (neste caso, marcando um golo).

Photobucket

Guardamos de Quaresma, entre outras, duas vívidas recordações: uma entrevista em que confessava ter o sonho de oferecer aos belenenses a alegria de voltarmos a ser campeões, e as suas declarações após o 2º jogo da eliminatória com o Barcelona, na Taça UEFA de 1976/77.

No Restelo, perante 35.000 espectadores, o resultado foi 2-2 (tendo Quaresma apontado o nosso 1º golo), com os espanhóis a empatarem perto do fim.
Na Catalunha, a situação repetiu-se: o Barcelona fez o 3-2 mesmo ao terminar do jogo (terrível sina – em 1987, também para a Taça UEFA, perdemos 2-0 com golos marcados em cima e depois dos 90 minutos!).

Photobucket

Lembro-me de Quaresma ter comentado que o seu desgosto, com esse golo que nos eliminou, foi tão grande, que quando viu o árbitro a apontar para o centro do terreno, teve vontade de o esmurrar!

Photobucket

Já agora, ainda quanto a essa eliminatória Belenenses-Barcelona, registem-se as declarações do capitão Quaresma no fim do jogo da primeira-mão:
O Belenenses jogou para ganhar e foi superior ao adversário durante os noventa minutos. A minha equipa merecia a vitória pelo menos por dois golos de diferença.
Mais uma vez, fomos infelizes. Eles foram felizes, especialmente nos dois golos marcados.
A eliminatória não está perdida. Conforme o Barcelona empatou aqui, podemos nós empatar lá ou ganhar. Não é impossível.
Se apresentarmos todos os jogadores, contem connosco
”.

Compare-se este discurso com o miserabilismo derrotista de hoje em dia...