quarta-feira, 8 de março de 2006

Neste dia, em . . .

1959 – Belenenses vence Vitória de Setúbal por 9-1, para o Campeonato Nacional de Futebol

Na situação em que estamos, como dói escrever sobre as glórias do passado...

Já noutros dias falámos abundantemente sobre esta época, na qual o Belenenses lutou com muita pertinácia pelo título, do qual foi afastado por uma série de falhas da arbitragem.

Se, nesta época, tínhamos ganho em Setúbal, no jogo da 1ª volta, por 5-0, no Restelo, a vitória foi ainda mais concludente: 9-1. Matateu, Yaúca e Abdul desbarataram a defesa dos setubalenses. Assim, nos dois jogos, somámos o total de 14-1!

Photobucket

Ao longo dos anos, em quase 9 décadas de confrontos (o Vitória de Setúbal, aliás, foi o primeiro adversário que o Belenenses defrontou) os triunfos robustos do Belenenses sobre os sadinos foram inúmeros.

Aqui fica a sua relação, com a indicação C ou F, conforme o jogo tenha sido, respectivamente, em casa ou fora:

Campeonato de Lisboa 1920/21 – 4-1 (C)
Campeonato de Lisboa 1924/25 – 3-0 (C)
Campeonato de Portugal 1926/27 – 3-0 (Final em campo neutro)
Campeonato de Portugal 1932/33 – 4-1 (C)
Campeonato Nacional (Camp. da I Liga) 1934/35 – 3-0 (C)
Campeonato Nacional (Camp. da I Liga) 1936/37 – 5-0 (C)
Campeonato Nacional (Camp. da I Liga) 1936/37 – 5-1 (F)
Campeonato de Portugal 1936/37 – 10-0 (F)
Campeonato Nacional 1939/40 – 8-0 (C)
Campeonato Nacional 1945/46 – 4-1 (F)
Campeonato Nacional 1955/56 – 4-0 (F)
Campeonato Nacional 1956/57 – 5-1 (C)
Campeonato Nacional 1958/59 – 5-0 (F)
Campeonato Nacional 1958/59 – 9-1 (C)
Campeonato Nacional 1963/64 – 3-0 (C)
Taça de Portugal 1985/86 – 4-0 (C)


A nossa pior derrota, por sua vez, ocorreu em 1969/70: perdemos 0-4 em casa do nosso respeitável e (também ele, histórico) adversário.



2000 – Morte de Vasco, campeão em 1946 e uma das Torres de Belém

Vasco, uma das torres de Belém, é uma das grandes figuras a quem os belenenses devem o maior respeito e gratidão.

Nascido em 1922, Vasco impôs-se na 1ª Categoria do Belenenses em 1944/45. Na época anterior, a nossa equipa fora Campeã de Lisboa, pela 5ª vez, em 1ªs categorias. Vasco jogava nas 2ªs categorias (ou Reservas) e o Belenenses foi igualmente Campeão.

Em 1945/46, viveu a sua época mais brilhante. O Belenenses foi Campeão de Lisboa e Campeão Nacional. O último jogo do Campeonato Nacional, em Elvas, foi dramático. Precisávamos de ganhar à filial do Benfica e, ao intervalo, perdíamos por 1-0. Parece que os grandes animadores da equipa, face a algum desânimo que se apoderava, foram justamente Vasco e Artur Quaresma (segundo ouvimos da boca deste último).

Vasco era, sempre foi, a personificação da raça em campo. Jogador de antes quebrar que torcer, nunca se conformava. Esteve em ambos os nossos golos. No primeiro, aos 65 minutos, arrancou por ali fora, junto à linha lateral direita, passando sucessivos adversários, recuperando a bola depois de por momentos a perder e ganhando um livre. Da sua sequência, nasceu o empate, por Andrade. Aos 77 minutos, nova insistência de Vasco, a servir Quaresma, que disparou para a baliza elvense onde, junto ao poste, Rafael conformou o golo que nos deu o título.

Photobucket

Só por isto, Vasco seria credor de todo o nosso apreço. No entanto, a verdade é que, estranhamente, nem sempre foi um jogador querido do público e, daí, o seu abandono em 1949. A instâncias de dirigentes azuis – como Acácio Rosa, sempre presente -, ainda voltou mas por breve tempo.

Se não nos equivocamos, abandonou o futebol num jogo de reservas em que agrediu um árbitro, gritando-lhe: “Você não torna a gozar com o Belenenses!”.

Antes disso, porém, ainda teve tempo para ser finalista da Taça de Portugal de 1948 e para estar presente na equipa do Belenenses que inaugurou o Estádio do Real Madrid. Fez também parte da nossa equipa que, em 1945, venceu os madrilenos em Lisboa e empatou em Espanha.

Photobucket

Na Selecção Nacional, alinhou por 2 vezes, em 1947 e 1948.

Recebeu do Belenenses a Medalha de Mérito e Valor Desportivo.

Photobucket

Ao longo da sua vida continuou a acompanhar a vida do clube, dando inclusive alguns conselhos em campanhas eleitorais (v.g, 1990). Infelizmente, os sócios preferiram outra via, e o resultado foi a vergonha, o folclore pateta, o início dos empréstimos, a II Divisão.
E insiste-se nos mesmos erros...