quinta-feira, 9 de março de 2006

Precisamos de uma outra cultura, de uma outra mentalidade

(Este texto é uma reflexão motivada pela entrevista de 4ª Feira de Barros Rodrigues ao Record e sobre aquilo que se tem passado no nosso clube, com o intuito de esclarecer as coisas de uma vez por todas. Este texto foi escrito na 4ª Feira)

Esta é uma mera opinião sobre a (não) capacidade de certas pessoas para liderarem este grande clube.
Não é um juízo negativo sobre a sua seriedade e dedicação, nem um ataque ao seu belenensismo.
Nesses pontos, nada temos a apontar.
Cremos, sinceramente, que as pessoas que aqui são visadas são sérias e dedicadas ao clube. Dizemo-lo sem ponta de ironia. E, nesse concreto sentido, até prestamos a nossa homenagem.

O que, porém, também cremos é que não têm a capacidade e o perfil para o dirigirem.
Só isso.
Só que “isso”, porém, é causa da nossa decadência de há décadas, e do nosso acentuado descalabro actual.

Ler a entrevista de Barros Rodrigues ao “Record” provocou-me uma imensa dor de alma.

Como adepto, sinto-me dilacerado pela noção de que os meus dirigentes são coisas que tenho de considerar como .... aberrantes, quase nem parecendo gente de carne e osso. Revejo-me no oposto do que representam.

Com a leitura dessa entrevista, percebe-se, de uma forma simples e imediata, quais os males de que sofre este clube e ao que ele está condenado, se a estirpe dirigente que nos governa não for rápida e integralmente removida e lhe sobrevier uma nova cultura, uma nova mentalidade, uma nova gente.

Quero frisar este ponto: A questão não está em saber se é bom ou mau sair BR, se é bom ou mão ficar CF e se SN e restantes múmias ameaçam ou não regressar.

Nada verdadeiramente muda enquanto TODA essa cultura não abandonar o clube!!

Faço aqui um parêntesis muito importante:
A renovação de que falo tem de ser REAL.
E, para o ser, tem que ser total e radical.
Falando claro, é preciso eliminar do poder o Sequerismo, o Ferreirismo, o Rodriguismo (cujo acto fundador é esta entrevista) e, bem assim, todos os seus ascendentes, padrinhos, descendentes e afilhados.
Chega!
Basta!
Com esses "regimes", o Belenenses sufoca.
Vistas as coisa de outra maneira, o clube só terá futuro se uma nova cultura se instalar no Restelo.
Para tal, é condição “sine qua non” que essa nova gente não tenha uma única ligação com os últimos anos de vida directiva do clube.

Atenção a uma coisa muito importante: não estou a propor purgas ou afastamentos do Clube ou algo do género. Além de tudo o mais, quem seria eu para o fazer?!
Nada disso!
Aliás, pelo contrário.
Estou apenas a referir-me ao exercício de cargos.
Essas pessoas devem sair dessas funções e levar com elas a sua cultura, afastando-a, para sempre, do clube.
Agora, claro está, devem continuar ligadas ao clube. Têm esse direito e esse dever. Aliás, devem até aproveitar o merecido descanso dessas responsabilidades para se ligarem ao clube como qualquer adepto se gosta de ligar (veja-se o meu caso) – como um simples e anónimo adepto. E desfrutar, finalmente, em paz, do seu Belenensismo (crítico, vigilante, mas, puro na sua forma originária de manifestação – a de um simples adepto).
Se, por qualquer motivo, algumas pessoas só se realizarem belenensisticamente pelo exercício de cargos, então, estaremos perante aspectos patológicos que não cabe ao clube resolver.

Bom, voltando à entrevista de BR, nela se condensam os males (graves) de que padece este clube.
Está lá tudo: a “mania da diferença” (que degenera em “indiferença”), a falta de sangue na guelrra, a “totózisse”, a “sonsisse” (esta em grau elevadíssimo), o “cinzentismo”, enfim, para abreviar, uma desconcertante evidência de amadorismo, incompetência, falta de ambição, falta de predisposição real para o trabalho e para a realização, que se tenta disfarçar com uma espécie de “pompa discursiva de gestão”.
Agora, com tudo acabado, BR surge a tecer considerandos de elevadíssimo recorte teórico.
Mutatis mutandis, é a mesma coisa que Carvalhal fazia no final dos jogos, parecendo até que não tinha sido a sua própria equipa a ter acabado de jogar mal!!!

A entrevista começa com a “luta” de BR pela clarificação formal de que foi despedido em vez de se ter demitido ele próprio, objectivo esse que BR conseguiu formalmente demonstrar, tendo logrado oficializar uma versão que fica entre o "demitiram-me" e o "pediram-me para colocar o lugar à disposição". Não sendo bem a mesma coisa, enfim, pode-se considerar esbatida a diferença.
Ou seja, nós vamos para a segunda divisão, mas BR está preocupado com ele próprio.
BR quer que o facto de “ter sido despedido” ou "convidado a sair" seja o seu “passaporte” para a exoneração de qualquer responsabilidade pela descida e para fora do odioso complexo dos ratos que abandonam o navio.
De responsável, quer passar a mártir, quer passar a, também ele, vítima.
Daí a sua obessessão pela "clarificação formal" por parte de CF do que se passou. Veja-se a preocupação com esse aspecto: “o presidente do clube, agora presidente da SAD, já rectificou esse comunicado, no fim-de-semana, na imprensa.”

Porém, assegurada que está a verdade formal de que BR foi “corrido” (não fugiu coisíssima nenhuma), não deixa de sobressair uma notória incoerência nos actos e nas atitudes tomadas neste processo.
Senão vejamos: BR é corrido e insinua-se vítima de uma direcção que lhe tira o tapete.
Mas, na altura em que é corrido, manifestou-se? reagiu? defendeu-se? insurgiu-se contra? esperneou?
Não!!
E, como vamos nós ignorar todo um passado de onde não se retira uma única discordância de fundo de BR com o modelo Ferreirista?
Será que devemos, de um dia para o outro, passar a considerar BR como alguém que, afinal, tinha ideias inovadoras para o clube, só que, coitado, vivia com elas entaladas na garganta, fazendo, na prática, o oposto das mesmas?
Voltando à questão da demissão, se ela é um acto nocivo para o clube numa altura crucial, porque é que BR não reagiu em nome desse clube?

Legitimidade não lhe faltaria, ainda por cima, como ele próprio diz, está mandatado por eleição pela AG (só os outros foram cooptados).

Mas, lá está, BR nada fez.

Calou-se, deixou ficar na imprensa a ideia de uma “demissão amigável”, deixou consolidar a irreversibilidade da sua saída e, agora, com esta garantida, lá foi sacar de CF a declaração formal de despedimento, o que significa a exoneração de qualquer culpa.
Brilhante!
Neste acto de génio nasceu o “Rodriguismo”.

Depois, há outro aspecto mais preocupante.
Embora seja uma corrente ainda pouco difundida, há quem sustente que o fenómeno de declínio do Belenenses (talvez único no mundo) se deva ao facto de o clube ter sido tomado por extra-terrestres algures no início da década de oitenta. Os aliegenas, que, entretanto, segundo esta corrente, tomaram conta dos corpos dirigentes deste clube (e dos corpos dos dirigentes, segundo os mais radiciais) desde então, estariam a conduzir uma experiência piloto com vista a compreenderem o fenómeno clubístico-desportivo, tendo optado pelo nosso querido CFB por ser, precisamente, o mais eclético clube do mundo.
Faz sentido!

Ora, essa tese ganha força com o teor desta entrevista em que BR deixou escapar algo importante para os estudiosos defensores desta corrente.
É que, ao contrário dos humanos, que usam a fala, os dirigentes do Belenenses, segundo o próprio BR, comunicam.... por sinais!!
Atentemos nesta parte: “Nesse encontro de quinta-feira foi-nos comunicado que a direcção decidira enviar um sinal para a SAD”.
E, também numa outra que vem antes: “(…) na qual a direcção legitimamente achou que devia enviar um sinal para o interior e exterior”.
Sinais e mais sinais. Sinais para o interior, sinais para o exterior.
Sinais ….

Pede-se ao leitor que, antes de prosseguir a leitura, assobie três vezes os acordes dos Ficheiros Secretos.

Seres no mínimo estranhos, não é?

Adiante.

Há mais surpresas. Alude-se a um “esquema complementar de prémios”.
O que é fabuloso, num clube que tem 2 meses de salários em atraso?!
Ou seja, eu tenho os jogadores lixados porque não recebem a horas os salários. Vou ao pé deles e digo-lhes: hé pá, vocês não vão receber ainda os salários, mas estamos a pensar em aumentar-vos os prémios?!?!
Isto é de loucos, não é?!
Ou sou eu que estou doido?!

A não ser que, em vez do dinheiro dos salários em dia, tenham querido enviar aos jogadores um “sinal”!
Só que, ao que parece, os resultados não foram grande coisa.

As revelações não param por aqui, sendo fabulosa a dos “jantares de estágio”.
BR dá como exemplo de apoio e solidariedade da direcção a presença desta nos “jantares de estágio”.
A minha surpresa é grande, pois não sabia do significado de tão míticos momentos.
Presumo que deve ser por causa da mística e do espírito de grupo.
Num dos recentes livros de Mourinho, refuta-se a lógica do ganho de mística e de espírito de grupo com recurso a actividades extra treino. Mourinho pergunta-se: porque raio o espírito de grupo não se ganha precisamente no rectângulo de jogo a treinar a entreajuda nas manobras ofensiva e defensiva?
Creio que ele tem razão.
Mas, no Belém, parece que a coisa ainda é à antiga Lusitana - o espírito de grupo ganha-se é à mesa.
O que explica muita coisa.
Até algumas dores nas costas de que falava Carvalhal.

Ora, neste capítulo, parece-me que BR revela alguma ingenuidade.
Acho sinceramente que a verdadeira razão para a presença de membros da direcção nesses jantares não foi a solidariedade para com a equipa ou para com ele, mas sim a fome.
Só isso explica que, depois da barriga cheia, eles o tenham "despedido" na mesma.
Aliás, a opção pelos jantares em detrimento dos treinos, da camioneta, do balneário, dos corredores de acesso ao balneário, do banco, e, pelos vistos, nalguns casos, até mesmo da bancada, deve ter a ver com a possibilidade de se comer e beber nesses jantares.

De qualquer maneira ficámos a saber que num clube que movimenta 7 milhões de Euros por ano, a direcção interage com a equipa de futebol, aparecendo nos estágio para jantar!!
Excelente exemplo de presença, controle e coesão.
É assim que, de facto, o espírito de grupo se fortalece.
À mesa deve ser tudo uma maravilha, não é?
O pior é o resto.
ah, pois é, para o "resto" está lá o Casaca!

Chegamos, depois, ao segundo ponto mais importante da entrevista, pelo qual se dá a sacudidela final da água do capote – a tese da “torneira”.
BR pretende transmitir mais ou menos a seguinte mensagem: na estrutura do clube, CF é uma torneira e o futebol uma bacia. BR não esclarece qual o seu papel. Adiante farei a minha tentativa.
Segundo ele, a crise do futebol resume-se a uma causa: CF fechou-lhe a torneira!
Repare-se: o jornalista faz-lhe a perguntinha mesmo a jeito: “aquele malvado do CF fechou-lhe a torneira, não foi?!” BR recosta-se, abre os braços e responde com um simples e eloquente: “CLARO”!
Caiem as últimas gotas do capote!
Xeque mate!

É claro que ficam variadíssimas coisas por explicar. Apenas alguns exemplos:

Porque é que, andando BR no Clube há anos, só naquela famosa Assembleia Geral é que descobre que “o modelo de financiamento estava estruturalmente errado, pois a fatia mais importante vinha do clube e o seu fluxo não é regular, já que depende de muitos factores como o bingo e a quotização”?
Alguém conheceu algum acto, proposta, ideia, algo, de BR no sentido de resolver esse problema?

Porque é que, tendo feito essa fantástica descoberta, nunca foram tomadas medidas para suprir os problemas de fluxos de caixa/liquidez através de uma das dezenas de soluções bancárias que existem para resolver esses problemas (desde que eles sejam só mesmo de liquidez)?
Será que o problema é mesmo só de liquidez?
Como é que uma torneira se fecha assim, sem mais nem menos?

Então, não há orçamentos?
Então, não há compromissos e planeamento financeiro?
Se o problema é de liquidez, significa que num determinado momento da época não há dinheiro, mas também significa que há-de haver (pois se não houver, o problema deixa de ser de liquidez ou de "fluxos" e passa a ser um problema de má orçamentação, de más finanças, de falta de dinheiro!!!). Logo, partindo do pressuposto que o problema é só mesmo de liquidez, há capacidade para negociar um descoberto, uma conta corrente, algo com um banco que me permita pagar a horas aos jogadores, ganhando sobre eles esse trunfo moral e eliminando focos de desestabilização. Isto é de La Palisse, não é? É? então, porque é que não se fez?
outra vez: será que o problema é mesmo só de liquidez?
A propósito disto, no ínicio da época, tive uma conversa com um dos meus contactos previlegiados no mundo do futebol que me alertou: "olha que o teu clube, este ano, com as contratações, ficou fora de pé". Ao que eu respondi: "nem pensar. os meus dirigentes podem ser gagás, mas nessas coisas são muito rigorosos!!". Afinal, dei com os burros na água!!!!
Afinal, aliás, até o Saraiva do Expresso tinha pelo menos um bocadinho de razão.

Porque é que BR nunca se queixou, e, aliás, até dizia que os salários em atraso não lhe tiravam o sono?
ou, mais simplesmente, e para concluir,

Porque raio acha BR que nós somos todos burros?!
Enfim.

No fundo, o que eu acho é isto:
- CF pode ser a torneira (e até a misturadora);
- o futebol pode ser a bacia;
- Mas, CF, BR, a direcção toda e a SAD toda são de certeza o gargalo.
O gargalo por onde se esvaíram os 7 milhões que não chegarão para nos aguentar na primeira divisão!!!
Só para dar um exemplo, à conta de Vasco Faísca foram 250mil de uma assentada!!!

A entrevista acaba de forma apoteótica com um sinal de jubilosa esperança para o futuro:
Citando BR “Começámos a desenvolver contactos com o mercado estrangeiro, não só para compra e venda de activos, como para estabelecer parcerias com clubes de outros países”.
Fantástico e emocionante!
Que grande reconforto!!
Obrigado!
Quanto aos agentes em questão, presumo que sejam o Lokomotiv de Moscovo e aqueles rapazes empresários - o Olivier Satan e outro vígaro da "procuração do Chairman"!!!!!
Santo Deus! Esta nem os Monthy Python!!!

Aliás, o caso Meyong foi uma excelente oportunidade de BR, CF e toda a nossa gente do futebol mostrar o que valia. Em especial, BR.

Ignoremos o quão errado foi tentar vender Meyong nessa altura. Esqueçamo-nos também que Romeu está hoje lesionado!!!. Concentremo-nos só no processo.
Os nossos dirigentes falharam na coisa básica de proteger um jogador assediado por vígaros e por um clube vígaro. À conta do “President” e do “Chairman”, mais o Olivier Satan, Meyong não foi vendido, mas ficou de cabeça perdida. Ainda não recuperou e duvido que o faça. Chegou a deixar de treinar e de ser convocado. Ou seja, tivemos todos os malefícios de um processo de venda, mas nenhuma contrapartida. A incapacidade de lidar com um processo de venda/assédio clássico liderado por indivíduos com "vígaro" escrito nas testas, protegendo Meyong eficazmente, coisa básica, que qualquer Oliveira, Mano Nunes, ou outro bronco iletrado explicaria com facilidade como fazer, é o exemplo de que no Restelo podem haver boas ideias teóricas, teses, palavrões de gestão, etc., mas falta no clube uma estrutura dirigente futebolística a sério.
De que nos valem agora os "comunicados"?

Enfim, esta entrevista é mais uma demonstração do Belenenses actual.

E nela se percebe que esta história do “somos diferentes”, “fazemos as coisas entremuros à nossa maneira”, etc., etc., é tudo uma grande tanga!!!!!
Quando as coisas apertaram, BR fez o que todos os mortais fazem – sacudiu a água do capote. Portou-se como os outros!!!!
Hoje, num blog, alguém se dizia traído porque, afinal, aqui se fazem coisas como “nos outros” e ele pensava que, pelo menos isso, não.
Pois. Eu percebo esse sentimento e esse desencanto. Tenho uma vantagem. Há muito que já o sabia. Eu não tenho desencanto nenhum agora. Tive foi revolta durante todo este tempo e (em sentido figurado) levei cacetada de cada vez que atacava a sacrossanta direcção, a sacrossanta SAD e o sacrossanto "projecto". Afinal, onde está a direcção,
e a SAD?
e o projecto?!
E como é que se repara agora o mal que já foi feito ao clube?
E a pândega que grassa no futebol, que permite ao Pelé gozar ainda mais com os sócios?
E o treinador (repositório, segundo BR, dos "valores do clube") que a um ponto da linha de água, em directo para a televisão, justifica derrotas com "problemas internos", incendiando ainda mais um incêndio que já arde fora de controlo?
E, agora, o que fazer a isto tudo?

Esta tanga da “diferença” é só fachada!
O resultado é este percurso de BR – uma época inteira armado em “diferente”, em “sonso” e, agora, quando as coisa apertaram …igual aos outros.
Aliás, li outra coisa extraordinária. BR anda a afirmar (agora que já se foi embora) que durante meses quis transmitir mensagens aos jornalistas que estes sempre deturparam. Fala de uma tese bem interessante de como vivemos entalados entre eucaliptos e como precisamos de projecção, precisamos de Europa para nos afirmarmos. Um discurso de ambição que ele sempre teve mas que os mânfias dos jornalistas nunca publicavam como deve ser.
Como é que querem que eu acredite nisto?
BR nunca reagiu, ou sequer aludiu a esta urdidura jornalística. Há canais como a rádio e a televisão e direitos de resposta e rectificação e sites do clube e blogs, etc..
Bastava-lhe entrar por um flash interview e dizer o que queria.
É o que faz o Loureiro Junior quando está à rasca e quer mandar mensagens para dentro e para fora!
BR não tratou de reagir por nenhum meio a essas deturpações jornalísticas.
E vem-se queixar agora!
Para quê?
O que é que nós ganhamos com isso?

Resta-me comentar uma coisa que algumas pessoas com quem tenho falado têm referido, dando-lhe muita importância.
Referem os males de ter uma estrutura bicéfala, sendo este o desfecho natural deste erro.
Não é que discorde.
Porém, o meu ênfase é outro.
O problema é a cultura.
Neste blog temos definido um conjunto de princípios sem cujo respeito este clube estará condenado.
Esses princípios são a tal "cultura". Em bom rigor, a essência nem é nada do outro mundo. Trata-se de recuperar os instintos clubísticos básicos que deixámos de ter. Começa por ai e vai-se juntando a um ideal de ambição e inovação, sempre tendo em vista que ainda temos uma base de apoio VERDEIRAMENTE NOSSA que ainda pudemos recuperar.
Há alguma gente de pensamento livre e não impregnada pelas doutrinas do regime que tem mostrado ideias concretas muito boas.
Em termos de estrutura, a mudança passa pela adopção do profissionalismo e da dedicação em exclusivo a um clube futebolisticamente centrado, em vez da lógica do "dar umas horas" e do ecletismo gagá.
Em termos de aposta estratégica do clube, a recuperação da imagem e da massa adepta para o culto futebolístico é, sem dúvida, a prioridade.
Organização, Prospecção, Formação e Liderança de excelência no futebol são fundamentais e as únicas coisas que poderão constituir as armas para competirmos com orçamentos maiores que os nossos.

No fundo, uma leitura deste e de alguns outros blogs, permite, sem esforço, perceber o essencial desses princípios.
O problema é que tais princípios estão arredados das cabeças dirigentes deste clube. O resultado está à vista.
E, além disso, lamento dizer isto, mas, futebolisticamente falando, as cabeças de CF e BR, juntas, não faziam uma!
Ou seja, o problema da estrutura, mais do que ter sido bicéfala, é, isso sim, ter sido acéfala!
Ou melhor, nunca houve, se calhar, estrutura.

O futuro deste clube, para o bem ou para o mal, pertence aos seus adeptos. Têm estes a palavra.