sábado, 15 de abril de 2006

BELENENSES 3- Vitória de Setúbal 1: Crónica e Comentário

Um pouco mais de Azul...

... foi ao que assistimos.

Não muito mais. Apenas um pouco mais.

Uma vitória sabe sempre bem. “Sabe Deus” como precisávamos de algo assim. Foram três preciosos pontos conquistados sobre (na minha opinião) a surpresa do campeonato. Uma equipa que passou por tanto e tão mau e soube chegar à tranquilidade antecipadamente e com uma calma e mérito inequivocos. Parabéns ao Vitória por a tudo ter resistido.

Mas vamos ao jogo. Assistiram entre 13 e 14.000 espectadores. 400 ou 500 do Vitória. Gostei de ver. Até parece um estádio de um Clube de Futebol. Pouco mais de meia casa (em lugares com cadeira). Um ambiente animado, povo, apoio. É suposto ser assim, não sei se sabem...

Saí do Restelo com a sensação de alívio por mais este balão de oxigénio, não é mais do que isso – apenas um balão. Dependerá, o seu volume (sempre curto), dos resultados do dia de hoje (Sábado).

Não saí confiante apesar da vitória. E não saí confiante porque, além de saber da nossa inconstância total (hoje o céu amanhã o inferno, uma história repetida vezes sem conta esta temporada), não fizemos um jogo por aí além.

O Vitória não se apresentou muito preocupado e nós soubemos aproveitar as abébias que nos forma sendo dadas. O que já de si é bom, especialmente se compararmos com outras ocasiões.

Não estávamos a dominar quando supostamente um defensor sadino meteu o braço à bola. E digo supostamente porque embora eu esteja (na bancada) no enfiamento da jogada e no momento ter ficado com essa sensação, já houve quem me tenha dito que, pelas repetições da SportTv, não terá sido. Pelas da RTP (filmadas pelo lado nascente), não é claro que seja penalty. Como Nuno Almeida deve ter visto o Belenenses – Benfica, marcou. E ainda bem. Os jogadores do Vitória não reclamaram.

Meyong – aquela máquina – inaugurou o marcador. Momento de res(ins)piração profunda Nº1. Estavam decorridos 13 minutos. Nesse momento pensei: “isto já acabava...”

Sem que o Vitória reagisse com grande afinco ou sucesso, o golo embalou a equipa para um pouco mais de tranquilidade. Assentámos mais o jogo, trocámos a bola com mais eficácia e fomos mais perigosos. Estar sempre a olhar para o cadafalso também enerva, concedo.

E assim, fruto de alguma insistência o Belenenses cria algumas situações para aumentar a vantagem. É verdade. Há um lance na área do Belenenses que os sadinos reclamaram, julgo que sem razão. A bola além de rematada a curtíssima distância paraceu-me ter ido ao peito de Pelé.

Aos 41 minutos lance de insistência do ataque do Belenenses e Ruben Amorim faz a melhor coisa que o vejo fazer desde o golo em Guimarães. Uma assistência primorosa a desmarcar Meyong na cara de Rubinho e a não desperdiçar. Momento de res(ins)piração profunda Nº2

Na primeira parte vimos Zé Pedro rematar e proporcionar ao guarda-redes visitante uma excelente defesa, Pelé a rematar de modo perigoso mas a bola embateu num defesa vitoriano. Mesmo antes do intervalo, já em período de descontos, na sequência de um livre de José Pedro, Meyong remata à barra.


O Vitória teve alguns ataques cujo momento mais perigoso para as nossas redes foi a falha de Marco Aurélio ao deixar uma bola já defendida fugir para canto.

Na segunda parte, o Belenenses entrou calmo e ninguém antevia que logo aos 5 minutos Pelé fizesse aquilo com que nos tem brindado frequentemente: Fífias de displicência. Estupidez ao extremo. Apetecia-me esbofeteá-lo. Sempre o mesmo. Momento de cagaço Nº1. Murro no estômago e mais umas unhas roídas.

Felizmente a equipa não se intranquilizou e continuou a trocar bem a bola e a defender bem. Numa jogada de ataque de Fábio Januário, pela direita, a bola sobra para Janício (defesa direito do Vitória) e Silas (que exibição!) não dá a bola como perdida, insiste e ganha a bola e a posição. O defesa puxa-lhe o pé de apoio dentro da área e Nuno Almeida (desta vez muito bem) assinala novo penalty. Meyong – matador para os amigos – não perdoa e marca o 17º golo da temporada. Momento de res(ins)piração profunda Nº3. Não faltassem 32 minutos para o final e cantaria logo aí vitória. Só que Pelé poderia armar-se de novo em displicente e nunca se sabe...

Felizmente não e assim, pudemos somar três preciosos pontos nesta luta miserável.

Até final vimos um Belenenses em busca de mais golos com o ponto alto num remate de Meyong à barra e a bons remates de Silas e José Pedro que tiveram em Rubinho (e nos postes da baliza Sul) um obstáculo intransponível.

Apesar de tudo uma vitória justas para quem mais a procurou. O Vitória deixou uma pálida imagem no Restelo. Atrevo-me a dizer que ainda bem.



Análise individual

Marco Aurélio (3): Exibição segura com apenas um (felizmente) inconsequente deslize ao não agarrar uma bola deixando-a fugir para canto. Felizmente que estava fora do enquadramento dos postes. Não fosse isso e levava nota 4.

Sousa (4): Como CPA havia antevisto, não se deu pela sua paragem. Igual a si próprio deixou a pele em campo. Subiu bem no terreno e bastantes vezes. Prefiro Sousa a Amaral neste momento.

Pelé (1): A displicência em pessoa. Perdoem-me a expressão mas parece que se está a cagar para o jogo para a situação, para o Clube e para todos (colegas incluídos). No restante do jogo teve uma arrancada que poderia ter resultado em perigo para a baliza sadina mas a 10 metros da área e com um ou dois adversários pela frente já tendo passado por vários em força, resolveu... parar (?!). Não sei o que vai na cabeça deste moço.

Gaspar (3): Agora chamem-me maluco. Eu não desgosto de Gaspar. É raçudo e tem bom sentido posicional. Raramente o apanhamos desatento. Qualidades que não abundam. Não é um assomo de técnica mas atrever-me-ia a dizer que não é preciso. Para mim, faria dupla com Rolando (que terá ficado no banco para poupar amarelos) em Paços de Ferreira.

Rui Jorge (3): Tem na sua experiência e capacidade posicional a melhor valia para a equia. A sua classe poupa-lhe as correrias e assim (quando devidamente compensado – e Sandro esteve bem nisso) sobe bastante no terreno. A sua prioridade quando possui a bola é não a perder estupidamente e preservar acima de tudo a sua posição defensiva. Mais com esta inteligência de jogo e estavamos a lutar pelo título.

Sandro Gaúcho (4): Outra vez naquele que espero que seja o seu nível certo. Excelente nas alturas ganhou bolas atrás de bolas e, neste jogo, mostrou-se menos trapalhão que o habitual nos últimos jogos a efectuar o primeiro passe. Boa exibição. Foi um dos melhores.

Ruben Amorim (3): A abertura para o segundo golo é dele. Continuo por ser convencido das suas capacidades. Pelo menos desta vez não comprometeu com toques da treta e a perder a bola para o contra-ataque do adversário como aconteceu com o último jogo no Restelo,

José Pedro (4): Raios me partam se eu entendo porque não joga sempre assim. Este homem com um aturado trabalho psicológico fazia-se um grande jogador. E com um bocadinho de mais trabalho físico ainda melhor.

Fábio Januário (2): Outro lutador. Mas muito trapalhão. Ainda não teve grandes oportunidades de jogar na sua posição (extremo ou avançado). Não tem convencido e hoje não foi excepção.

Silas (5): Uma excelente exibição. Andou por todo o lado, meteu o pé, ganhou bolas, atacou, fez jogar e veio recuperar bolas praticamente à nossa baliza. Um portento hoje a jogar para a equipa.

Meyong (5): Que dizer de alguém que marca três golos num jogo? Mesmo que dois sejam de penalty? E mais duas bolas na barra. Cai para os flancos, abre para os companheiros, luta sozinho com dois centrais. Mais uma vez o velho Meyong de volta. Por favor viaja para Paços de Ferreira com a pontaria afinada. Já és de novo o melhor marcador da Liga. Menos que 20 é de “menina”!!!

Rui Ferreira (1): Entrou a um quarto de hora do fim a substituir Fábio Januário para auxiliar Sandro a fechar a cabeça da área. No pouco tempo que esteve em campo cumpriu. Tem grandes dificuldades ao nível do passe. Teve uma oportunidade de marcar, mais ou menos centrou (ou teria sido um remate falhado à baliza?) para Meyong mas com força excessiva e o avançado não conseguiu acertar na bola. Era golo certo.

Pinheiro ( - ): Substituiu Amorim a 4 minutos do fim. Pouco tempo.

Ahamada ( - ): Entrou a menos de um minuto do final dos descontos para queimar tempo.

Figuras do Jogo: Sandro, José Pedro, Meyong e SILAS



Comentário

Há algo que quem é responsável pelo Belenenses e nomeadamente pela equipa de futebol tem obrigação de fazer:

Passar a mensagem que nada está safo ainda.
E que mesmo quando (e se) nos safarmos (oxalá!) SERÁ APENAS UMA VERGONHA MENOR. Um Belenense que se preze NUNCA PODERÁ FICAR SATISFEITO COM UMA NÃO-DESCIDA DE DIVISÃO

Outra coisinha e não é de somenos:
O Paços pertence ao grupo de equipas que prefere quebrar do que torcer, que, quando em aperto, luta, luta, luta e, mesmo sem forças, continua a lutar. Algo que muitos meninos que vestem a nossa camisola não sabem o que é e possivelmente nunca ouviram falar.

E é disto que tenho medo.

Nada mais me resta que não seja gritar:



BELÉM, BELÉM, BELÉM !!!