1934 – Nasce Carlos Silva
Carlos Silva é um exemplo de uma vida consagrada ao Belenenses.
Em miúdo costumava dizer aos amigos, dando expressão ao seu maior sonho que, um dia, os jornais ainda haviam de trazer com todas as letras “Carlos Silva, jogador do Belenenses”. Não se enganou.
Às Salésias chegou com 17 anos, referenciado como jogador de andebol de onze, campeão nacional pelo Benfica, clube que representara levado pelo seu professor de Educação Física no Liceu Gil Vicente. Mas os olhos de lince de Augusto Silva e Rodolfo Faroleiro, duas velhas glórias azuis, conduziram-no à equipa de futebol.
No Belenenses, foi Campeão de Lisboa de Juniores em 1952/53 (fez ontem 53 anos que, na finalíssima, o Belenenses venceu o Atlético por 3-0). Na mesma época, o Belenenses foi Vice-Campeão Nacional, perdendo a final com o F.C.Porto, por 2-0.
Subiu na época seguinte ao escalão sénior, embora nunca tenha chegado a ser utilizado no Campeonato Nacional.
Em 1954/55, sim, começou a ser presença mais regular na equipa principal. Jogava tanto a médio como a defesa.
Foi Vice-Campeão Nacional, tendo sido um dos que viveu a dramática tarde de 24 de Abril de 1955. Esteve presente na Taça Latina, em que defrontámos o Real Madrid e o Milão.
Durante a sua carreira, averbou ainda mais quatro terceiros lugares (1955/56, 1956/57, 1958/59 e 1959/60), um quarto lugar (1957/58) e um quinto lugar (1960/61) em Campeonatos Nacionais. Conquistou a Taça de Portugal de 1960 (embora não tenha alinhado na final) e as Taças de Honra de 1959 e 1960.
Esteve no Belenenses até ao fim da época de 1960/61. Depois ainda jogou na CUF e no Sintrense.
Não era um virtuoso mas impunha-se pela sua natureza lutadora. Era de uma coragem ilimitada a disputar qualquer lance. Tinha uma enorme amizade pelo grande Vicente: quando alguém tocava no famoso companheiro (de inexcedível correcção), perdia a cabeça, fazia questão de assumir o assunto como seu e tudo podia acontecer em seguida....
Desempenhou várias outras funções no Belenenses. Por exemplo, foi treinador dos juniores e, mais tarde, na época de 1976/77, treinador da equipa principal.
No Campeonato, as coisas não correram bem, ficando o Belenenses num decepcionante décimo lugar (em parte, fruto da sangria que a equipa, terceira classificada no ano anterior, sofreu no defeso e também, recordamo-nos perfeitamente, de arbitragens deploráveis). Lembramo-nos de, no final de um jogo em que, nessa época, vencemos o F.C.Porto, no Restelo, por 2-0, Carlos Silva chorar de comoção e alegria.
Na Taça UEFA, nessa mesma época, a nossa participação foi muitíssimo digna. Defrontámos o Barcelona, dos grandes Cruyff e Neeskens, empatando 2-2 no Restelo e perdendo 3-2 em Espanha. Em ambos os encontros fomos azarados, sofrendo golos a terminar o jogo.
Mais tarde, com Henry Depireux (a quem tanto devemos!) a treinador, Carlos Silva chefiou o Departamento de Futebol. Depois, na época de 1990/91, esteve ligado ao Juventude de Belém. Na Presidência de Ramos Lopes, assumiu o cargo de director desportivo e coordenador do futebol jovem.
Continua, até hoje, a ser presença assídua em jogos no Restelo e em Assembleias-Gerais (é o sócio nº 204).
Entretanto, a sua actuação fora do Belenenses tem sido igualmente prestigiada, quer pelas funções que desempenhou no Sindicato dos Treinadores de Futebol (note-se que, além do Belenenses, treinou clubes como o Atlético, o Olhanense, o Farense, o Barreirense, a CUF ou Nacional da Madeira), quer pelas funções na estrutura de apoio à Selecção Nacional, como Vice-Presidente Desportivo da Federação Portuguesa de Futebol.
1950 – Belenenses vence, por 2-1, o Borussia, em Dortmund
O Borussia Dortmund é um dos grandes clubes alemães e europeus.
O seu palmarés fala por si:
1 Liga dos Campeões Europeus (em 1996/97);
1 Taça das Taças (1966);
1 Taça Intercontinental (1997);
7 Campeonatos da Alemanha (1956, 1957, 1963, 1995, 1996 e 2002);
2 Taças da Alemanha (1965 e 1989, curiosamente, um ano em que o Belenenses venceu a Taça de Portugal);
3 Supertaças da Alemanha.
Foi ainda finalista vencido da Taça UEFA em 1993 e 2002. Supomos que é o segundo clube alemão com melhor palmarés, a seguir ao Bayern de Munique. Tem um estádio com cerca de 83.000 lugares.
Foi a este poderoso clube que o Belenenses, então em digressão na Alemanha, venceu por 2-1 nesta data, em casa do próprio adversário.
O triunfo foi ainda mais valorizado pelo facto de jogarmos desfalcados de dois dos nossos mais categorizados jogadores, Capela e Serafim, que se encontravam ao serviço da Selecção Nacional.
Atendendo a estes factos, e a que o Belenenses até estava a fazer uma época relativamente modesta – foi quarto classificado no Campeonato Nacional, o que, então, para nós, era quase ficar em último – ficará sempre a pergunta no ar: que impressionante palmarés o Belenenses não poderia ter, se as competições europeia de clubes se tivessem iniciado 10, 20, 30 anos mais cedo?
É uma das grandes ironias da nossa história: os problemas decorrentes do esforço financeiro com a construção do Estádio do Restelo vão enfraquecer-nos justamente quando começam as Taças Europeias. E a queda da nossa força competitiva, irá impedir-nos de nelas obter prestígio (interno e externo), receitas, poder...
1950 – 32 jogos (14 anos) seguidos com representação na Selecção Nacional de Futebol
Para quem só tem conhecimentos dos últimos e tristes anos, em que o Belenenses raramente tem um jogador na Selecção A, estes factos podem parecer surpreendentes; mas são inteiramente verdadeiros. Na época, aliás, eles eram perfeitamente naturais.
O Belenenses era o segundo clube com mais jogadores representados desde o início da actividade da Selecção Nacional (a seguir ao Sporting, e à frente do Benfica e do F.C.Porto) e Augusto Silva era o jogador português com mais internacionalizações, estando o igualmente nosso Mariano Amaro em terceiro ou quarto lugar. De resto, nos 65 jogos até então disputados pela Selecção Nacional, o Belenenses só não estivera representado em seis, dos quais três, por opção dos seus próprios jogadores, em protesto contra situações menos claras e de desrespeito pelo nosso clube.
Durante 14 anos consecutivos, desde 26 de Janeiro de 1936, a 9 de Abril de 1950, o Belenenses teve sempre jogadores seus na Selecção Nacional. Foram 32 jogos consecutivos – e muitos mais teriam sido, se então os encontros fossem mais assíduos (como são hoje) e se, pelo meio, não se tivesse verificado a grande catástrofe que foi a IIª Grande Guerra Mundial.
Durante este lapso de tempo, envergaram a camisola das quinas os seguintes jogadores azuis: José Simões, José Reis, Mariano Amaro, Artur Quaresma, Rafael Correia, Serafim das Neves, Feliciano, Capela e Vasco. A maior reunião de jogadores azuis no Onze Nacional, deu-se em 14 de Abril de 1946, como veremos em breve.
1958 – Vitória sobre Valência por 2-1
Uma após outra, poderosas equipas europeias e mundiais vinham jogar connosco às Salésias e ao Restelo, e voltavam vergadas ao peso da derrota.
O Valência foi mais uma delas, como o Real Madrid, o Barcelona, o Stade de Reims, o Borússia de Dortmund, o Vasco da Gama, o Newcastle, O Deportivo da Corunha, etc, etc, etc.
Repetimos, pois, a interrogação que deixámos a propósito do triunfo sobre o Borússia de Dortmund.
O Valência tem um palmarés de grande relevo:
6 Campeonatos de Espanha (1942, 1944, 1947, 1971, 2002 e 2004; foi também 6 vezes Vice-Campeão);
6 Taças do Rei;
1 Supertaça de Espanha;
1 Taça das Taças (1980);
3 Taças UEFA (1962, 1963 e 2004; foi finalista vencido em 1964);
2 Supertaças Europeias (1980 e 2004).
Foi ainda finalista da Liga dos Campeões em 1999/2000 e 2000/01.
O jogo a que nos referimos teve lugar no Restelo e era a retribuição da visita do Belenenses a Valência, onde perdera por 2-4.
Note-se que nem sequer foi um ano de grande fulgor do Belenenses, que fez nessa época o seu pior Campeonato no período que vai de 1951/52 a 1959/60.
2005 – Armando Cabral Ferreira é eleito 39º Presidente do Belenenses
No acto eleitoral que elegeu Cabral Ferreira como o 39º Presidente da história do Belenenses, para o biénio 2005/2007, participaram 1.718 sócios (de 7.934 em condições de o fazer), representando um total de 9.743 votos (de 31.325 votos potenciais). Um acto eleitoral muito pouco participado, com menos de 22% dos votantes e 31% dos votos.
A Lista B, encabeçada por Cabral Ferreira venceu com cerca de 67% dos votos (com 78 brancos e 62 nulos), sucedendo assim a Sequeira Nunes, presidente entre 2000 e 2005 (correspondendo a dois mandatos completos, também eleito neste acto no cargo de Vice Presidente da Mesa da Assembleia Geral de que, aliás, se viria a demitir no final de 2005.
Para a posteridade fica aqui expressa a lista completa dos corpos gerentes eleita nesta data:
Assembleia-Geral
Presidente: António Machado Rodrigues, 62 anos e sócio 5881;
Vice-Presidente: António José Sequeira Nunes, 61 anos e sócio 1506.
Como secretários foram eleitos: Anabela Carvalho Figueiredo Monteiro Gonçalves, 43 anos e sócia 4712; Jorge Manuel de Almeida Gomes Pedro, 37 anos e sócio 3618; José Idalino Morais Cascalho, 80 anos e sócio 162; Maria Helena Lopes Campos, 46 anos e sócia 3170
Conselho Fiscal e Disciplinar
Presidente: João Jorge Arede Correia Neves, 47 anos e sócio 2432.
Como vogais foram eleitos: Filipe Manuel A. Baltasar, 36 anos e sócio 3772; Hélder Manuel Ramos Oliveira, 54 anos e sócio 854; Manuel José Benavente Rodrigues, 58 anos e sócio 1246; Teresa Maria Cabral da Silva Duarte, 45 anos e sócia 2777
Direcção
Presidente: Armando José Cabral Ferreira, 54 anos e sócio 7039
Vice-Presidentes: Álvaro da Costa Ruas, 70 anos e sócio 322; Carlos Alberto Gonçalves, 61 anos e sócio 944; Fernando Hélder Barata Marques, 56 anos e sócio 2763; Henrique Miguel Pinto Barreiros, 35 anos e sócio 2232; João Carlos Martins Cunha Neves, 35 anos e sócio 3963; João Luis Nogueira Barbosa, 51 anos e sócio 1338; João Marques Gonçalves, 64 anos e sócio 4094; Maria Ester Teixeira Monteiro, 44 anos e sócia 14531; Ricardo Serrão Franco Schedel, 52 anos e sócio 2726 e Vítor Manuel da Costa Simões Ferreira, 54 anos e sócio 8902.