sábado, 22 de abril de 2006

Paços de Ferreira – BELENENSES (antevisão)

A esta altura do campeonato (nunca a expressão foi tão adequada), na posição em que estamos, com as coisas que se passam, pouco nos ocorre dizer, justamente porque sentimos muito – demasiado.

Poder-se-ia dizer tudo em três palavras: TEMOS QUE GANHAR.

Mas vamos só recapitular.

Estamos a fazer um dos 5 piores campeonatos de toda a nossa história – com a agravante de que um ou dois dos restantes se deram em ocasiões em que pura e simplesmente não tínhamos dinheiro. Mas ao menos que se acabe com dignidade e evitando um mal maior e ainda mais vergonhoso. Vamos ser claros: com 46 pontos, ou seja, ganhando os três jogos que faltam, não descemos de certeza. Do mal, o menos. Acabem com este sofrimento, senhores jogadores e treinadores. E não façam contas por baixo, que vai continuar a haver muitos fenómenos do Entroncamento.

Nós descemos três vezes em toda a história mas empurrados pelo sistema dos três que vocês – treinador e parte dos jogadores – gostam tanto e com que sonham todos os dias, intoxicados pela propaganda, dos três que vocês falam descaradamente, sem o devido respeito pelos sentimentos de cerca de 200 mil belenenses.

Vou recapitular: na primeira descida, logo na 1ª jornada, empatámos 2-2 em Alvalade. Passaram-se os seguintes factos: foram-nos expulsos 4 jogadores mais o treinador; os 2 golos do Sporting foram de penalty, um deles a 1 minuto do fim e tão “honesto” que até alguns sócios do Sporting pediram ao seu jogador encarregue da sua execução que atirasse para fora. O árbitro era companheiro de excursões sportinguistas. Depauperados, na 2ª jornada, contra o Porto, sofremos nova vergonha da “arbitragem” no Restelo. Fico por aqui, embora houvesse muito mais para contar.

Da segunda vez, fomos prejudicados em metade dos jogos e um sr. árbitro recebeu 1.000 contos para prejudicar o Belenenses num jogo com o Penafiel, sendo assim apanhado numa manobra previamente combinada entre o Presidente da Arbitragem e o Presidente do Penafiel para comprovar a sua (alegada) desonestidade. Porque é que foi o Belenenses o escolhido para servir de teste, se não porque somos o clube que já se espera ser espezinhado?

Da terceira vez, num jogo no Restelo, que o Belenenses estava a vencer por 1-0, acabámos por perder com 2 “golos” do Benfica, nestes termos: uma bola ficou a um metro de passar o risco de baliza; o outro golo encarnado foi marcado na sequência de um fora de jogo de quase 10 metros. Em Braga, uma bola cortada para canto, de cabeça, por um nosso jogador, foi transformada em penalty.

E sabem porquê tudo isto? E sabem porque fomos espoliados de vários Campeonatos por arbitragens e factos escandalosos (42/43, 44/45, 54/55, 58/59)? Porque o Belenenses foi – e ainda é – uma espinha atravessada na garganta de certos poderes. É que nós fizemos consistentemente oposição à oligarquia tricolor que domina o nosso futebol - a tal ponto que, durante 60 anos, não houve remédio se não falar em “quatro grandes”.

Vocês deviam ter orgulho de representar um clube com a nossa grandeza, feita de uma imensa capacidade de resistir.

Quando falamos em grandeza, não é uma grandeza-pequenina. É grandeza mesmo. Querem ver?

Vejamos o caso do Vitória de Guimarães, ultimamente tão falado. Nada me move contra esse clube. Limito-me a factos. Em toda a sua história, ficaram três vezes nos três primeiros lugares e ganharam uma Supertaça. Nada mais.

Nós ficámos 18 vezes nos três primeiros. Mas, em muitas coisas e muitas vezes, fomos primeiros. Primeiros, mesmo.

Fomos 3 vezes Campeões de Portugal e 1 vez Campeões Nacionais (e 4 vezes espoliados do título). Quando o Belenenses já tinha sido 2 vezes Campeão, o Benfica, nem uma; quando tínhamos três campeonatos, o Sporting tinha um.

Fomos ainda 6 vezes vice-Campeões. Ganhámos 3 Taças de Portugal e estivemos em mais 4 finais.

Fomos o primeiro clube português a ter um estádio relvado e com bancada coberta. Dezassete anos depois, o Benfica jogava ainda num pelado.

Fomos o primeiro clube português a ter prestígio internacional. Quando inaugurou o seu Estádio, o Real Madrid convidou o Belenenses
– não o Benfica, o Porto ou o Sporting.

Tivemos, em muitas décadas, o melhor jogador português do seu tempo. Primeiro, o nosso fundador, Artur José Pereira; depois, Augusto Silva, durante quase 20 anos recordista de internacionalizações e, mais tarde, como nosso treinador, o 1º a ser Campeão Nacional; depois Pepe, que aos 23 anos passou da vida para a lenda; depois, Mariano Amaro, o “Einstein da bola”; depois, o grande e incomparável Matateu.

Receio, sinceramente que não tenham paciência – senhores jogadores e treinadores – para ler isto. É pena. Reparem que não dizemos isto contra vós mas para que tenham auto-estima e orgulho na “sorte” que vos coube. Acreditam: apesar de tudo, nós estamos convosco e queremos ter orgulho em vós. Vocês não sabem o que já sofremos!
Eu gostava de saber quantos adeptos teriam os tais três, se tivessem passado pelo que já passámos, anos e anos a fio.

Ao menos, porém, leiam este resumo:

Vocês constituem um dos melhores plantéis deste Campeonato. A classificação não o espelha. Mas, sobre isso, voltaremos a falar mais tarde. Por agora basta isto: em valia técnico-futebolística pura, vocês são bem superiores aos três adversários que nos restam. Basta, pois, não ter menos querer e concentração que eles. No entanto, por todas as razões, vocês têm obrigação de ter ainda mais vontade e sentido de responsabilidade.

Vocês têm que ganhar! Algumas centenas de nós estaremos em Paços de Ferreira. Dezenas de milhares de corações azuis pulsarão um pouco por todo o mundo. Sim, há belenenses por todo o país e em todo o mundo – não somos um clube acantonado numa cidade ou num concelho. Respeitem-nos e respeitem-se! Uma coisa é indissociável da outra. Respeitem-se e respeitem-nos!


LUTEM E GANHEM!