Foi algo discutida nestes meios (e quiçá noutros) a fraca comitiva que acompanhou a nossa equipa de futebol, na sua última deslocação à Madeira, para defrontar a equipa do Sr. Jardim. Em particular, comentou-se o facto de o Senhor Presidente da Direcção se ter feito notar pela sua ausência.
Todos sabemos qual a razão dessa ausência: a sua deslocação ao Canadá para visitar uma Filial do Clube. Não contesto a legitimidade dessa razão. Efectivamente, de acordo com os estatutos do C. F. “Os Belenenses” (Art.º 83º), a função de representatividade do Clube faz parte das atribuições da Direcção, ainda que não necessariamente do Presidente. O que ponho em causa é a sua decisão em termos de prioridades, em particular numa situação em que acumula as funções de Presidente da Direcção com as de Administrador da SAD. Não me parece prioritário, num momento crítico da vida do Clube (e aqui entendo por “Clube” a sua actividade maior, e como tal prioritária, que é o futebol), que o Presidente faça uma visita a uma filial, tanto mais que o Clube se poderia fazer (legalmente) representar por um outro membro da sua Direcção que não desempenhasse funções na SAD.
A propósito de funções de representação, elas caberão principalmente a uma outra – e aliás primeira – figura do Clube: o Presidente da Assembleia Geral (Estatutos, Art.º 68º e Art.º 76º). A este compete, para além de representar o Clube ao mais alto nível, marcar presença em todos os actos relevantes da vida da colectividade. Direi mesmo, e isto é uma interpretação pessoal, que, tal como ao Presidente da Direcção cabe fazer a gestão “material” do Clube, ao Presidente da Assembleia Geral caberá fazer a sua gestão “espiritual”. Não é isso que se tem visto, por parte da maioria daqueles que têm exercido estas funções, incluindo aquele que as exerce actualmente. Esta crítica não tem nada de pessoal contra ninguém. Não conheço pessoalmente a maior parte dos consócios que exerceram as funções de Presidente da Assembleia Geral, como acontece também com o actual. Não teria pois qualquer sentido fazer críticas pessoais; elas são absolutamente institucionais. O que está em causa não é a Pessoa, mas sim a Figura e o modo como desempenha (ou não) as funções que lhe são inerentes. Para além de ter presidido (uma vez, neste mandato) a uma reunião da AG, quem se lembra de ter visto o Presidente da Assembleia Geral em qualquer outra ocasião ou, simplesmente, no Restelo em dia de jogo? Numa fase “crítica” em que tanto se tem apelado à presença de todos os belenenses, por razões que todos compreendemos e que nos são caras, não será certamente de prescindir da presença do “primeiro” de todos eles...
No entanto, não é de estranhar que estas coisas se passem num Clube onde nada ou muito pouco acontece. E onde quando acontece alguma coisa, é por acaso...
Desde a “Senhora das Quotas” que, durante o seu horário laboral, por acaso não está, para poder entregar as quotas aos Sócios que as pagaram, passando pelo Presidente da Direcção que, num dia em que a equipa de futebol precisava do seu apoio, por acaso não estava, porque tinha ido fazer uma visita, até ao Presidente da Assembleia Geral que, se alguém o conseguir encontrar no Restelo ou em qualquer outro contexto relacionado com o Belenenses, é certamente por acaso.
E, mesmo assim, o Clube ainda existe? Talvez... Mas é por acaso!
Saudações azuis.