quarta-feira, 17 de maio de 2006

Será que nós (sócios) ainda contamos para alguma coisa?

Prometeram-nos a Europa. Deram-nos a 2ª Divisão! Com o maior orçamento de sempre.

O Eng.º Cabral Ferreira, e a sua Direcção, vai ficar na História como o homem que levou o Belenenses à 2ª Divisão em ano de comemoração do cinquentenário do Estádio do Restelo e dos sessenta anos da conquista do único Campeonato Nacional pelo Belenenses.

A História não se apaga. Por mais voltas que se dê, por mais que se tente branquear.


O biénio 2005/07 vai ficar na história como mais dois anos perdidos. Perdidos, não! Como mais dois anos de afundamento e de morte lenta do Belenenses. Porque há menos 25% de sócios de 2001 a 2005, porque houve um prejuízo em 2005 de 2,5 M de Euros, porque o Clube tem um passivo de 6 M de Euros, porque a SAD tinha em 2004/05 um passivo de 2,683 M de Euros, aos quais se devem juntar mais cerca de 2 M€ este ano, e NADA FOI FEITO!

Passado um ano da eleição desta Direcção – na qual votei, assumo-o sem complexos – nada, mas absolutamente nada, do que vinha no Programa Eleitoral “Crescer, Inovar,Vencer”, foi realizado. Nem sequer uma mísera carta aos 6.000 ex-sócios e outros desiludidos com o Clube perdidos nos últimos 5 anos, foi capaz de ser preparada. 3.000 Euros bastariam para ser enviado esse apelo à alma Azul, mas no meio de milhões e milhões de Euros esbanjados em contratos megalómanos, em procedimentos errados e em modalidades cujo orçamento está exorbitantemente exponenciado para os fracos resultados que produzem, para as posses do Clube e para o prestígio que deles advém, não se conseguiu arranjar dinheiro para renovar o belenensismo de muitos.

Eis que uma Direcção, que prometeu a “Europa” de uma forma sistemática e dentro de três ou quatro anos a luta pelo título, auto-destroi completamente o seu projecto e programa eleitoral. Se quiséssemos ser sarcásticos, diríamos que os objectivos até estavam a ser cumpridos. O 4º lugar foi alcançado e a luta pelo título será uma realidade para o ano. Só que o 4º lugar foi a contar do fim e a luta será pelo título da Divisão de Honra.

Esta Direcção, na última Assembleia Geral, demonstrou a sua incapacidade de salvar o Belenenses da situação desastrosa em que o colocou. O Presidente da Direcção, e o da Assembleia Geral também – naquele que deve ter sido o único momento em que teve o Belenenses no pensamento ao longo deste ano -, pediu aos sócios para pensarem o futuro do Clube, se organizarem em grupos e apresentarem projectos desportivos para o Clube. Surreal, a Direcção não tem um projecto? Também foi afirmado nessa Assembleia que o Clube estava bem, só “uma das modalidades não estava a cumprir os objectivos inicialmente traçados”. Essa modalidade chama-se FUTEBOL!

Cabral Ferreira gosta muito de falar com os sócios, mas só ouve aqueles que lhe dizem aquilo que ele quer ouvir. Os outros, aqueles que se mostraram e mostram preocupados, não interessa. Tiveram a sua utilidade, ajudá-lo a ser eleito Presidente do Belenenses. Uma vez lá chegado, estes tornaram-se vozes incómodas, só ofertas de ajuda, estudos feitos sobre diversas áreas, propostas de inovação e melhoria do nosso Clube. Tudo de uma forma gratuita e descomprometida. Que maçada. Um almoçito aqui e ali, um treinador contratado bem depressa à vontade de alguns, eis o que basta para as vozes críticas se calarem e se esquecer a Vergonha Suprema. A DESCIDA DE DIVISÃO.

O Conselho Geral, que em Novembro era uma força de bloqueio por não ter dado parecer favorável à atribuição da Cruz de Ouro a Sequeira Nunes – o Presidente-pai desta Direcção, que nunca é acusado do prejuízo encapotado de 2,5 M de Euros que consta no Relatório e Contas -, passa a ser a tábua de salvação, com a promessa de um “Plano de Intervenção que, eventualmente, poderá garantir a correcção da actual situação financeira e a adequação da actividade desportiva” e a implementação de “medidas transversais”.

E os sócios, onde ficam no meio disto tudo? Quem tem medo de lhes dar uma explicação? Quem tem medo de os ouvir?

QUEM TEM MEDO DE UMA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA?