sexta-feira, 16 de junho de 2006

Neste dia, em . . .

1929 – Belenenses conquista Campeonato de Portugal pela segunda vez

O ano de 1929 é, certamente, um dos mais auspiciosos da história do Belenenses.

Assim, o Belenenses realiza o seu primeiro jogo no estrangeiro. Passa a ser o clube com mais jogadores representados na Selecção Nacional de Futebol, o que manterá até 1935. Augusto Silva torna-se Capitão da Selecção Nacional. Ainda na mesma época, disputou-se o primeiro jogo nas Salésias.

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Em termos de títulos, fizemos a dobradinha. Assim, começámos por ganhar o Campeonato de Lisboa, repetindo a vitória de 1926. O Belenenses teve o melhor Ataque e a melhor Defesa, goleou o Benfica por 6-3 e foi vencedor indiscutível – embora com menor vantagem que a que viria a registar no ano seguinte, em que voltaria a ser Campeão.

Depois, ganhámos o Campeonato de Portugal. O percurso foi o seguinte, de acordo com os dados do livro de Acácio Rosa sobre a história do Belenenses de 1919 a 1960 e com uma revista do Record editada em 1996:

Em 7 de Maio de 1929, nos dezasseis avos de final, o Belenenses passou à fase seguinte, por falta de comparência da equipa leiriense.

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Em 26 de Maio de 1929, nos oitavos de final, vencemos o Benfica por 3-2. Este triunfo teve tanto mais mérito quanto é certo que jogámos 85 minutos reduzidos a 10 unidades, por lesão de Pepe (na altura, não eram permitidas substituições).

Uma semana depois, nos quartos de final, batemos por 3-1 o Carcavelinhos (que, no ano anterior, arrebatara o título, vencendo o Sporting na final, também por 3-1).

A meia-final foi com o Vitória de Setúbal. Em 9 de Junho, registou-se um empate 1-1.

No dia seguinte, disputou-se o desempate. Dada a importância do jogo, Pepe, embora mal recuperado de uma lesão, integrou a nossa equipa, ajudando ao triunfo do Belenenses por 2-0.

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Em 16 de Junho, jogou-se então a final. O nosso adversário era o União de Lisboa, nome que hoje pouco dirá a grande parte das pessoas, até porque se veio a fundir com o Carcavelinhos, dando origem ao Atlético Clube de Portugal. Estes clubes têm um nome respeitável no futebol nacional, mesmo se o Atlético desde 1976 que anda pelas divisões secundárias.

Sem irmos mais longe, bastará lembrar, para atestar o valor do União de Lisboa, que, no seu caminho para a final, afastou sucessivamente o Beira-Mar (3-0), o Sp. Espinho (4-2), o Leça (9-0) e o Sporting (1-0).

Não admira, portanto, que a final tenha sido bastante disputada; e à vitória do Belenenses, por 2-1, deve ser dado o merecido valor.

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Nessa tarde, os bravos rapazes que envergaram a nossa camisola foram os seguintes:
João Tomás; Júlio Morais e João Belo; Carlos Rodrigues, Augusto Silva e Joaquim Almeida; Alfredo Ramos, Pepe, Silva Marques, Rodolfo Faroleiro e José Luis.

Era a quarta participação do Belenenses no Campeonato de Portugal. Só uma vez não chegaramos à final. Averbavamos dois Campeonatos e um vice-campeonato.

E eis que, ainda nem se completara uma década da sua fundação, o Belenenses atingia a supremacia do futebol português. Belenenses e F.C.Porto eram o únicos clubes a ter conquistado o Campeonato de Portugal por duas vezes: só que o Porto o fizera em anos mais recuados (1922 e 1925), beneficiando da ausência do Belenenses (vencedor em 1927 e 1929). Nós éramos a potência maior do tempo.
Sporting, Olhanense, Marítimo e Carcavelinhos tinham um Campeonato.
Não, não nos esquecemos do Benfica: pura e simplesmente, não tinha nenhum.

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E não vale a pena desvalorizar estes Campeonatos: eles apuravam o melhor e, portanto, o Campeão de Portugal: Para lá chegar, era preciso ser bem sucedido nos Campeonatos Regionais; e o de Lisboa era rijamente disputado.

Haveremos de aclarar esta questão, de forma mais completa, quando falarmos da nossa terceira conquista do título de Campeão de Portugal.



1962 – Afastando o Sporting em três jogos, Belenenses chega à meia-final da Taça de Portugal

Em 1959 e 1960, o Belenenses foi um autêntico papa-taças: ganhou a Taça de Portugal em 1960 e a Taça de Honra em 1959 (época 1959/60) e em 1960 (época 1960/61). Já relatámos abundantemente como poderíamos e deveríamos ter sido Campeões em 1959.

Em 1961, a participação em nova final esteve à vista. Vencemos o Vianense por 4-1 em ambos os jogos; eliminámos o Beira-Mar, nos dezasseis avos de final, por 7-0 (no Restelo) e 4-1 (em Aveiro); ficámos isentos nos oitavos de final; nos quartos de final, vencemos o Sporting 4-1, tanto em Alvalade como no Restelo.

Veio a meia-final e saiu-nos na “rifa” o Leixões. Eramos nitidamente favoritos. De resto, no Campeonato, tínhamos ficado em quinto lugar, enquanto a equipa de Matosinhos se classificara em oitavo.

O primeiro jogo, disputado fora, não nos correu de feição: perdemos por 3-2. Era, porém, uma vantagem perfeitamente recuperável. No entanto, no Restelo, deu-se a surpresa: o Leixões veio-nos ganhar por 2-1. E ficámos fora da final.

Devemos, contudo, reconhecer o mérito que o Leixões teve. A prova é que, na final, em pleno estádio do adversário, a equipa de Matosinhos venceu o F.C. Porto e arrebatou o troféu.

Até então, só tinham havido cinco vencedores da Taça de Portugal: Benfica (10), Sporting (5), Belenenses (2), F.C.Porto (2) e Académica (1). O Leixões foi o sexto clube a conquistar o troféu.

Em 1961/62, o Belenenses voltava a tentar. De acordo com os dados de Acácio Rosa, do site oficial do Belenenses e de jornais da época, nos trinta e dois avos de final, superámos o Vila Real por 3-0 (Fora) e 10-2 (Casa).

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Nos dezasseis avos de final, fomos ganhar 3-1 a Peniche e, na segunda mão, no Restelo, repetimos a vitória mas por números mais expressivos: 6-0.

Nos oitavos de final, houve uma meia-surpresa: perdemos Fora com a Sanjoanense, por 2-1 e pelo mesmo resultado ganhámos em Casa. No jogo de desempate, enfim, vincámos a nossa superioridade, vencendo por 11-2.

E vieram os quartos de final. No sorteio, calhou-nos o Sporting. A equipa leonina detinha o favortismo: fora Campeã, enquanto nós nos quedarámos pelo quinto lugar.

Mas era ainda um grande e altivo Belenenses. A eliminatória iria ser disputada palmo a palmo.

Em 3 de Junho, o Belenenses venceu o Sporting, no Restelo, por 4-3. Foi um jogo empolgante: aos 20 minutos, Peres pôs o Belenenses a ganhar; Morais empatou 4 minutos depois; a um minuto do intervalo, Matateu fez o 2-1. Na segunda parte, aos 56 minutos, Yaúca fez o 3-1; aos 78 e 82 minutos, o Sporting empatou; a 5 minutos do fim, o Belenenses chegou ao 4-3 final com um auto-golo do defesa sportinguista Mourato.

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Uma semana depois, em Alvalade, foi a vez do Sporting ganhar, por 3-2.

As regras pré-definidas implicavam que o jogo de desempate se disputasse em nossa casa. Aí, num alarde de força e classe, o Belenenses impôs-se por 2-1. Ao intervalo já vencíamos por 2-0, com golos de Matateu e Yaúca aos 44 minutos. O Sporting reduziu a 10 minutos do fim, não conseguindo impedir a vitória da nossa equipa.

Esta, alinhou assim:
José Pereira; Rosendo e Rodrigues; Cordeiro, Castro e Vicente; Vitor Silva (que substituíra o impedido Estevão, habitual titular e interveniente no 1º jogo), Livinho, Yaúca, Matateu e Peres. Destes jogadores, 5 eram (ou vieram a ser) internacionais A.

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Quando o caminho para a final parecia aberto, dado ter-se feito o mais difícil, ou seja, eliminar o Campeão da época, eis que nas meias finais fomos afastado pelo Vitória de Setúbal, perdendo 1-0 no Bonfim e empatando 0-0 no Restelo. Foi uma grande surpresa, porque o Vitória de Setúbal estava na Segunda Divisão, de que se sagrou Campeão.

Em 1962/63, a “cena” de algum modo repetiu-se: depois de eliminarmos, sempre a duas mãos, o Montijo, o Olhanense (então primodivisionário), e o Seixal, só com vitórias, apanhámos o F.C.Porto nos quartos de final: segundo contra o quarto classificados (nós) do Campeonato. Vencendo espectacularmente os portistas, por 3-0, no Restelo, o Belenenses garantiu a presença nas meias-finais, empatando 1-1 nas Antas.

Tudo parecia encaminhar-nos para a final. Nas “meias”, o adversário, o Vitória de Guimarães, sem dúvida respeitável, não pareceria capaz de nos travar. No Campeonato, ficara a nove pontos de nós, e perdera ambos os jogos: o Belenenses ganhara por 6-0 em Lisboa e por 2-1 em Guimarães. Se juntarmos a isto a embalagem com que vínhamos de eliminar o Porto e de uma excelente segunda volta do Campeonato, é claro que o favoritismo era todo nosso.

O facto, porém, é que mais uma vez as contas saíram “furadas”: perdemos 3-1 Fora, ganhámos 2-0 no Restelo, anulando a vantagem (só que na altura não havia a regra do do desempate pelos jogos fora) e, no terceiro jogo, em Guimarães, perdemos novamente por 3-1.

Não há duas sem três? Não! Não há três sem quatro: na época seguinte, como já vimos (cfr. 14 de Junho), voltámos a cair na meia-final.